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quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Boleira art déco com «núvens» - Lusitânia - Coimbra




Caixa (boleira) art déco de faiança moldada com decoração estampilhada e aerografada com motivos abstractos a castanho-mel e cor-de-rosa. A taça, em meio-cilindro, assenta sobre quatro pés rectangulares exteriormente canelados. A tampa, ondulada, é seccionada em quatro partes desniveladas centradas pela pega rectangular e canelada. Tanto a pega como os pés são aerografados a castanho-mel. No fundo da base, carimbo azul Lusitânia FLCL – Coimbra – Portugal
Data: c. 1930-35
Dimensões: Comp. c. 22,2 cm x larg. c. 11,5 cm x alt. c. 16 cm


Na peça que hoje apresentamos da unidade fabril de Coimbra da Fábrica Lusitânia, para além da forma que atribuímos a uma origem ou influência alemãs, a decoração é particularmente interessante e parece-nos pouco comum no panorama nacional. 


A técnica da estampilha com esfumado será igualmente de génese germânica. Todavia, a decoração mais livre, porque menos condicionada pelas formas geométricas ou fitomórficas estilizadas empregues nessa produção, é aqui mais lírica. As estampilhas, profusamente recortadas, intercalando as duas cores com as suas gradações tonais, remetem para uma simulação de nuvens acasteladas a mel e rosa fazendo-nos imaginar uma alvorada ou um entardecer. 



 
Encontramos aqui uma outra influência, a do Gio Ponti dos anos 20, também ela contaminada por formas e decorações da Europa Central. De facto, nas peças deste genial criador que aqui exemplificamos, com representação de nuvens, ondulação ou poeira, encontramos pontos de contacto com a decoração desta caixa de fabrico nacional.


Ou, porque não, ver também nela uma reminiscência das imagens de amontoados de nuvens, copas de árvores ou montanhas que, em camadas sucessivas, aparecem em pinturas de Amadeu de Sousa Cardoso de 1912, embora certamente o criador desta decoração as não conhecesse. 


Modelo idêntico mas com decoração diferente foi apresentado por MAFLS, e sobre cuja decoração haveremos de escrever em breve a propósito de uma outra peça da nossa pequena colecção de objectos da Fábrica Lusitânia de Coimbra.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Azulejo Art Déco da Richard Ginori - Itália



Quando o vimos, há muitos anos. numa feirinha de velharias em Roma, na nossa inexperiência de, então, principiantes, pensámos ter encontrado um Gio Ponti (1891-1979). De facto, era da Manufattura Ceramica Richard Ginori, onde o célebre arquitecto e designer trabalhou como director artístico, de 1923 a 1930, tendo renovado a produção da fábrica, mas, depois de retirada a moldura, que é de origem, a desilusão foi grande. A assinatura era de um desconhecido G. Reale. Hoje, estamos contentes por o possuirmos.
Azulejo biselado, de cor branca, decorado com nuvem, definida por estampilha, e céu azul aerografado, envolvendo representação de um santo monge concentrado na leitura, pintado à mão, policromo, com auréola a ouro, cor das duas estrelas e das extremidades das páginas e fechos do incunábulo que lê. Trata-se de S. Domingos, desenhado a partir de uma pintura, a fresco, de Fra Angelico (1387 - 1455), para o Convento de S. Marcos, em Florença, numa reinterpretação estilizada ao gosto art déco. A figura denota, igualmente, a influência de Gio Ponti, mas de desenho mais duro. No canto superior direito, a assinatura G Reale. No tardoz, em relevo na pasta (pó de pedra?), entre faixas paralelas igualmente em relevo, as iniciais R G M [Richard Ginori - Mondovi] e 92174.
Data: c.1930
Dimensões: 14, 5 cm x 14,5 cm