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domingo, 10 de julho de 2016

Cesto para pão - Carstens-Uffrecht - Alemanha


Cesto para pão de faiança moldada, de forma oblonga contracurvada numa forma próxima de um 8, com asa de verga. Exterior e covo de cor creme, com o interior da aba com escorridos cor-de-laranja, de esmalte à base de urânio, em dois tons. No fundo da base carimbo triangular preto da manufactura Carstens-Uffrecht, sobrepujando «DEK. 6». Carimbado «Form 409» no alinhamento do vértice do triângulo.
Data: c. 1930
Dimensões: Comp. 26,5 cm x Larg. 16,5 cm x alt. 6 cm (c. 16 cm com asa)


Não seria o tipo de peça que comprássemos mas foi-nos oferecida por uma alemã vendedora de velharias, por lhe termos adquirido três jarras da mesma fábrica e série. Todavia, veio a revelar-se-nos particularmente interessante pois assemelhava-se a peças que conhecíamos de fotografias da produção da fábrica portuguesa do Carvalhinho, disponíveis no Museu de Cerâmica de Sacavém - Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso, a quem agradecemos a cedência das imagens.


Acresce também que, em 22 de Maio passado, o blogue CMP - quem nos segue sabe que gostamos de interagir com outros blogues congéneres, e em particular com este - postou um interessante artigo sobre a produção Carvalhinho, pretexto também para o Moderna Uma Outra Nem Tanto avançar com a sua própria reflexão. Tanto mais que essa produção nacional, um pouco mais tardia, reflecte, uma vez mais, a influência do que se fazia na Alemanha nos inícios dos anos 30 e mesmo no pós-Guerra. Tudo em consonância com o que temos vindo a revelar neste blogue.

A aquisição de peças ou recolha de imagens de várias fábricas alemãs no período que mais nos entusiasma, o de Entre Guerras, origem de tantas formas e decorações de produção nacional, é um dos objectivos da nossa colecção como já terão percebido. Auxilia-nos, de facto, a melhor compreender, a vários níveis, a produção nacional e até a própria mentalidade vigente no Portugal de então.

Apresentamos uma análise visual comparativa onde peças da produção da Fábrica Carvalhinho são postas em confronto com outras idênticas, ou variantes de diversas fábricas alemãs (Bückeburg; Carstens; Dümler & Breiden; Jasba; Schmelzer & Gerike; Villeroy & Boch).


Observa-se que há toda uma linguagem familiar, art déco de inspiração bauhausiana, aplicada a objectos que, mesmo com funções totalmente diferentes, remetem para formas semelhantes. Também as decorações a aerógrafo ou de escorridos concorrem nesse sentido. É o caso da caixa Carvalhino que se aproxima formalmente do aquecedor para bule de chá da Carstens.


Se não serão exactamente iguais, é apenas porque não conhecemos, ou não tivemos acesso a imagens que ilustrem a totalidade da criação alemã, pois temos a certeza (quase) absoluta que os arquétipos germânicos existem.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Jarras da Fábrica do Outeiro - Águeda


Da cerâmica produzida na região de Aveiro, para além das sobejamente conhecidas Aleluia e Vista Alegre, temos duas jarras, que hoje postamos, da Fábrica do Outeiro, em Águeda, fábrica da qual nada sabemos.

Na verdade pouco nos diz o tipo de faiança que aí foi feito e, de uma maneira geral, nem temos particular interesse na sua produção. Não fora a forma destas peças nos ter chamado a atenção por outras razões.


A maior, adquirimo-la em Maio de 1999 na feira de velharias e antiguidades que, então, se realizava, no Forum Picoas. A mais pequena, comprada em 2005 num bazar de Natal. O modelo entrava dentro da gramática formal que nos ocupa.


Jarras de faiança moldada, trilobadas em forma de leque, com decoração, pintada à mão, de flores e folhas. No fundo da base, pintado à mão, a preto, na de maiores dimensões: «Outeiro» «Águeda» e «276»; na outra, «Outeiro» «Águeda» «Portugal» e «396»
Data: Entre 1940-60 (?)
Dimensões: Grande: Alt. 17 cm x comp. 28 cm x larg. 14,5 cm (máximos)
                    Pequena: Alt. 10,5 cm x comp. 17 cm x larg. 8 cm (máximos)


Esta forma art déco será cópia de um modelo da fábrica alemã Carstens-Uffrecht concebido por volta de 1930. Estamos em crer que os exemplares nacionais datarão da década de 40 ou mesmo de 50. Pode ser que entretanto encontremos novas datações. Imaginem a surpresa se fossem anteriores…


Partindo do princípio que estamos perante uma cópia, não deixa de ser interessante constatar que o espírito da peça alemã remete para uma produção de massa vanguardista dentro da estética art déco modernista, por oposição à produção portuguesa de gosto mais popular. Reflexo de duas realidades socias e culturais radicalmente opostas.


A decoração da jarra grande, com as suas flores e folhas muito nítidas, que ressaltam sobre fundo azul, remete para decorações idênticas que encontramos na produção de Sacavém dos anos 50. A da jarra pequena, muito mais conservadora, tem ainda um carácter vagamente arcaico, com as suas florinhas e folhagem, dada por pequenas pinceladas rápidas, que preenchem totalmente a superfície. Em ambos os casos a padronagem têxtil é muito evidente.


Dos exemplos que conhecemos do modelo da Carstens-Uffrecht, que aqui se ilustram, seleccionámos decorações que remetem também para outras produções portuguesas, como a da Fábrica Lusitânia, tanto das unidades de Lisboa como de Coimbra. Veja-se como também a forma, em versão alongada, é próxima das que já postámos em 7 de Janeiro de 2013, 7 e 8 de Fevereiro e 12 de Julho de 2015.


Não há dúvida que a influência da criação alemã pré-hitleriana é transversal à produção nacional dos anos 30 e mesmo sequentes. O que, num país como o nosso, com um fascismo de teor ruralizante, não deixa de ser curioso. A merecer melhor reflexão.

domingo, 12 de julho de 2015

Jarra art déco quadrilobada listrada com escorridos – Lusitânia – Lisboa


Jarra de cerâmica moldada, trilobada e lotiforme, decorada a aerógrafo, creme a parte superior e a cor-de-laranja a parte inferior incluindo o pé oval saliente. Uma lista a manganês separa as duas cores. Bocal igualmente a manganês. De permeio duas linhas a manganês e uma a amarelo cintam a parte superior do bojo. No fundo da base, carimbo estampado, verde, da unidade de Lisboa: escudo coroado Lusitânia, com Cruz de Cristo enquadrada pelas iniciais C F C L [Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia] sobrepujando Portugal.
Data: c. 1930
Dimensões: alt. 23 cm x larg. máx. 19 cm


Já aqui tivemos oportunidade de postar outras jarras deste mesmo modelo, nas três dimensões que conhecemos. A de maiores dimensões (29 cm) da Lusitânia-Lisboa, em 7 Fevereiro de 2015, e a mais pequena (15,5 cm) da unidade de Coimbra, em 8 de Fevereiro de 2015, apresentavam o mesmo tipo de decoração com escorridos aplicados a aerógrafo. A de tamanho médio (23 cm), também de Coimbra, em 7 Janeiro 2013, com uma variante decorativa vegetalista.

A jarra de hoje é da dimensão desta última, mas da unidade de Lisboa, e retoma a técnica pictórica das duas primeiras, de influência alemã, sobretudo da fábrica Carstens-Uffrecht, como então escrevemos. Os escorridos estão presentes, ainda que mais elaborados e controlados, desenhando faixas e linhas paralelas que se moldam à forma.


Sempre que possível adquirimos mais de um exemplar da mesma forma com decorações diferentes. Isso permite-nos apreender as virtualidades decorativas que uma forma adquire ao transformar-se num objecto distinto. É um modo de sistematização que nos agrada enquanto colecionadores de cerâmica. Na ausência de um design português para este período conseguimos, deste modo, vislumbrar o que à cópia importada se acrescenta, ou não, de “nacional”.

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Jarra art déco quadrilobada com escorridos – Lusitânia - Coimbra



Mais uma jarra quadrilobada e lotiforme da Lusitânia, mas da unidade fabril de Coimbra. É idêntica à anterior embora de menores dimensões. Também a paleta cromática apresenta algumas diferenças, tais como a cor laranja de uralite ser mais clara, o amarelo subjacente estar mais presente e a cor manganês, para além de integrar os escorrimentos, pontilha parte da peça. No fundo da base, carimbo estampado, azul, Lusitânia-Coimbra.
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 15,5 cm



sábado, 7 de fevereiro de 2015

Jarra art déco quadrilobada com escorridos – Lusitânia - Lisboa


Jarra de faiança moldada, quadrilobada, lotiforme, cor creme finamente craquelé com escorridos, aplicados a aerógrafo, laranja sobre manganês e amarelo que escorrem numa irregularidade controlada em dois terços do bojo. Assenta sobre pé saliente em calote oval a preto. Interior branco. No fundo da base, carimbo estampado, verde, da unidade de Lisboa: escudo coroado Lusitânia, com Cruz de Cristo enquadrada pelas iniciais C F C L [Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia] sobrepujando Portugal.
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 29 cm


O modelo que hoje apresentamos já foi aqui mostrado em 7 de Janeiro de 2013, numa jarra produzida pela unidade de Coimbra da fábrica Lusitânia. Embora de maiores dimensões que a referida peça, que identificámos como sendo uma forma alemã, a decoração de escorridos e a própria cor, remete também para uma clara influência germânica, muito presente em peças produzidas, por exemplo, pela Carstens-Uffrecht. 


sábado, 7 de junho de 2014

Taça (fruteira) modernista em forma de folha lanceolada – Carstens Uffrecht - Alemanha


Taça (fruteira) de cerâmica moldada, em forma de folha lanceolada simétrica e dobrada a eixo, vidrada a creme-mate com decoração de escorridos, aplicados a aerógrafo, cor-de-laranja forte, cujas duas metades apresentam recortes laterais triangulares delimitados externamente pelas pegas salientes, de secção redonda, a castanho. A taça repousa sobre base saliente, mais pequena, com a forma invertida da taça. No fundo da base carimbo preto triangular da Carstens Uffrecht, sobrepujando «dek. 6» e, por cima, «form 414».
Data: c. 1930
Dimensões: Comp. 26 cm x larg. 18,5 cm x alt. c. 8 cm
 


A aplicação controlada do esmalte a aerógrafo, formando escorridos aparentemente aleatórios, foi particularmente corrente na unidade fabril da Carstens Uffrecht na produção art déco de vertente modernista bauhausiana. As peças produzidas com este tipo de técnica decorativa acabam por se individualizar subtilmente entre si, embora quando vistas em conjunto assumam uma leitura de grande homogeneidade e se entenda a matriz da decoração. Daí este ser o decor nº 6 que foi aplicado a diferentes formas.
 

Não foi só Portugal que copiou modelos estrangeiros, com destaque para a influência alemã. O Reino Unido fez a mesma coisa, como se pode constatar na presente peça cujo modelo, a partir de finais do anos 30, vai ser produzido pela Crown Devon (o exemplar ilustrado apresenta a marca utilizada a partir de 1939). E não temos a menor dúvida que se trata de cópia de modelo alemão, não só pela datação tardia como a Alemanha foi, até à ascensão do nazismo, o grande centro produtor e, sobretudo, criador da Europa. Verdadeiro laboratório, onde a inventiva e o experimentalismo, tanto nas formas como nas decorações, levaram à efervescência criativa que nesse país se viveu durante a República de Weimar. Queimaram-se etapas como em mais nenhum outro parece ter acontecido, sempre em permanente pesquisa, numa incessante busca, quase esquizofrénica, na criação artística a todos os níveis, dos objectos utilitários às chamadas artes maiores.
 


A introdução do gosto art déco e do design modernista, apesar do espalhafato editorial inglês sobre a produção nacional no período, é tardia. Em Paris, em 1925, o Reino Unido apresentou um dos pavilhões mais conservadores, para não dizer reacionários, de toda a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas. De facto, só na década de 30 o novo gosto aí se implanta e adquire uma certa consistência.

domingo, 2 de dezembro de 2012

Base para bolos Carstens-Uffrecht 01 - Alemanha


Mais uma peça da fábrica alemã Carstens-Uffrecht, da vertente modernista do Art Déco de filiação Bauhaus. Desta vez uma base circular para tartes e bolos, também de faiança moldada e da mesma cor turquesa do bule, igualmente com decoração aerografada dentro do abstracionismo geométrico de influência kandinskyana que remete para uma ideia de paisagem com poste telefónico. Neste caso, o “solo” ondulado a castanho, o poste telefónico a preto (ou castanho muito escuro) e as pequenas manchas a azul - em duplicado e em espelho aparente e invertido simulando perspectiva - é idêntico ao da jarra de asas helicoidais já mostrada e referida no post anterior. Centro e rebordo da peça aerografados a castanho. A superfície circular assenta sobre anel espesso cuja curvatura estreita em direcção  ao pé e de onde saem as duas asas, de secção triangular, suavemente encurvadas, quase imperceptíveis vistas de cima.No fundo da base, carimbo triangular da Carstens-Uffrecht sobrepujando Dek. 257.
Data: 1931
Dimensões: Ø 31 cm (33 cm c/ asas) x alt. 5 cm



quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Bule de chá art déco modernista - Carstens-Uffrecht - Alemanha


Bule de faiança moldada, com decoração aerografada, dentro do abstracionismo geométrico de influência kandinskyana, a castanhos, remetendo para uma ideia de paisagem, sobre fundo turquesa. Asa de vime. No fundo da base, sem marca, o nº 257.
Data: c. 1930
Dimensões: alt 13 cm (sem pega) x comp. 24 cm



Trata-se de uma peça produzida pela fábrica alemã Carstens-Uffrecht de forte filiação Bauhaus, sobretudo nos bules criados, em 1923, nos ateliers cerâmicos desta, por Theodor Bogler. A inspiração oriental está bem patente na obra do designer e encontra-se igualmente presente na peça de hoje. Quer no exemplar de Bogler, que ilustramos, quer neste nosso bule, a forma e o acabamento remetem para uma produção em série de objectos de metal, com acabamentos artesanais nas asas. Também remetem para modelos chineses de bronze, como sugere a cor, próxima do verdete, do bule da Carstens. Esta ideia é reforçada pelas arestas vivas e justaposição das diversas partes que parecem soldadas.
A decoração do bule aproxima-se da da jarra de asas helicoidais mostrada em 27 de Maio de 2012, remetendo ambos para o universo pictórico de Kandinsky.


quinta-feira, 2 de agosto de 2012

Caixa triangular 2 - Carstens Uffrecht




Variante decorativa da caixa com tampa de metal cromado anteriormente apresentada da Carstens Uffrecht, igualmente atribuída a Grete Weiss. Este exemplar apresenta decoração geométrica estampilhada e aerografada, mate, em tons de laranja sobre fundo creme-amarelado que se repete nas três faces. Na base, sem marca, inscrito na pasta nº 620. da forma.
Data: c. 1929
Dimensões: alt 7,5 cm (10 cm c/tampa) x larg. máx 13 cm


Caixa triangular 1 - Carstens Uffrecht


Caixa de cerâmica moldada composta por uma taça triangular de faces curvas e base reentrante, com decoração geométrica estampilhada e aerografada, mate, em tons de amarelo e castanho sobre fundo creme, que se repete nas três faces, com tampa de metal cromado. Na base carimbo triangular da Carstens Uffrecht sobre Dek. 252 e, inscrito na pasta, nº 620 da forma.
Data: c. 1929
Dimensões: alt 7,5 cm (10 cm c/tampa) x larg. máx 13 cm



Esta caixa, possivelmente uma bomboneira, é da autoria de Grete Weiss, designer de que já aqui apresentámos uma jarra a ela atribuída. Grete Weiss e Martha Carstens são as principais designers responsáveis pelas produções da fábrica de cerâmica J. Uffrecht & Co., filial do Carstens Christian Kommandit-Gesellschaft, em Neuhaldensleben, pelo menos desde os finais dos anos 20 e até inícios de 30 do século XX.

domingo, 27 de maio de 2012

Jarra de asas helicoidais art déco modernista, Carstens-Uffrecht - Alemanha


Jarra de forma tendencialmente globular com asas helicoidais, de grés moldado, com decoração estampilhada e aerografada em diferentes tons de castanho e apontamentos a azul. A decoração, modernista, nos dois lados, representa uma paisagem sinuosa, na diagonal, com poste telefónico na diagonal oposta, de clara influência kandinskyana (ondeados e traços a castanho e pequenas manchas a azul). Marcado na base com carimbo “Germany”, a preto, e 212b. (nº de forma) em relevo na pasta.
Data: c. 1930
Dimensões: alt 12,5 cm x diam. 19 cm (com asas)

Trata-se da forma 212b, uma criação atribuída a Grete Weiss, com a decoração nº 259, produzida pela fábrica alemã Carstens-Uffrecht. É nossa opinião ser esta peça uma obra-prima da vertente modernista do Art Déco, de nítida filiação na Bauhaus.




As referências kandinskianas da decoração são por demais evidentes. Aliás, Kandinsky, tal como outros grandes pintores, colaborou anonimamente na criação de decorações para cerâmica industrial, utilitária e decorativa, durante a República de Weimar, tal como fez para fábricas de porcelana soviéticas do período revolucionário nos anos 20, de que apresentamos fotografia de chávena e pires de café. Neste exemplo, ondulação na diagonal com poste telefónico e barco.

A fábrica Carstens, C. & E., arrancou por volta de 1900, em Reichenbach, na Turíngia, como manufactura de porcelana, sendo propriedade dos irmãos Christian e Ernst Carstens. A sua actividade expandiu-se com fábricas em Rheinsberg, Hirschau, Georgenthal, Uffrecht, Sorau, Neuhaldsleben e Gräfenroda. Várias destas unidades criaram linhas e decorações exclusivas feitas a aerógrafo, de que teremos oportunidade de mostrar alguns exemplares.