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domingo, 26 de agosto de 2018

Boleira ziguezague - Villeroy & Boch – Mettlach - Alemanha


Caixa de faiança moldada e relevada, de forma oblonga e bojuda, com tampa em calote, e aplicação de metal cromado na tampa e pega, dobradiça e fecho. Sobre a superfície branca destaca-se a decoração geométrica de ziguezague vertical, relevado e esmaltado a dois tons de laranja, aclarando e diminuindo de tamanho na tampa. No fundo da base carimbo verde «Villeroy & Boch, Mettlach» sobrepujando «Made in Saar Basin» e carimbo preto rectangular com «6252». Inscrito na pasta «3719» e «HJ» sobre «21»
Data: c. 1930
Dimensões: Alt c. 12 cm (sem pega) x comp. c. 24,5 cm, larg. c. 17 cm


Mais uma peça da nossa colecção dedicada ao “spritzdekor” (aerografado) alemão: uma boleira de que gostamos particularmente, produzida na unidade fabril da Villeroy & Boch em Mettlach.

É inesperado o contraste entre o ziguezague, muito art déco, em dégradé e em relevo, da decoração sobre a forma arredondada, que nos parece mais convencional, da caixa. E, sobretudo, parece-nos curioso, do pouco que conhecemos, que o dégradé seja feito pela sequência de duas cores planas, onde cada cor aerografada preenche homogeneamente cada estampilha, muito à maneira francesa, não cumprindo, assim, o que nos parece ser mais comum na produção germânica, isto é, o esfumado. Será influência da ocupação gaulesa do Sarre, território que esteve sobre administração franco-inglesa entre 1920 e 1935, como indica o «Made in Saar Basin» do carimbo?

Claro que estas questões não são lineares e as influências são recíprocas, sobretudo na zona fronteiriça entre os dois países, como algumas decorações de Sarreguemines, por exemplo, o comprovam.

Estão lembrados do fotograma do filme O Pai Tirano, que postámos recentemente, a 19 de Agosto, onde se vê uma boleira deste tipo, embora mais conservadora na sua decoração floral? Eram peças vistas com alguma frequência nas casas portuguesas, como muitos dos menos jovens ainda se lembrarão. De importação alemã, claro!



sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Caixa oitavada Villeroy & Boch – Bonn - Alemanha


Caixa art déco de faiança moldada, oitavada, com decoração regular abstracta, de pendor vegetalista, estampilhada e aerografada, a verde, azul e preto sobre branco. O mesmo desenho repete-se, com as cores verde e azul alternadas, em cada uma das faces, e os ângulos, em cima e em baixo, são marcados por elementos a preto. A tampa é quadripartida visualmente por ornamentos com as mesmas cores alternadas. No fundo da base carimbo castanho «Villeroy & Boch» «Bonn» e, a preto, «D.1134.» sobrepujando «23». Inscrito na pasta «3211», «14» e FA».
Data: 1920 - 1925
Dimensões: Alt. 7 cm x Ø 11 cm


O desenho encontra-se perfeitamente delineado pelo recorte de cada uma das estampilhas, com cada cor uniformemente aplicada a cada um dos elementos compositivos, que assim se recortam claramente sobre o branco de fundo. Como já aqui escrevemos, esta solução não parece ser muito frequente nas decorações alemãs, aproximando-se mais das congéneres francesas.

Na repetição simétrica e regular de cada uma das partes vagamente vegetalistas, que diríamos lotiformes para os elementos centrais de cada face, há uma sugestão de agitação, sobretudo na composição que preenche a tampa, com um movimento rotativo em torno de um eixo central, em gironado, como se diz em heráldica.

É no reconhecimento desta dinâmica que, a nossos olhos, se vê a herança do Futurismo, em particular nos trabalhos do pintor italiano Giacomo Balla (1871 – 1958), ou mesmo de Fortunato Depero (1892 – 1960). Mais um exemplo da adaptação das vanguardas artísticas à estética art déco alemã.


Quando vimos a caixa à venda veio-nos de imediato à memória a exposição «Futurismo & Futurismi» que, com grande pena nossa, falhámos no Palácio Grassi, em Veneza, em 1986. Como compensação vimos a exposição «Arte Italiana: Presenze 1900-1945» que tinha várias obras futuristas, entre os quais Balla, no mesmo Palácio Grassi, em 1989. Um portento. Comprámos ambos os catálogos.

A Villeroy & Boch compra a fábrica de faiança de Franz Anton Mehlem, em Bona (Bonn), quando a região do Sarre, onde se localizavam as suas unidades fabris de Mettlach e Wallerfangen, foi concedida à França, em 1918, na sequência da Grande Guerra. Esta fábrica funcionou de 1920 a 1931. No entanto, a partir de 1925 abandona a produção industrial de cerâmica utilitária e decorativa para passar a produzir peças sanitárias. A Grande Depressão levou ao seu enceramento.

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Jarra cónica da Villeroy & Boch – Wallerfangen - Alemanha

Como há algum tempo não postamos nenhuma peça da nossa colecção de faianças aerografadas (spritzdekor na expressão alemã que tanto gostamos), hoje retomamos o tema com uma peça, em nossa opinião, de forte presença decorativa e estimulante modernidade avant-garde.


Jarra de faiança moldada, em forma de cone invertido, canelado junto ao bocal, assente sobre pé circular saliente e escalonado. Decoração estampilhada e aerografada, a mate, com motivos geométricos, de tons pastel (verde-claro, amarelo e castanho) em esfumado. No fundo da base, carimbo circular preto «VB-Villeroy & Boch» sobrepujando «Wallerfangen». Também carimbado a preto «2782YG» e, inscrito na pasta «588».
Data: c. 1929
Dimensões: Alt. 20 cm x Ø 19 cm (bocal)


O abstracionismo geométrico da decoração aposto à forma bauhausiana desta jarra é bem o exemplo de como a art déco alemã da República de Weimar, a partir de finais dos anos 20, adaptou o trabalho das vanguardas artísticas de modo a poder ser apropriado pelas classes populares.

Fascina-nos este ideal democratizador que, por um curto período, percorreu a Alemanha de então – no caso, a produção desta unidade fabril da V&B de Wallerfangen terminou em 1931, por encerramento da fábrica.


Já não é o luxo dos objectos que está em causa nesta art déco para produção em massa, mas sim a sua qualidade plástica, que vai ser apreciada transversalmente pelas diversas classes sociais germânicas. Antes, ainda, da crise económica de 1929, impunham-se formas e decorações modernas em materiais acessíveis, de que é exemplo a faiança, que concorria agora em pé de igualdade com a própria porcelana, como já tivemos oportunidade de escrever.

sábado, 25 de janeiro de 2014

Jarra art déco Villeroy & Boch - Mettlach


Jarra de faiança moldada, canelada abrindo em direcção ao bocal, de cor marfim, decorada por fiadas duplas aerografadas, a azul e castanho, que no topo de cada meia-cana ritmam regularmente a composição. Colo e pé troncocónicos, este último sobre anel, decorados por risca areografada a castanho. No fundo da base, carimbo cinzento Villeroy & Boch – Mettlach – Made in Saar-Basin e carimbo preto 6222. Inscrito na pasta3625 e 2
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. c. 22,5 cm x Ø bocal 16 cm


Mais um exemplo na produção alemã da vulgarização das formas influenciadas pela Bauhaus na época imediatamente anterior à tomada do poder pelos nazis e que podemos integrar numa vertente modernista do Art Déco. A decoração foi nesta jarra reduzida à expressão mínima das riscas horizontais a azul e castanho sobre a cor marfim de fundo sublinhando a sua forma.

De alguma maneira, tanto na forma como na decoração se pode encontrar paralelismos com as peças da GAL que ilustrámos.

A Bacia do Sarre, como já tivemos oportunidade de referir, em consequência da Grande Guerra, esteve sob ocupação anglo-francesa de 1920 a 1935, altura em que, por plebiscito passou a integrar-se de novo na Alemanha. Daí a razão do carimbo.


domingo, 15 de setembro de 2013

Jarra art déco aerografada - Villeroy & Boch - Alemanha

A propósito da visita que ontem fizemos à exposição itinerante «Deutscher Werkbund.100 anos de arquitectura e design na Alemanha. 1907-2007», movimento que trouxe influências incontornáveis que perduram ainda hoje, ao promover a colaboração entre a arte, a excelência artesanal e a indústria, escolhemos a peça de hoje.




Trata-se de uma jarra de faiança moldada composta pela justaposição de duas formas geométricas que se interpenetram. Do bojo ovaloide, assente em base saliente, abre-se um colo troncocónico invertido com bocal em anel. De cor amarela com decoração estampilhada e aerografada, com apontamentos à mão, em tons laranja e castanhos. Na parte superior uma composição geométrica abstracta, escalonada na oblíqua, resultante da sobreposição de estampilhas, repete-se três vezes. No seu alinhamento, junto ao estrangulamento, uma composição de linhas castanhas, três verticais cortadas por duas horizontais. No fundo da base carimbo castanho «7670» e inscrito na pasta «3233».
Data: 1932
Dimensões: Alt. 22 cm



Embora sem marca, é da Villeroy & Boch, da unidade fabril de Torgau, de 1932, modelo 3233, conforme catálogo da fábrica dessa mesma data.

A forma desta jarra filia-se claramente numa outra, presente na referida exposição, criada por Marguerite Friedlaender (1896-1985), que foi aluna na Bauhaus de Weimar. Trata-se da jarra «Hallesche» (forma), de c. 1931, editada pela KPM (Konigliche Porzellan-Manufaktur), em Berlim, que aqui se ilustra.


Se nesta peça icónica de Friedlaender o despojamento da forma e ausência de decoração enfatizam a função, na reinterpretação da Villeroy & Boch a forma é relativamente secundarizada por uma decoração de padronagem aerografada. Assim o funcionalismo integra-se numa das vertentes do Art Déco alemão. Destinada a uma população economicamente mais desfavorecida, cumpria a sua função de divulgação de uma estética de vanguarda junto das massas em tempos de crise. A arte e a indústria aliadas e ao serviço do povo.

Pena que o catálogo que acompanha a exposição seja apenas em língua alemã e não tenha havido o cuidado do país que a concebeu, dado ser uma exposição itinerante, de ter editado uma versão numa língua veicular mais acessível a um maior número de eventuais interessados. É verdade que existe uma pequena brochura com textos em português, em jeito de síntese, mas sem o complemento ilustrativo das peças ou demais imagens expostas.

Infelizmente, trata-se de uma situação assaz frequente na Alemanha, e que diríamos mesmo incómoda para o visitante estrangeiro, ver exposições ou museus que geralmente não dispõem de catálogos ou outra bibliografia disponíveis se não em língua alemã.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Jarra com escorridos Angélico – Caldas da Rainha


Jarra bojuda de barro vermelho modelado à roda (?), de forma bulbosa, vidrado de escorridos com sobreposição de diferentes tons de terra (dos ocres mais claros aos castanhos mais escuros). No fundo da base, impresso na pasta, carimbo ANGELICO - CALDAS DA RAINHA.
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. c. 17 cm


Estamos em crer que se trata de uma peça de Afonso Duarte Angélico (1912-1977) ou, pelo menos, da pequena oficina artesanal que herdara de seu pai João Duarte Angélico (1878-1926), nas Caldas da Rainha.

Afonso Duarte foi aluno da Escola Industrial e Comercial Rafael Bordalo Pinheiro, na sua vila natal. Aquando da morte do pai, em 1926, Afonso Duarte, então com 14 anos, juntamente com sua mãe Olinda, dá continuidade à laboração da unidade fabril familiar.
A jarra que hoje apresentamos denota a influência das peças com escorridos tradicionais que as fábricas das Caldas vinham fazendo desde o século anterior, e que vão ser recuperados na paleta cromática dos tons de terra nos anos 30. Daí a nossa datação aproximada. A ela não será também alheia a influência da Fábrica Rafael Bordalo Pinheiro que à época estava também a produzir uma série de peças, sobretudo jarras, com escorridos muito semelhantes. Teremos oportunidade de mostrar algumas da dita fábrica e de outras produções caldenses.

A forma insere-se no contexto art déco de feição modernista, de linhas depuradas, e os escorridos seguem a tendência do momento da produção local mas também internacional, sobretudo alemã. Veja-se o exemplo da jarra da esférica da Villeroy & Boch - Luxemburg, de cerca de 1930, que encontrámos na net e que reproduzimos.

domingo, 2 de setembro de 2012

Friso de Azulejos Arte Nova - Villeroy & Boch, Mettlach



Friso de azulejo de pó-de-pedra (?) relevado, com decoração de padronagem repetida, policroma, de flores de nenúfar branco e folhagem, a azul e verde, sobre fundo castanho-mel envolvido por faixa inferior verde e superior azul. No tardoz relevado, moldada, a marca «Villeroy & Boch Mosaikfabrik in Mettlach».
Data: c. 1910
Dimensões: 15 cm x 15 cm


Na sequência temática da peça anterior, mas de proveniência totalmente distinta, o fragmento de friso da alemã V & B (Mettlach) traz-nos a lembrança da frescura dos lagos alemães. Nenúfares, golfões, cisnes, e toda uma outra fauna lacustre associada são temas recorrentes neste tipo de frisos de azulejo germânicos.

O conjunto de três azulejos foi formado por peças adquiridas em circunstâncias distintas. Quando comprámos o primeiro exemplar, em 2005, numa feira de velharias na Gabrielle-Tergit-Promenade, perto da Potsdamer Platz, em Berlim, perguntámos à vendedora se tinha mais algum igual. Não tinha ali, mas telefonou para o marido que estava a fazer a feira de velharias mais conhecida da cidade, junto ao Tiergarten, na continuação da Strasse 17 Juni, no lado oposto da linha férrea. Uma feira que frequentávamos com alguma regularidade. Pedimos que o reservasse e lá partimos nós para o extremo contrário do imenso jardim. Um par dava outra leitura. Dois anos depois encontramos o terceiro à venda no eBay. Então sim, o sentido da composição ganhou maior consistência.

Anos mais tarde, numa visita a Roma, viemos a encontrar estes azulejos, na Villa Torlonia, na Casina delle Civette, reformulada em 1908, onde haviam sido utilizados como revestimento de uma casa de banho (a fotografia que apresentamos não é da nossa autoria mas retirada da Wikipedia). Actualmente, existe apenas um fragmento musealizado.