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sábado, 16 de março de 2013

Jarra art déco Argenta estriada - Gustavsberg



Hoje voltamos a Gustavsberg e ao nosso dilecto Wilhelm Kåge (1889 -1960) com mais uma jarra art déco da linha Argenta.
A peça, de grés, apresenta colo em forma de cilindro, estriado regularmente na horizontal, estrangulando nas extremidades formando pequeno gargalo que abre no bocal e pé reentrante. Esta forma aproxima-se de um albarello - o célebre frasco que antigamente se usava nas boticas ou farmácias.
Sobre a cor de fundo esmaltado verde mate mosqueado, recebeu aplicação de anéis de prata envolvendo bocal e pé. No fundo da base, HAND DREAD inscrito num rectângulo, ARGENTA, 1076 III e, a marca Gustavsberg, com âncora, seguida de KÄGE também inscrito num rectângulo, e acompanhada de F, para além de «Sweden Produce», tudo em prata.
Data: c. 1935
Dimensões: Alt. 27 cm x diâm. 14 cm


A presença de um «F» junto à marca indicará o ano de produção, que no caso corresponderá a 1935, se as contas não nos falham.
A sua forma encontra paralelismo em peças da linha «Farsta», que não contém decoração incisa de prata, e que o designer criou na década de 30 vindo a desenvolvê-la nas duas décadas seguintes e de que mostramos um exemplar.

domingo, 13 de janeiro de 2013

Jarra “Lírios-do-vale” Gustavsberg - Suécia




Jarra de grés, em forma de taça oblonga e bocal côncavo, no sentido do comprimento, assente sobre pé troncocónico invertido sobre pequeno anel, da linha Argenta, com aplicação de prata em fundo esmaltado verde mate. Nas quatro faces, ornamentação, a prata embutida, com ramo florido de lírios-do-vale. No bordo e pé, filete de prata embutido. No fundo da base, estampado a ouro, a marca Gustavsberg, o símbolo «âncora», «Argenta», «Made in Sweden» e, pintado à mão, também a ouro, «A 23» e «Y».
Data: c. 1955
Dimensões: alt. 8,2 cm x diâm. 8,6 cm x 7,8 cm


Hoje regressamos à Suécia e à produção da Gustavsberg. Trata-se de uma peça que foge um pouco ao nosso critério cronológico e estético preferencial, mas que adquirimos porque achámos interessante a evolução e decadência de uma linha que chegava ao fim. Nela se nota o esgotamento da linha Argenta criada por um dos nossos designers de eleição, Wilhelm Kåge, ainda nos anos 20, e cujo apogeu se centra, sobretudo, nas produções do seu criador entre c. 1930 e c. 1945. Porém, esta peça tardia apresentava outras características que nos agradaram. Em primeiro lugar, pela singularidade da forma, integrada no espírito das freeforms, então em voga, que os escandinavos vão explorar como ninguém. Por outro lado, pela singeleza da decoração, com a representação, em cada uma das quatro faces, da haste florida de um lírio-do-vale graficamente representada.

A peça apresenta uma delicada forma em pequena taça, mais que propriamente de jarra que efectivamente é, para receber um pequeno bouquet de flores, que, em Maio, seriam, naturalmente, lírios-do-vale. A jarra torna-se, assim, símbolo permanente de um desejo de bons augúrios como passaremos a explicar.


Celebração e renovação da Primavera, o lírio-do-vale (em francês muguet) simboliza o regresso à felicidade depois de passado o Inverno. Pelo que estas pequenas flores brancas em forma de campainhas, em França, Bélgica e Suíça, por exemplo, são tradicionalmente oferecidas aos familiares e amigos no dia 1 de Maio para lhes trazer felicidade. Assim sendo, converteu-se na flor oficial do dia do trabalhador.
Muito representada durante a Belle Époque, acabaria por conhecer um novo élan nos anos 50.

Enquanto símbolo de regresso à felicidade e de boa sorte, foi a flor preferida de Christian Dior, que era muito supersticioso. O muguet foi utilizado pelo criador de moda, como motivo de inspiração das suas célebres criações na collecção Primavera-Verão de 1954. Dois anos mais tarde, haveria de lançar um perfume à base de muguet que se tornaria icónico: Diorissimo. Tão supersticioso era que escondia esta flor nas bainhas dos modelos em dias de desfile inaugural das suas colecções. 
Por uma coincidência cronológica, ou não, dado que as tendências da moda contaminam as várias produções artísticas, seria também o muguet utilizado como motivo decorativo em várias peças dos anos 50 da série Argenta, de que esta pequena jarra é apenas um exemplo elegante e singelo, como a própria flor. (Veja-se exemplar com outra decoração aqui).


Espécie nativa da Europa, da família das convalariáceas, o lírio-do-vale (Convallaria majalis) é cultivada como flor ornamental que floresce em Maio. As hastes florais chegam a atingir 30 cm e as flores são muito odoríferas. Também é conhecido popularmente por campainhas, flor-de-maio, círio ou lágrimas-de-Nossa-Senhora (já que segundo a tradição cristã simboliza as lágrimas da Virgem Maria), e ainda por lírio-convale, convalária, ou, por influência francesa, mugué, muguet, muguete e muguete-do-vale. 

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Jarra Art Déco Argenta “Peixe” - Gustavsberg


Se Wilhelm Kåge (1889 -1960) é, como sabem, um dos nossos designers preferidos, a sua linha Argenta para a fábrica sueca Gustavsberg é das nossas favoritas no contexto das produções europeias de cerâmica art déco dos anos 30 e 40, sobretudo as peças com ornamentação geométrica ou de temática marinha, com peixes, golfinhos, sereias e tritões. Assim, também a jarra que hoje apresentamos é decorada por um peixe libertando bolhas de ar, em aplicação de prata, sobre fundo esmaltado verde mate mosqueado, de desenho muito idêntico, aliás, ao que decora a taça vermelha anteriormente mostrada. A jarra apresenta o tamanho mais pequeno desta forma, o número I, sendo as outras duas jarras já postadas, com os golfinhos e a sereia, os tamanhos II e III.  
No fundo da base carimbos a ouro «Gustavsberg« seguido do símbolo “Âncora”, «978 I», e «Made in Sweden»
Data: c. 1940
Dimensões: Alt. 14,50 cm


terça-feira, 11 de setembro de 2012

Taça art déco Argenta com peixe - Gustavsberg


Mais uma peça art déco de Wilhelm Kåge (1889 -1960) da linha Argenta e de temática marinha.

Taça de grés, decorada num só lado com representação de peixe envolto por bolhas de ar, em aplicação de prata, sobre fundo esmaltado verde mosqueado. Bordo externo do bocal e pé envolvidos por filete de prata embutida. No fundo da base, embutido a prata HAND DREAD inscrito num rectângulo, seguido de carimbo dourado Argenta 1053 e III e, incisa na pasta, a marca Gustavsberg, com símbolo “Âncora” e Kåge inscrito num rectângulo.
Data: c. 1935
Dimensões: alt. 9 cm x Ø 12 cm



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Taça art déco Argenta com peixe - Gustavsberg

Como gostamos de saltar do objecto utilitário para o objecto sumptuário, hoje trazemos mais uma peça da linha Argenta criada por Wilhelm Kåge. O que não quer dizer que, em termos de mercado, o seu valor seja superior ao de certas caixas de faiança aerografada. Bem pelo contrário.


Taça de grés, com representação de um peixe e bolhas de ar em aplicação de prata sobre fundo esmaltado vermelho mosqueado. Bordo debruado por semi-círculos de prata embutida. A calote esférica assenta sobre pequeno pé com filete de prata. Na base, carimbo dourado com Gustavsberg, seguido do símbolo “Âncora”, Argenta 1094 IV e Made in Sweden.
Data: c. 1940
Dimensões: Ø 15 cm x alt. 5 cm

Apesar de mais raras, as peças da linha Argenta podem apresentar outras cores para além do verde mosqueado convencional como já dissemos. O vermelho parece que só é introduzido na produção dos anos 40. O efeito estético é magnífico, sendo esta taça um bom exemplo da elegância da chamada

domingo, 12 de agosto de 2012

Caixa para chá art déco com flores - Gustavsberg


Caixa (frasco) de faiança moldada e relevada, dentro da gramática art déco, de forma cúbica, com pé ligeiramente reentrante, cujas faces laterais receberam pés floridos em alto-relevo apostos às superfícies lisas, e tampa circular convexa com igual elemento relevado. A peça, craquelé, é esmaltada de cor celadon. Da autoria de Wilhelm Kåge encontra-se assinada e datada na base, onde encontramos, pintados à mão, a azul, a âncora, símbolo da fábrica, rodeada por Gustavsberg, 1925 e Kåge.
Data: 1925
Dimensões: alt. 16 cm




À época muita da cerâmica de design moderno, sobretudo nos países escandinavos, era realçada por peanhas à maneira chinesa, como se pode observar na fotografia de peça idêntica à nossa apresentada na monografia de Nils Palmgren, de 1953, dedicada a Wilhelm Kåge (1889 -1960). Aliás, esta peça é de clara inspiração chinesa, tendência que se acentua depois de 1925 em muita da produção do artista.

A fábrica Gustavsberg apresentou na Exposição de Paris de 1925, a taça com flores relevadas (ver foto) com que Kåge ganhou um Grand Prix e que foi adquirida, então, pelo Museu Metropolitano de Arte de Nova Iorque.


terça-feira, 24 de julho de 2012

Jarra art déco Argenta “Sereia” - Gustavsberg


Mais uma jarra art déco de grés da linha Argenta concebida por Wilhelm Kåge (1889 -1960), um dos nossos designers preferidos, para a fábrica sueca Gustavsberg, com decoração de sereia com duas caudas, de prata embutida. Na base, a prata, Gustavsberg seguido do símbolo “Âncora”, 978 III, e SJ. Inciso na pasta a marca Gustavsberg com respectivo símbolo “Âncora” e KAGE inscrito num rectângulo com N a prata.
Data: c. 1940
Dimensões: Alt. c. 26 cm x diâm. 18,5 cm


As iniciais SJ correspondem ao artista decorador Sven Jonson, e a presença do N na base parece indicar que se trata de uma peça produzida em 1944.

domingo, 3 de junho de 2012

Jarra art déco Argenta com peixe - Gustavsberg - Suécia


Jarra de grés da linha Argenta, de forma tubular arredondando no fundo onde encaixa num pé saliente, com aplicação de prata sobre fundo esmaltado e mosqueado verde mate. A cena subaquática de prata embutida que decora a peça restringe-se a um único peixe libertando bolhas de ar. Na gola e no pé, filete de prata embutido. Na base, embutidos a prata, “Gustavsberg”, a âncora símbolo da fábrica, “Argenta” e o número “1029 II”, e “E”. Carimbo prateada com “Made in Sweden”. De lado, também embutido em prata, “B”.
Data: c. 1935
Dimensões: alt. 15cm x larg. 4,5cm

O criador da linha Argenta para a fábrica sueca Gustavsberg foi Wilhelm Kåge, cujo nome figura habitualmente nas peças de sua autoria. Contudo, de acordo com a obra de Alastair Duncan – Art Deco complete: the definitive guide to the decorative arts of the 1920s and 1930s. London: Thames & Hudson, 2009, pág. 405, esta jarra será uma obra deste designer. Também neste sentido vai uma outra peça que possuímos que apresenta o mesmo motivo decorativo e está assinada pelo autor.



sábado, 31 de março de 2012

Jarra art déco Argenta “Ondas” - Gustavsberg



Jarra da linha Argenta, de grés com aplicação de prata sobre fundo esmaltado verde mate, em forma de esfera achatada e esquinada cujos panos são ornamentados por sucessões de linhas quebradas em zig-zag, numa estilização de ondas. Na base, incisos na pasta, a prata, HAND DREAD inscrito num rectângulo, ARGENTA, 1092, III, e a marca Gustavsberg, com símbolo de âncora, um G (que corresponderá a uma edição de 1937) e Kåge também inscrito num rectângulo, e um L.
Data: c. 1932
Dimensões: larg. 15 cm x alt. 9 cm

Mais uma peça assinada Wilhelm Kåge (1889-1960) claramente art déco, exemplo, na sua harmonia e decoração, da “swedish grace” que comprámos em Estocolmo. Aqui podemos encontrar, para além do imaginário nórdico e clássico ligado ao mar, uma certa herança da cerâmica ou cestaria africanas, então também muito em voga, devido às exposições coloniais. Contudo, poderíamos ir mais longe, e recuar aos arquétipos pré-históricos da cerâmica europeia. De facto, como temos referido, estas peças proporcionam quase sempre leituras polissémicas.



Não resistimos a contar como chegámos a esta jarra.
Ouvindo-nos falar em português, enquanto comentávamos peças suecas do século XX que, na montra em frente do seu estabelecimento, haviam despertado o nosso interesse, um antiquário, madeirense de origem, há décadas a residir em Estocolmo, meteu conversa connosco: «Pensava que os portugueses só gostavam de século XVIII e de Companhia das Índias.»
Encetou-se uma conversa simpática e, embora não fosse a cerâmica novecentista a sua especialidade, acabou por nos dar uma série de informações úteis sobre o assunto e onde comprar, e foi graças a ele que adquirimos a peça de hoje.
No desenrolar do diálogo, contou-nos que o habitual era aparecerem portugueses interessados em peças de outras épocas, sobretudo antiquários que procuravam Companhia das Índias, visto Gotemburgo ter sido um entreposto de comércio com o Oriente e haver muita porcelana chinesa na Suécia. Alguns, pretensiosos e provincianos, do alto da sua soberba, iam tentar fazer “negócios da China” com os suecos, e citou alguns nomes conhecidos para nós. Acabavam por ser alvo da troça dos indígenas, pois comentava-se que os mesmos compravam no mercado inglês falsificações de Companhia das Índias que tomavam como verdadeiras e que eram fabricadas expressamente para Portugal. Nós, apesar de também já termos sido enganados e comprado cópias, ficámos felizes por não termos o vício das porcelanas orientais, embora gostemos muito de as ver em museus e palácios. Ao menos temos a certeza que essas são genuínas. Serão?

A loja de modernariato (a expressão italiana parece-nos mais adequada ao caso), onde fomos parar, vizinha do nosso conterrâneo, parecia uma secção da colecção de Francisco Capelo, que, num espaço relativamente pequeno, possuía do melhor design escandinavo de 1920s a 1970s, entre outros ícones internacionais, sobretudo ao nível da cerâmica e do vidro. Os proprietários, uma simpatia, estavam radiantes com a recentíssima abertura do Museu do Design no CCB, uma coisa que consideravam extraordinária e rara na Europa. Tempos de optimismo esses. Foi aí que comprámos a presente Argenta. Já em Portugal, enviámos-lhes o catálogo (versão resumida) do museu. Agora têm uma loja maior numa outra zona de Estocolmo.
Na obra de Nils PALMGREN - Wilhelm Kåge. Stockholm: Nordisk Rotogravyr, 1953, a peça aparece retratada na pág. 111 e cuja fotografia aqui se reproduz.


terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Jarra art déco Argenta “Golfinhos” - Gustavsberg




Jarra da linha Argenta, de grés com aplicação de prata sobre fundo esmaltado verde mate, evocando bronze com verdete à semelhança dos bronzes chineses. Ornamentação de golfinhos classicizantes, sendo um de maior dimensão. Na base, a prata, HAND DREJAD inscrito num rectângulo, ARGENTA, 978, II e, incisos na pasta, a marca Gustavsberg, com símbolo de âncora, e KÄGE inscrito num rectângulo, e 1.
Data: c. 1932
Dimensões: alt. 21 cm

Conhecíamo-la de fotografia da colecção do Metropolitan Museum de Nova Iorque, e nem acreditávamos estar perante um exemplar idêntico à venda num pequeno antiquário em Estocolmo. A peça era um ícone do déco sueco e estava ali à nossa espera. Entrámos, perguntámos o preço, e, afinal, tínhamos dinheiro para a comprar. A jarra, que então adquirimos, ocupa um lugar muito especial no leque das nossas afeições.

Pintor, designer gráfico e ceramista, Wilhelm Kåge (1889-1960), estudou na Escola de Belas Artes Valand, em Gotenburgo, e posteriormente em Estocolmo e Copenhaga.
Seguindo a recomendação da Sociedade Sueca de Design Industrial, de que os artistas deveriam ser integrados na indústria a fim de melhorar a qualidade artística dos objectos domésticos e, por esse meio, educar o gosto do consumidor, Kåge deixou uma prometedora carreira de designer gráfico e entrou para a fábrica de cerâmica de Gustavsberg, em 1917, como seu director artístico, cargo que ocupou até 1949. E mesmo depois desta data, substituído que foi por Gustav Lindberg, continuou, de maneira informal, a trabalhar nela até à sua morte.
A par das peças utilitárias, em faiança, acessíveis às classes trabalhadoras, caso do serviço de jantar Liljebala (Lírio Azul), de 1917, ou das linhas de loiça de ir ao forno e à mesa “Pyro”, de 1930, e “Practica”, de 1933, Kåge também fez peças mais exclusivas e mesmo peças únicas em escultura. Recebeu um Grand Prix na Exposição de Paris de 1925.
Em 1930, na Exposição de Estocolmo, Kåge introduziu a produção da muito dispendiosa linha “Argenta”, caracterizada pela aplicação de motivos maioritariamente clássicos e/ou marinhos de prata incrustados no grés colorido. Embora o verde seja a cor mais frequente, existe também noutras cores, caso do vermelho, do azul e do castanho: mas sempre um “must” em matéria de artesanato oneroso.
Já em 1926 havia mostrado protótipos desta linha em Estocolmo e, no ano seguinte, em Nova Iorque, só que as decorações apresentavam aplicação a ouro sobre as superfícies verde-escuras. A linha Argenta serviu a Kåge como um contraponto artístico à sua tarefa principal de criar loiça utilitária de um funcionalismo sem compromissos.
À sofisticação das formas aliou-se o refinamento do desenho, por vezes pleno de ironia, onde criaturas aquáticas - das diferentes espécies de peixes, aos golfinhos, tritões e sereias, sobretudo - evoluem num borbulhar de bolhas de ar delicadamente embutidas. Noutros casos, são apenas figuras femininas, ora languidamente reclinadas em mundanas e sofisticadas poses, ora dançando envoltas em véus. Ainda no figurativo, destaca-se a figura da serpente. Em paralelo surge um outro tipo de decoração, mais geométrica, com ornatos em zig-zag, talvez numa estilização de ondas, meandros quebrados, ou simples linhas, etc. Haveremos de mostrar aqui alguns exemplos.

A linha Argenta teve tal sucesso, sobretudo nos Estados Unidos, que foi produzida até praticamente à morte do seu criador, embora os exemplares da década de 50 apresentem novas propostas tanto ao nível dos modelos como das decorações, maioritariamente de outros designers que não Kåge. Embora mantendo parte do repertório clássico, que adquire um grafismo mais anguloso e menos rico de detalhe, abundam as florinhas e outras decorações que, quanto a nós, são menos apelativas que a produção das duas décadas anteriores claramente art déco.

A atracção dos países nórdicos pelo classicismo deu-lhes a reputação de serem sóbrios, pelo que a história do design escandinavo nos princípios do século XX foi marcada por duas tendências dominantes: por um lado, a sobrevivência e adaptação das tradições dos estilos neoclássico e Biedermeier às necessidades e aos gostos contemporâneos, e por outro, a expansão do funcionalismo.
E se os ritmos “jazzy” e as cores espalhafatosas, que mais facilmente se associam ao estilo Art Déco, excitavam pouco a imaginação nórdica, outra versão do estilo havia, representado noutros pontos da Europa pelo neoclassicismo mediterrânico moderado e presente nas cerâmicas de René Buthaud ou nas telas de Henri Matisse, que estava mais conforme à sobriedade escandinava. Assim, por consequência, a Art Déco nórdica encontrou aí o seu lugar através de uma reformulação subtil desse mesmo classicismo, num emprego inventivo do ornamento e numa admiração sem limites pelo artesanato.
O humanismo e a reforma social estiveram no centro das preocupações nos países nórdicos. O design “socialmente correcto” e as suas consequências na produção de massa e a utilização das máquinas percebidas como libertadoras, foi uma das direcções escolhidas. A outra foi a individualidade, o artesanato tradicional, o prazer dos materiais, o luxo e a linguagem familiar da proporção humana clássica.
A tensão entre “austeridade” e “graça” foi “à la longue” resolvida pelo conceito de “beleza social”. Mas nas décadas de 20 e 30, os designers seguiram o caminho da graça e do luxo, fazendo o elogio da decoração, e é nisto que a Escandinávia contribuiu de maneira tão particular para a evolução do estilo Art Déco. De outras fábricas concorrentes, igualmente representantes da “swedish grace”, haveremos de dar notícia e exemplos.

Se quiserem saber mais aconselhamos a leitura do catálogo L’art déco dans le monde (2003) e do livro de Alastair Duncan, Art Deco Complete (2009) de onde parte destas informações foram retiradas.