segunda-feira, 30 de abril de 2012

Jarra Art Déco com motivos vegetalistas a verde – Vista Alegre





Jarra de porcelana moldada em forma de balaústre sextavado de cor branca com decoração pintada à mão de flores, folhas e ananases estilizados ao gosto art déco, em dois tons de verde, que profusamente preenchem toda a superfície da peça sem qualquer repetição. Pé e bocal realçados no tom mais escuro de verde. Na base, carimbo verde V.A. Portugal (Marca 31: 1924-1947)
Data: c. 1930
Dimensões: alt. 20,5 cm


O reportório vegetalista utilizado nesta jarra não só nos remete para motivos populares, muito utilizados nos bordados, sobretudo do norte de Portugal, como também para uma gramática art déco internacional, mais erudita, apresentando afinidades com, por exemplo, a jarra alemã da KPM, de 1919, que ilustramos.


domingo, 29 de abril de 2012

Caixa esférica Art Déco com efémeras de Fritz von Stockmayer – Arzberg - Alemanha


Neste mesmo modelo nº 1390 de Fritz von Stockmayer a decoração, que será a nº 30, é particularmente curiosa para nós dado que o grafismo da peça que apresentámos anteriormente, de folhas ou flores, é aqui retomado, transmutando-se em insectos, singelas efémeras azuis e pretas, de asas inferiores a cheio e superiores de uma transparente suavidade dada por linhas das mesmas cores. Esvoaçando, recortam-se tenuemente sobre um céu ondeante de nuvens brancas e cinzentas. Esta composição, forma um friso que cinta o bojo esférico e é enquadrada por faixas e listas a preto e prata-chumbo. Na tampa, sobre a decoração de nuvens e efémeras, eleva-se a pega com as duas moedas a prata-chumbo. Na base, carimbo a verde «Porzellanfabrik Arzberg» e «Arzberg/Bay.» e carimbo prata-chumbo com30. Inscrito na pasta 1390 estampado.
Data: 1932
Dimensões: alt. 15,5 x diâm. 14,5

O simbolismo da efemeridade da vida é aqui focado de uma forma tão etérea como o ar carregado de núvens e as asas dos insectos que lhe deram o mote, onde a influência do Oriente, neste caso do japonismo, é claramente marcante.



Caixa esférica Art Déco com motivos vegetalistas de Fritz von Stockmayer – Arzberg - Alemanha


Caixa de porcelana moldada, modelo nº 1390 e decoração nº 96 (?) criados em 1932 por Fritz von Stockmayer. De corpo esférico, assenta sobre pé e é rematada por gargalo preto, que, com a tampa, ficam com as mesmas dimensões. Recebeu uma decoração estampada de fundo cinzento claro envolvido por ténues faixas de gaze aprisionadas sob uma quadrícula esparsa de linhas a preto onde evoluem folhagem - ou flores - estilizada em três cores e texturas diferentes, umas lisas a preto e branco e outras avermelhadas com a textura da gaze. Na tampa, na vertical, duas moedas a ouro, de dimensões distintas, apostas e desencontradas, formam a pega. Na base, marca carimbada a verde «Porzellanfabrik Arzberg» e «Arzberg/Bay.[Bayern]», com nº 96 a preto. Selo da casa Carl Weiffert onde foi vendida (parcialmente rasgado).
Data: 1932
Dimensões: alt. 15,5 x diâm. 14,5


Para além das caixas serem um dos leit motiv das nossas colecções, na produção cerâmica, no caso de porcelana, temos também designers de eleição: Fritz (Friedrich Karl) von Stockmayer (1877 – 1940) é um deles.

Criador de formas e decorações, Stockmayer nasceu em 18 de Dezembro de 1877 em Estugarda, descendente de famílias de militares e universitárias. Depois dos seus estudos académicos parte para Paris e Palermo onde trabalhou num banco, regressando, aos 23 anos, a Estugarda. Seguidamente trabalha para uma sociedade de exportação que o leva à Abissínia.
Quando eclodiu a I Guerra Mundial, Stockmayer partiu para o Cairo e dali por barco regressou à Alemanha via Trieste, onde vai cumprir o serviço militar. Poucos dias depois é ferido em combate, sendo atingido no estômago por uma bala dum-dum, que o leva a ser internado e a estar um ano de cama. Na longa convalescença no hospital, nunca deixou o lápis e a caixa de aguarelas, prosseguindo a veia artística que desde a juventude tinha como passatempo.

Questionamos se não terá sido este sofrimento a estar na origem da decoração da peça que apresentamos, «enfaixada» em gaze, onde possivelmente, as linhas pretas e a folhagem/flores remetem, simbolicamente, para uma estilização de arame farpado a que o apontamento avermelhado, cor de sangue seco, dá maior consistência.

No fim da guerra passou a trabalhar numa empresa na Suábia e teve tempo para continuar as suas experiências pictóricas. Numa passagem por Itália aprendeu a pintar sobre porcelana. Foi este o princípio da actividade que o tornou conhecido, já que soube estabelecer pontes entre o passado e a sua contemporaneidade na pintura sobre porcelana, dando origem a importantes inovações técnicas. Fábricas como Arzberg, Schoenwald, Kahla, Fürstenberg, ou Thomas reconheceram o seu mérito criativo, culminando como director artístico, a partir de 1935, da fábrica de porcelana Rosenthal em Selb, na Baviera, onde ingressara em 1932.
Todavia, a sua produção mais importante e valorizada é constituída pelo conjunto de peças que criou para a Arzberg de c. de 1930 até 1932.
As suas criações mostram uma profunda influência asiática e remetem-nos, por vezes, para um grafismo que se adianta no tempo, parecendo algumas das suas peças de inícios de 1930 serem do pós Segunda Guerra Mundial. Morre em 11 Julho de1940 com 62 anos.

sábado, 28 de abril de 2012

Jarra art déco em forma cabaça, Longwy - França


Mais um exemplo do nosso fascínio pela produção art déco da Fábrica de Faiança de Longwy.

Trata-se de uma jarra de faiança moldada, craquelé com decoração policroma de motivos florais estilizados ao gosto art déco. Tem forma de cabaça oitavada, cujas oito faces, separadas por traços vermelhos, são ornamentadas por triângulos pendentes, de fundo azul contendo flores estilizadas amarelas e folhas alaranjadas, igualmente contornados por traços vermelhos. Bocal também vermelho. Assenta sobre pé azul ligeiramente saliente. Linhas e flores são feitas segundo a técnica da corda seca ou “relevo contornado”. Na base carimbo brasão simples, dos Huard, com folhas de azevinho, «Longwy – France». Escrito à mão número de decor D 5073 e carimbo preto 89 ou 68
Data: 1919-30
Dimensões: Alt. 17 cm


segunda-feira, 23 de abril de 2012

Par de chávenas de chá Art Déco «Avenida» com dedicatória - Sacavém


Repetimos o modelo Avenida e o motivo decorativo nº 673 neste par de chávenas de chá. Embora sendo parecidas à peça anterior, apresentam diferenças não só ao nível do desenho, mas também das dimensões, sendo a chávena ligeiramente mais alta e mais larga. A decoração policroma a azul, verde e ouro, pintada à mão, sobre fundo marfim, mantém-se, apenas o tom das flores é mais carregado.
O par de chávenas, tal como o bule-carro já apresentado, é também uma encomenda personalizada, possivelmente para oferta por ocasião de um casamento, ou outra comemoração familiar, pois apresenta, nas chávenas, como complemento dos ornatos dourados, Margarida e Diamantino Almeida, escritos a ouro, individualmente em cada chávena.
Na base das chávenas, apenas um T pintado à mão. Nos pires, para além do carimbo verde Gilman & Ctª – Sacavém e Made in Portugal, inscrito na pasta, 52C e 6.43, tendo por debaixo algo ilegível.
Data: c. 1935
Dimensões: chávena: alt. 7,3 cm; pires 13,8 cm

Este modelo sendo da década de 30 vai ser produzido pela Fábrica de Loiça de Sacavém talvez até cerca de 1960. Constituirá um dos ícones da produção de loiça doméstica Art Déco fabricada em Portugal.



Chávena de chá Art Déco «Avenida» com motivo de flores - Sacavém


Continuando a apresentação dos diferentes motivos decorativos do modelo Avenida, apresentamos hoje uma chávena de chá com decoração pintada à mão de flores azuis claras e folhagem verde, estilizadas ao gosto art déco. Pé, asa e rebordo da chávena, assim como o rebordo do pires são a ouro que simula escorrer pelo corpo das peças de forma irregular, tal como as flores e folhas. Trata-se do modelo decorativo nº 673. Na base de ambas as peças, carimbo verde Gilman & Ctª – Sacavém e Portugal. Acresce na chávena carimbo verde T e três traços a ouro pintados à mão. No pires, inscrito na pasta, 3 e asterisco.
Data: c. 1935
Dimensões: Chávena: alt. 7 cm; Pires: diâm. 13,8 cm


domingo, 22 de abril de 2012

Chávena de café Art Déco «Avenida» com motivo vegetalista - Sacavém


Mais um exemplar do modelo Avenida, do qual só possuímos esta chávena, com respectivo pires, para café. Apresenta decoração estampilhada a azul e ouro, pintada à mão, sobre fundo marfim, constituída por linhas concêntricas semicirculares e ramos estilizados, cujas folhas lembram grãos de café. Na base de ambas as peças, carimbo verde Gilman & Ctª - Sacavém e Made in Portugal e carimbo azul com nº 669 ou 699 correspondente ao motivo decorativo. A chávena apresenta ainda, pintados à mão, um T e quatro tracinhos, enquanto o pires tem inscrito na pasta o nº 52 e algo ilegível.
Data: c. 1935
Dimensões: chávena: alt. 6 cm; pires: diâm. 12 cm

Este conjunto remanescente de um serviço de café terá sido provavelmente um produto para exportação, dado o termos adquirido nos Estados Unidos da América.




Serviço de chá Art Déco «Avenida» com riscas verdes - Sacavém




Na sequência do post anterior, damos agora continuidade a algumas variantes decorativas do modelo Avenida. Neste caso peças soltas de um serviço para chá, de que temos apenas bule e chávenas com pires.
Embora a forma seja semelhante à da cafeteira do serviço que apresentámos anteriormente, este exemplar terá sido vendido como bule, dado possuir um bico mais largo e elevado que o modelo para café, para além das chávenas serem de chá. Apresentam decoração geométrica, bicroma, a verde e ouro, estampilhada e, parece-nos, aerografada, constituída por listas concêntricas, com a maioria das verde em dégradé.
Nas bases carimbos a verde, Gilman & Ctª - Sacavém e Made in Portugal e nº 989, este último, que corresponde ao número de decor ou motivo, ausentes nas chávenas. Nos pires, insncrito na pasta, Sacavém.
Data: c. 1935
Dimensões: cafeteira: alt. 18 cm; chávena: alt. 7 cm; pires: Diâm. 14 cm


Trata-se de um tipo de decoração muito próxima das que encontramos na fábrica alemã de Wächtersbach, também a aerógrafo, de que mostramos um exemplar retirado da net, numa fórmula decorativa comum a outras fábricas alemãs, muito na linha de um decorativismo geométrico de influência Bauhaus, como MAFLS teve ocasião de dizer.

Serviço café Art Déco «Avenida» azul - Sacavém



Conjunto de peças de faiança moldada, ao gosto Art Déco, modelo Avenida, composto por cafeteira, leiteira, açucareiro, chávena com respectivo pires e prato para bolos. Formas troncocónicas com asas abertas e pegas fechadas triangulares. Decoração geométrica, bicroma, a azul e ouro, estampilhada com pormenores à mão, sobre o fundo azul claro, constituída por filetes concêntricos e listas estreitas, sendo as azuis interrompidas. Apontamentos a dourado e azul nas pegas, colo e asas, sendo nestas metade de cada cor. Bordo das tampas, bicos e pés salientes contornados a dourado. Nas bases (excepto chávena) carimbos a verde, Gilman & Ctª - Sacavém e Made in Portugal. Na leiteira acresce, também carimbado a verde, 83 ou 88. Na cafeteira, inscrito na pasta, 2 e 0 (?) e na base do prato para bolos algo inscrito mas ilegível. No pires, inscrito, GAV (?) e mais letras ou números ilegíveis.
Data: c. 1935
Dimensões: Várias






O formato Avenida da Fábrica de Loiça de Sacavém corresponde, de facto, e tanto quanto nos foi possível apurar, a dois modelos ingleses criados, por volta de 1930-32, por Eric Slater para a Shelley Potteries, Ltd. (Stoke-on-Trent, Stafford, Inglaterra) onde era director artístico. Assim, enquanto a cafeteira remete para o Vogue, as demais peças, embora com nuances de desenho, ao Eve. Este último, apresenta diversas variantes de desenho como se pode observar nas fotografias que publicamos.

O formato Avenida é, pois, um modelo híbrido. O açucareiro Sacavém para além de tampa possui asas. O bico e o corpo da leiteira são replicados do Vogue, a asa é igual à do Eve. Quanto ao prato, a versão portuguesa, não corresponde a nenhum dos dois modelos referidos, embora se aproxime daquele que parece ter sido comum aos dois serviços ingleses.


quinta-feira, 19 de abril de 2012

Jarra Art Déco de Géo Condé - K & G – Luneville - França



Jarra de meia-porcelana moldada, produção da antiga fábrica Keller & Guerin em Lunéville, de c. 1925 – 30, de forma japonisante de base quadrangular abrindo em panos curvos, évasés, em direcção ao bocal. Decoração intercalada de pássaros (um deles é um psitacídeo) e plantas exóticas, no estilo art déco de Géo Condé autor de numerosas peças desta fábrica. Na base, carimbo preto, com coroa enquadrada por K G sobrepujando círculo onde se inscreve «demi-porcelaine - Lunéville», por baixo, «France». Inscrito na pasta, 7126.
Data: c. 1925 -1930
Dimensões: alt : 18 cm

Artista multifacetado, o francês Georges Jean Nicolas Condé (1891-1980), mais conhecido por Géo Condé, foi pintor, decorador, escultor, modelador, marionetista, músico e escritor. Trata-se de um dos nossos criadores de eleição, um dos importantes divulgadores da Art Déco junto do grande público, que soube aliar uma produção mais refinada para os Frères Mougin à produção de massas em fábricas que serão os equivalentes em França, quanto a nós, à Fábrica de Loiça de Sacavém.




Nascido em Frouard, na Lorena, a 25 de Junho de 1891, Georges Condé entrou contra vontade na Escola de Arquitectura de Bruxelas, mas nunca exerceu a profissão de arquitecto. Mobilizado em 1914 foi piloto aviador até ao fim da guerra. Dedicava-se, então, à pintura assinando Géo Condé.
Casado, em 1917, com uma prima, Marguerite Baudot, é pai de um rapaz em 1920. Este facto será marcante na sua vida de artista pois ambiciona encantar o seu público, tanto adulto como infantil.
Entretanto, acabada a guerra, a partir de 1919, frequenta os cursos nocturnos da Escola de Belas-Artes de Nancy.
Contratado, em 1922, com 31 anos, por Èdouard Fenal, proprietário das três fábricas de Lunéville, vai trabalhar para a Manufactura de Lunéville - (antiga) Keller et Guérin. No ano seguinte, trabalha sob a direcção dos irmãos Mougin (Frères Mougin) que aqui instalam o seu atelier de grés nesse ano. Graças aos seus talentos como decorador e modelista, acaba por trabalhar para três fábricas: Lunéville (K & G), Saint-Clément e Badonviller, até 1939, data em que é novamente mobilizado. Teremos oportunidade de mostrar alguns trabalhos seus para estas fábricas.
No atelier Frères Mougin começa a trabalhar o grés, para quem assinará 28 modelos de jarras, fazendo, simultaneamente, trabalhos para as outras fábricas. Aliás, peças de grés editadas pelos Frères Mougin são igualmente produzidas em faiança pelas fábricas Lunéville e Saint-Clément de que foi, a partir de 1936, conselheiro artístico.
Moldou figuras humanas e animais, jarras e outros objectos, para além de decorações, dentro do estilo Art Déco. Os seus temas figurativos são muito estilizados, preferindo criações de inspiração exótica, caso da jarra que hoje mostramos (ver foto de jarra da mesma série orientalizante, com um chinês, na obra En pays lunévillois: l'histoire de la faience au XX éme siècle), ou popular, passadas pelo filtro de um cubismo despretensioso, mas muito decorativo.



A partir de 1939 abandona definitivamente o campo da cerâmica e, no Pós-Guerra vai desenvolver as suas actividades de criador marionetista, já começadas em 1934, quando fundou o Teatro de Marionetas do Grupo de Estudantes Católicos de Nancy.
Em 1947 cria a sua própria companhia: Le Théâtre de la Maison de Lorraine que dura até 1967. A par destas actividades, continua a pintar e a escrever.

domingo, 15 de abril de 2012

Jarra art déco da linha Flambé “Leques” da Rörstrand - Suécia



Jarra de grés, moldada em forma de pote quase cilíndrico estreitando no bocal, com decoração ao gosto art déco estampilhada e aerografada de leques, sobrepostos em escama, em castanhos e cremes, com realces a ouro/latão no contorno do desenho, dando à peça um aspecto metalizado como se fosse dinanderie. Na base, carimbo amarelo: FLAMBÉ Rörstrand – ALP – modell Nylund; Lidkoping SWEDEN DEKOR OLSON 4652. Inscritas na pasta três estrelas. 
Data: c. 1932-35
Dimensões: alt. 19 cm

Face à concorrência da linha Argenta criada por Wilhelm Käge para a Gustavsberg (ver post dedicado a este assunto), a fábrica sueca Rörstrand viu-se confrontada com a necessidade de criar uma linha de luxo equivalente. Assim, surge a linha Flambé, criada por Gunnar Nylund (1904-1989), denominação francesa para titular um tipo de chamota de grés flamejado, com aspecto de metal martelado e colado pelo fogo, formalmente próximo do trabalho em dinanderie, com os diferentes “metais” separados por uma linha a ouro. No caso da presente peça, a forma criada por Nylund, na sua excepcional qualidade técnica, recebeu a decoração nº 4652 de Olson. A decoração em escamas é muito característica da Art Déco, sendo recorrente nas produções internacionais da época. A jarra é um exemplo perfeito da «Swedish Grace» no seu design depurado e na sua decoração neoclassicizante simplificada. Neste caso, com um toque de exotismo japonizante.


Em 1926 a Fábrica Rörstrand saiu de Estocolmo, onde havia sido fundada em 1726, para se instalar em Gotemburgo. Nos inícios dos anos 30, em 1932, a produção da fábrica expandiu-se para Lidköping, para onde, cinco anos mais tarde, a totalidade da unidade fabril se mudou. O logotipo ALP, que a jarra apresenta, aplicado nas produções cerâmicas daquele período manteve-se até 1943.

Quando em 1931 Gunnar Nylund foi nomeado director artístico da Fábrica Rörstrand, era já um conhecido designer de cerâmica da fábrica dinamarquesa Bing & Grøndahl, em Copenhaga, onde trabalhou de 1925 a 1928. A partir desta data passou a trabalhar com a química Nathalie Krebs, criando um atelier cerâmico que, em 1930, viria a tornar-se na célebre fábrica Saxbo, que continuou a produzir os seus grés até 1932. Nylund trabalhou para Rörstrand de 1931 a 1955, na maioria do tempo enquanto seu director artístico. Neste período, durante cerca de um ano, em 1937-38, regressou à Bing & Grøndahl como director artístico.

O designer nasceu em 1904, em Paris, onde os pais estudavam, de mãe dinamarquesa, a artista Fernanda Jacobsen-Nylund e pai fino-sueco, o escultor Felix Nylund. Em 1907 a família mudou-se para Copenhaga e daí para Helsínquia. Quando a guerra civil eclodiu na Finlândia, em 1918, Gunnar fugiu com a mãe para a Dinamarca. De regresso a Helsínquia, em 1923 terminou o estágio em Arquitectura e Cerâmica, tendo continuado estudos de arquitectura na Academia Real Dinamarquesa de Belas Artes, em Charlotteborg, Copenhaga. Em simultâneo pratica escultura como assistente de seu pai, que o encoraja na animalística.

Nylund faz alguns trabalhos para a Bing & Grondahl expôr na exposição de Artes Decorativas de 1925, em Paris, cujo sucesso lhe grangeou um contrato permanente com a fábrica. Aí, o seu mentor foi Jean Gauguin, filho do célebre pintor, cria um sem-número de peças que o tornam conhecido. A actividade criativa posterior evoluiu num crescendo, tornando-o num dos grandes mestres do design escandinavo.

sábado, 14 de abril de 2012

Jarra Solitário - Aleluia-Aveiro




Jarra solitário, de faiança moldada, em forma de gota encurvando em direcção ao bocal, num verde-água, aerografado, com pintas verde mais escuro, cuja espessura lhes confere relevo. Centro vazado realçado num cor-de-laranja forte, igualmente aerografado, continuado por um veio inciso até ao bocal. Duas asas triangulares desalinhadas sugerem uma lâmina trapezoidal cortando a peça ao meio. As asas são pintadas à mão a preto, sendo uma vazada, com bordos no mesmo verde-água. Interior do gargalo igualmente a preto. Na base, carimbo castanho «Aleluia Aveiro» com um D pintado à mão, a ouro, sobrepujando carimbo da mesma cor «Fabricado Portugal» inscrito num rectângulo, e, escrito à mão, a ouro, 728 K. No frete, a preto, a letra N.
Data: c. 1955
Dimensões: alt. 29 cm



Este solitário, a segunda das peças Aleluia-Aveiro dos anos 50 que adquirimos – a primeira, a das estelas incisas, foi já aqui apresentada - ambas em 2000, tem congéneres de maior dimensão, como é o caso deste outro exemplar, com o nº 731, que um dos nossos leitores (obrigado Ilídio) nos enviou, com 44 cm de altura. Apresenta uma decoração com a mesma textura «pele de serpente» de outro modelo anteriormente mostrado.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Jarra esférica Fructuoso - Coimbra

Ainda a propósito de uma peça anteriormente postada por nós, assinada Fructuoso, recebemos de um nosso leitor (mais uma vez obrigado Hugo) fotografias de uma interessantíssima jarra art déco da sua colecção que não resistimos a incluir num blogue que, supostamente, seria dedicado exclusivamente às colecções próprias dos seus autores. Mas como não há regra sem excepção e as associações de ideias se estabelecem à medida que vamos descobrindo outras peças, e como também é nossa intenção tentar contribuir para um inventário e dar a conhecer a produção nacional …





Jarra de faiança moldada, esférica com decoração a preto de grafismo geometrizado, que em parte nos sugere uma chávena fumegante ou um vaso com um ramo, sobre fundo branco, aplicada a estampilha, e duas asas triangulares, a ouro, com círculo vazado. Estas asas projectam-se acima do bocal realçado com filete a ouro. Na base, carimbo circular preto, onde se inscreve Fructuoso Coimbra. Pintado à mão, igualmente a preto, nº 4.

Seria muito estranho que duas fábricas distintas usassem a mesma denominação. Assim, cremos serem as duas peças da mesma origem. O recurso à estampilha e a técnica utilizada parecem-nos idênticos.
Quanto a possíveis influências, encontramos paralelismo com determinada produção da fábrica francesa de Sainte Radegonde, de cerca de 1930-40, de que aqui mostramos alguns exemplos retirados da net, cujas decorações remetem, por sua vez, em nossa opinião, para um certo grafismo alemão dos anos 20 de inspiração neo-rococó..