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sexta-feira, 13 de abril de 2012

Jarra esférica Fructuoso - Coimbra

Ainda a propósito de uma peça anteriormente postada por nós, assinada Fructuoso, recebemos de um nosso leitor (mais uma vez obrigado Hugo) fotografias de uma interessantíssima jarra art déco da sua colecção que não resistimos a incluir num blogue que, supostamente, seria dedicado exclusivamente às colecções próprias dos seus autores. Mas como não há regra sem excepção e as associações de ideias se estabelecem à medida que vamos descobrindo outras peças, e como também é nossa intenção tentar contribuir para um inventário e dar a conhecer a produção nacional …





Jarra de faiança moldada, esférica com decoração a preto de grafismo geometrizado, que em parte nos sugere uma chávena fumegante ou um vaso com um ramo, sobre fundo branco, aplicada a estampilha, e duas asas triangulares, a ouro, com círculo vazado. Estas asas projectam-se acima do bocal realçado com filete a ouro. Na base, carimbo circular preto, onde se inscreve Fructuoso Coimbra. Pintado à mão, igualmente a preto, nº 4.

Seria muito estranho que duas fábricas distintas usassem a mesma denominação. Assim, cremos serem as duas peças da mesma origem. O recurso à estampilha e a técnica utilizada parecem-nos idênticos.
Quanto a possíveis influências, encontramos paralelismo com determinada produção da fábrica francesa de Sainte Radegonde, de cerca de 1930-40, de que aqui mostramos alguns exemplos retirados da net, cujas decorações remetem, por sua vez, em nossa opinião, para um certo grafismo alemão dos anos 20 de inspiração neo-rococó..

quinta-feira, 15 de março de 2012

Jarra art déco com dançarina egípcia – Fructuoso Coimbra




Jarra de faiança moldada, de forma ovoide de cor amarela, tripartida pela presença de asas e pés escalonados, a preto, que intercalam com 3 dançarinas ao gosto art déco neo-egípcio, em silhueta, estampilhadas a preto. Motivos curvos, a ouro craquelé debruados a preto, junto à curvatura da base. Assinado Fructuoso Coimbra, na base.
Data: c. 1930-40
Dimensões: alt. 18 cm

Em 1997, quando a comprámos na feira de velharias e antiguidades que então se realizava no Forum Picoas, não tínhamos muito a noção de como o neo-egípcio pouca expressão tinha tido em Portugal e ainda menos no período art déco. Da escassa produção cerâmica deste período cujos motivos neo-egípcios podem ser mais ou menos evidentes (já aqui apresentámos uma jarra da Vista Alegre onde referimos essa inspiração na decoração), são exemplos a «Bailarina» de Alberto Morais do Vale, que aqui ilustramos, mas que infelizmente não possuímos, e a presente jarra. Neste sentido, esta peça é referenciada no artigo de Celina Bastos e Rui Afonso Santos – Egiptomania em Portugal: Das artes de cena à decoração de interiores. In Margens e confluências: Um olhar contemporâneo sobre as artes, nº 7 - 8. Guimarães: ESAP, Dezembro 2004, p. 61 – 71, que, não pode à altura apresentar fotografia visto que a que cedemos tinha pouca qualidade.

Além da influência neo-egípcia, aqui revista pela óptica do cinema de Hollywood – as bailarinas, quais pin-ups glamorosas de um filme musical, elevam-se em sincronia contra um fundo amarelo de pôr-do-sol no deserto, pairando sobre dunas que espelham a ardência solar -, há também uma insinuação de outro exotismo. O exotismo das civilizações pré-colombianas reflectido nos degraus dos pés e asas.
Fructuoso mostra ainda ter conhecimento das tendências modernas do design e do grafismo da sua época. Compare-se a peça com a base da jarra tubular, editada cerca de 1930 por Lusca, com pés em degraus muito semelhantes.
Notável a complexidade semântica de uma peça que diríamos quase banal e de gosto popular.


Deste Fructuoso que assina a peça pouco sabemos. Já a propósito dos comentários (aqui está a jarra prometida, Hugo) relativos à Estatuária de Coimbra se levantaram muitas questões que, quanto a nós, continuam em aberto. Teria o dito Fructuoso um atelier próprio? Mais uma vez, agradecemos antecipadamente qualquer informação adicional. Quanto a nós é de duvidar que esta jarra tenha a ver com a "Coimbra Frutuoso", localizada nas Lajes. Mais uma vez, socorrendo-nos de uma análise meramente formal, decoração e forma, remetem-nos, para década de 1930.