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domingo, 2 de outubro de 2016

Ampara-livros «Fauno e Ninfa» de Lejan – Vista Alegre


Par de ampara-livros art déco de porcelana moldada e relevada, craquelé, de cor marfim, composto por duas figuras sentadas, um fauno e uma ninfa, sobre soco sextavado que se prolonga em L na vertical formando o encosto. Em ambos os socos, sob os pés da ninfa e os cascos do fauno, inscrito na pasta «LEJAN». No interior oco das peças, carimbo verde «V.A.» «Portugal» (marca nº 31 - 1924-1947).
Data: c. 1930
Dimensões:
Fauno: Alt. 17,5 x comp. 16,2 cm x larg. 8 cm
Ninfa: alt: 16,5 cm x comp 17 cm x larg.


Este conjunto de ampara-livros foi-nos vendido como pertencente à mesma unidade (ou será que seriam pares de faunos e de ninfas?).

Mas não é essa questão que fundamentalmente nos interessa. A propósito deste ampara-livros e de outras peças assinadas «Lejan» produzidas em Portugal pela Fábrica da Vista Alegre, que temos vindo a apresentar, hoje voltamos à problemática identidade do seu autor.


De Lejan apresentámos, em 2011, peças da Vista Alegre, caso do «Pierrot», em 11 de Novembro (e um post sobre o seu émulo da fábrica francesa Orchies, assinado «Dax», em 13 de Novembro seguinte), do «Arlequim», em 14 de Novembro ou do «Urso polar» em 27 de Dezembro.


Apesar de enigmático é consensual que Lejan, Le Jan, Genvane, Dax, Jeanle, sejam a mesma e única pessoa.

No catálogo da Exposição realizada em 2007 no Musée des Années 30, Sèvres. Boulogne-Billancourt: La ceramique indépendante, p. 124, um apontamento biográfico refere que Lejan “é uma assinatura misteriosa e impenetrável. É nome de artista ou pseudónimo? Existiu realmente ou é um nome utilizado por uma manufactura para assinar as peças de diferentes artistas?”
No livro Les craquelés Art déco: histoire et collections, de Hardy e Giardi, de 2009, que já citámos noutro post, diz-se ser Lejan um prolífico escultor que continua a causar polémica em França, sendo considerada a mais enigmática das personalidades evocadas.
E nós, enquanto coleccionadores e amadores destas coisas, e baseados em documentação e aproximações formais, propomos uma atribuição que pensamos cada vez mais consistente.


A hipótese que levantámos no post dedicado a um peixe craquelé assinado Lejan, em 29 de Dezembro de 2011, no seguimento de uma base de candeeiro da Cerâmica S. Bernardo, de Alcobaça, postada em 21 de Novembro desse ano, que reproduzia nos anos 80 do século XX, uma das bailarinas de Jean-Baptiste Gauvenet (1885-1967) para Sèvres, chamávamos a atenção para as aproximações no maneirismo das torções dos corpos, nos perfis das cabeças e mesmo nas golas do vestuário encontradas nas bailarinas de Gauvenet e os ditos Pierrot e Arlequim de Lejan, da V.A.


Continuámos a fazer análises comparativas, de que aqui damos alguns exemplos, entre obras assinadas Gauvenet para Sèvres, em porcelana, e outras - faianças craquelé em França ou porcelanas em Portugal – com as diferentes assinaturas. Deparámo-nos de novo formalmente com linguagens muito similares.


Por isso, estamos cada vez mais convictos de que o segredo se encontra, de facto, revelado no verbete nº 1049 do Catálogo Geral da Fábrica de Porcelana da Vista Alegre (Portugal), relativo ao artigo escultura «Arlequim», de 1927, que dá como autor Gauvenet, cujo primeiro nome é, afinal, Jean-Baptiste. Assim, Lejan, Le Jan, Genvane, Dax, Jeanle, são vários pseudónimos que Gauvenet terá utilizado para obras não concebidas ou decoradas para Sèvres.



quinta-feira, 23 de julho de 2015

Ampara-livros art déco “Elefante” azul – Sacavém


Elemento de um par de ampara-livros art déco, em versão aerografada, a azul manchado a castanho, criado por Donald Gilbert, idêntico ao par cor-de-laranja postado postado em 7 de Dezembro de 2014. No fundo da base, carimbo verde «Gilman & Cta – Sacavém» e, inscrito na pasta, «Gilbert Sc» [Sculpcit] , e «EL» «52».
Data: c. 1930 - 35
Dimensões: Alt. 15,7 cm x comp. 10 cm x larg. 7,3 cm


A escultura corresponderá à designação «Ampara livros - Elefantes», com o nº 238, que aparece nas tabelas de preços de «Loiças decorativas em faiança» da Fábrica de Loiça de Sacavém, de 1945, a 50$00 o par.



Infelizmente temos apenas um de um par. Se por acaso tiverem um solto e queiram fazer uns colecionadores compulsivos felizes, já sabem: contactem-nos. 


domingo, 7 de dezembro de 2014

Ampara-livros art déco “Elefante” - Sacavém


Par de ampara-livros art déco, de faiança moldada, em forma de elefante emergindo da floresta e jorrando água pela tromba, vidrado a cor-de-laranja forte (uralite). Lateralmente no soco, inscrito na pasta, Gilbert Sc [Sculpcit]. No fundo da base carimbo oval «Made in Portugal» a castanho (?). Inscrito na pasta «SACAVEM» «HI 52», num deles acrescido de «X».
Data: c. 1930 - 35
Dimensões: Alt. 15,4 cm x comp. 10 cm x larg. 7 cm


O animal, um jovem, jovial e um tanto irónico elefante indiano, emerge parcialmente do meio da folhagem estilizada de uma selva pantanosa que se intui, claramente divertido com a água que faz jorrar da tromba.


Trata-se de mais um ampara-livros de temática animalística do escultor inglês Donald Gilbert (1901-1961) produzido, à semelhança das demais esculturas que temos vindo a apresentar deste artista, para a Fábrica de Loiça de Sacavém (FLS). Não conhecemos nenhum dos seus modelos feitos nesta fábrica a ser produzido no Reino Unido. 

O facto de ser sobrinho de Herbert Gilbert (1878 -1962), que entrara como sócio da FLS em 1921 e que foi “o grande impulsionador (…) nos anos 30 e nos difíceis anos da Segunda Guerra Mundial” (v. MAFLS), estará na origem destas encomendas de grande qualidade plástica.


A cor monocroma laranja vivo foi aplicada a aerógrafo. Haveremos de postar outras variantes cromáticas. Entretanto podem ver uma versão em castanho também em MAFLS.

Tanto pelo tema como pela gramática estilizada, este ampara-livros remete-nos, estamos em crer, para o exótico que a Exposição Colonial de Paris de 1931 reforçou nas representações art déco produzidas nessa década.


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Ampara-livros art déco com três passarinhos – Sacavém





 Parte de um ampara-livros estilizado de gramática art déco, de faiança moldada, branca com realces a ouro, em forma de livro encadernado a que encosta, perpendicularmente e na vertical, uma peça em dois degraus, sobre a qual estão poisados três passarinhos (dois adultos e uma cria), que se apoia num pé saliente horizontal de forma irregular. Filetes a ouro nas penas, bicos e olhos das aves, assim como na lombada e nos degraus. Lateral do pé e folhas do livro também a ouro. No fundo da base carimbos verde «Gilman e Ctª Sacavém Portugal» e «X». Inscrito na pasta, à mão, 585.
Data: c. 1945-1951
Dimensões: Alt. 12,5 cm x comp. 13,5 cm x larg. 7,5 cm



Infelizmente possuímos apenas uma das partes deste curioso ampara-livros art déco que será de produção tardia, posterior a 1945, dado só nos aparecer referido na Tabela de Faianças Decorativas da Fábrica de Loiça de Sacavém, de 1951, sob o nº 585, com a designação «Ampara livros ftº pintos». De «pintos» terá o nome, porque na verdade são dois passarinhos com respectiva cria em atitude de pedir comida.


terça-feira, 13 de março de 2012

Par de pombos art déco craquelé de Ventrillon – Saint-Clément - França




Ampara-livros de faiança moldada e craquelé, de cor marfim, em forma de pombo estilizado ao gosto art déco, de peito cheio e cauda em leque. Temos dúvidas quanto à sua função dado que terá sido concebido como escultura isolada. Inscrito na pasta, na lateral do soco, VENTRILLON, pouco visível dada a espessura do esmalte. Peça oca em cujo interior se pode ver carimbo verde St Clément – Made in France (um dos pombos apresenta o mesmo carimbo em duplicado)
Data: c. 1930
Dimensões: alt. c. 18,5 x comp. c. 15, 5 cm

Este pombo, apresentado no catálogo de 1930 da fábrica francesa Saint-Clément, da autoria de Charles Ventrillon-Horber (1899-1977?), é, a par do peixe de Lejan e dos veados de Lemanceau, já mostrados, um dos mais difundidos craquelés animalistas que se conhecem. Contudo, será a única escultura de animal, na sua produção de craquelés, concebida pelo autor que trabalhou assiduamente para a manufactura de Saint-Clément. Apesar de vulgar, este pombo é filho único. É já ser qualquer coisa!

C. Ventrillon, que foi aluno de Jean Paul Laurens (1838-1921), foi também pintor que expôs nos vários salons parisienses a partir de 1922. Recebeu menções honrosas, o prémio Thirion, em 1930, e uma medalha de prata, em 1931. Quando foi convidado a colaborar com aquela manufactura já não era de todo um desconhecido.

Ao par de pombos comprámo-lo caríssimo para os preços de hoje, em Paris, no Marché aux Puces de St Ouen, numa altura em que pouco ou nada sabíamos destas coisas. Demos graças a Santa Internet que muito contribui para a verdade do valor comercial das peças.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Ampara-livros art déco “Veados” – Lusitânia-Lisboa





Par de ampara-livros de cerâmica moldada, dentro da gramática art déco, em forma de veados a saltar, castanho-escuro, cujos corpos são sustentados por herbáceas estilizadas, a branco, que despontam sobre o perfil de terreno ondulado, a vermelho, que forma o soco. Na base, carimbo estampado, verde, da unidade de Lisboa: escudo coroado Lusitânia, com Cruz de Cristo enquadrada pelas iniciais C F C L [Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia] sobrepujando Portugal.
Data: c. 1930 - 40
Dimensões: alt. 12,5 cm x comp. 9,7 cm x larg. 4 cm

Já aqui apresentámos uma corça saltando da Fábrica de Loiça de Sacavém, agora é a vez de mostrar mais um exemplo de escultura animal em movimento, no caso dois veados saltando, que na sua função de ampara-livros, se desenham simetricamente afrontados, da unidade fabril de Lisboa da Lusitânia. A utilização da temática animalística e/ou vegetalista estilizada, por vezes fortemente geometrizada e mesmo mecanizada, revelou-se uma tendência recorrente da apropriação da natureza no estilo art déco.
São pouco frequentes exemplos de escultura animalista, particularmente em movimento, na Art Déco em Portugal. No entanto, como se tem vindo a mostrar (e continuaremos a fazê-lo) eles existem.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Ampara-livros “Mulher” - Cerâmica Moderna, Lda - Caldas da Rainha




Dois exemplares (infelizmente apenas um de cada) de escultura da autoria de Alberto Morais do Vale (1901-1955), em forma de mulher nua, ao gosto art déco, sentada enigmaticamente num plinto cúbico sobre soco saliente. As faces laterais são decoradas com coruja, em baixo relevo. Um de faiança moldada e relevada vidrada a azul escuro brilhante, assinado “Valle” 931, lateralmente no soco e, inscrito na base, Cerâmica Moderna Lda - Caldas da Rainha. Outro, uma versão não vidrada, ligeiramente maior, posteriormente pintada a ouro velho, o que a desfeia um pouco. Tem a vantagem de, ao não receber os esmaltes, deixar ver claramente os detalhes escultóricos e a assinatura e data impressas no soco. Na base, para além do nome da fábrica e da cidade, tem a data: 1931.
Data: 1931
Dimensões: alt. 24 cm x comp.13 cm x larg. 8,7 cm
Dimensões: alt. 25 cm x 13,7 cm x larg. 9 cm

Apesar do Catálogo da Exposição 50 anos de cerâmica caldense: 1930-1980, de 1990, referir que se trata de dois mochos, estamos em crer que se trata de corujas, o que lhe atribui um sentido distinto, dentro do seu estilo neo-classicizante, já que a coruja é o atributo de Atena e, por extensão, da Sabedoria.
A título de curiosidade, segundo nos contaram, o escultor tinha por hábito retratar o rosto de Greta Garbo em todas as figuras de mulher que esculpia em homenagem à diva que idolatrava. Assim, estaremos perante o retrato de uma personagem real, com atributos próprios de uma divindade.




Não é muito frequente a representação de nus femininos na escultura cerâmica desta época em Portugal. De nus masculinos, não conhecemos nenhum. O que abundam são as imagens folclóricas de personagens tipificadas de cada região (a fadista, geralmente a Severa, a minhota, a nazarena, e por aí fora) no gosto naturalista ainda de Oitocentos veiculado nas artes plásticas nacionais, de que Malhoa será o expoente máximo, e que o escultor também faz.

sábado, 5 de novembro de 2011

Pombo art déco da Fábrica de Loiça de Sacavém





Foi paixão à primeira vista quando a vimos numa feira de antiguidades no Forum Picoas, em meados da década de 80 do século passado. É o primeiro dos vários animais que hoje vão integrando as nossas colecções.
Peça de cerâmica moldada e relevada com figura de pombo estilizado ao gosto art déco, vidrado a ouro.
Inscrito na pasta lateralmente no soco: Gilbert Sc. Na base, carimbo verde: Gilman & Cta – Sacavém - Portugal, e carimbo verde claro: Made in Portugal. Inscrito na pasta: Sacavém HL 52.
Data: c. 1930-35
Dimensões: alt. c. 15,5 cm x comp. 12,6 cm x larg. 8 cm
Muito francesa no estilo, de grande qualidade técnica - lembrando uma escultura de bronze dourado - o carimbo remete-nos para uma peça destinada ao mercado internacional.