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domingo, 3 de setembro de 2017

Taça branca e ouro – Vista Alegre


Taça art déco de porcelana moldada e relevada, com corpo troncocónico invertido, de cor branca, com bordo realçado a ouro subtilmente evasé, assente sobre pé canelado também a ouro. No fundo da base carimbo «V. A.» sobrepujando «Portugal» (marca nº 31 - 1924-1947) e, inscrito na pasta, «18».
Data: c. 1930
Dimensões: Ø 31 cm x alt. 9 cm


Esta taça, fruteira ou centro de mesa, de forma depurada, não deverá ser criação nacional. Mais uma vez estamos em crer que se trata de modelo importado que diríamos francês, talvez de Sèvres, dada a quantidade de peças identificadas daí provenientes produzidas pela Vista Alegre – não nos podemos esquecer que o seu director artístico, J. Cazaux (datas desconhecida), era dessa nacionalidade e nela trabalhou durante pelo menos parte dos anos 20 e 30 do século passado.

Modelo recorrente neste período, formalmente elegante no seu despojamento moderno dentro de uma estética art déco, para a qual o anel canelado do pé remete, e a que o toque quente do ouro dá maior refinamento.


Pode ser que algum dos nossos leitores, nacionais ou estrangeiros, nos possa disponibilizar mais alguma informação.


domingo, 2 de outubro de 2016

Ampara-livros «Fauno e Ninfa» de Lejan – Vista Alegre


Par de ampara-livros art déco de porcelana moldada e relevada, craquelé, de cor marfim, composto por duas figuras sentadas, um fauno e uma ninfa, sobre soco sextavado que se prolonga em L na vertical formando o encosto. Em ambos os socos, sob os pés da ninfa e os cascos do fauno, inscrito na pasta «LEJAN». No interior oco das peças, carimbo verde «V.A.» «Portugal» (marca nº 31 - 1924-1947).
Data: c. 1930
Dimensões:
Fauno: Alt. 17,5 x comp. 16,2 cm x larg. 8 cm
Ninfa: alt: 16,5 cm x comp 17 cm x larg.


Este conjunto de ampara-livros foi-nos vendido como pertencente à mesma unidade (ou será que seriam pares de faunos e de ninfas?).

Mas não é essa questão que fundamentalmente nos interessa. A propósito deste ampara-livros e de outras peças assinadas «Lejan» produzidas em Portugal pela Fábrica da Vista Alegre, que temos vindo a apresentar, hoje voltamos à problemática identidade do seu autor.


De Lejan apresentámos, em 2011, peças da Vista Alegre, caso do «Pierrot», em 11 de Novembro (e um post sobre o seu émulo da fábrica francesa Orchies, assinado «Dax», em 13 de Novembro seguinte), do «Arlequim», em 14 de Novembro ou do «Urso polar» em 27 de Dezembro.


Apesar de enigmático é consensual que Lejan, Le Jan, Genvane, Dax, Jeanle, sejam a mesma e única pessoa.

No catálogo da Exposição realizada em 2007 no Musée des Années 30, Sèvres. Boulogne-Billancourt: La ceramique indépendante, p. 124, um apontamento biográfico refere que Lejan “é uma assinatura misteriosa e impenetrável. É nome de artista ou pseudónimo? Existiu realmente ou é um nome utilizado por uma manufactura para assinar as peças de diferentes artistas?”
No livro Les craquelés Art déco: histoire et collections, de Hardy e Giardi, de 2009, que já citámos noutro post, diz-se ser Lejan um prolífico escultor que continua a causar polémica em França, sendo considerada a mais enigmática das personalidades evocadas.
E nós, enquanto coleccionadores e amadores destas coisas, e baseados em documentação e aproximações formais, propomos uma atribuição que pensamos cada vez mais consistente.


A hipótese que levantámos no post dedicado a um peixe craquelé assinado Lejan, em 29 de Dezembro de 2011, no seguimento de uma base de candeeiro da Cerâmica S. Bernardo, de Alcobaça, postada em 21 de Novembro desse ano, que reproduzia nos anos 80 do século XX, uma das bailarinas de Jean-Baptiste Gauvenet (1885-1967) para Sèvres, chamávamos a atenção para as aproximações no maneirismo das torções dos corpos, nos perfis das cabeças e mesmo nas golas do vestuário encontradas nas bailarinas de Gauvenet e os ditos Pierrot e Arlequim de Lejan, da V.A.


Continuámos a fazer análises comparativas, de que aqui damos alguns exemplos, entre obras assinadas Gauvenet para Sèvres, em porcelana, e outras - faianças craquelé em França ou porcelanas em Portugal – com as diferentes assinaturas. Deparámo-nos de novo formalmente com linguagens muito similares.


Por isso, estamos cada vez mais convictos de que o segredo se encontra, de facto, revelado no verbete nº 1049 do Catálogo Geral da Fábrica de Porcelana da Vista Alegre (Portugal), relativo ao artigo escultura «Arlequim», de 1927, que dá como autor Gauvenet, cujo primeiro nome é, afinal, Jean-Baptiste. Assim, Lejan, Le Jan, Genvane, Dax, Jeanle, são vários pseudónimos que Gauvenet terá utilizado para obras não concebidas ou decoradas para Sèvres.



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Jarra art déco «Quatro Asas» - Vista Alegre


Jarra art déco de porcelana moldada, em forma de balaústre, com 4 pequenas asas. Sobre a cor branca base a parte superior do bojo recebeu pintura, sobre esmalte, a preto e hastes florais policromas com folhas e caules a verde. No prolongamento das asas a cor preta, entremeada de flores e folhas, é prolongada até ao pé, seccionando o bojo em quatro partes, por sua vez seccionadas por quatro linhas a dourado. Bocal, pé e parte exterior das asas a dourado, Interior destas últimas a preto. No fundo da base, carimbo V.A. (marca nº 31 utilizada de 1924-1947). Inscrito na pasta «4»
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 25 cm


Sobre este formato nº 1169 (Quatro Asas) produzido pela Vista Alegre a partir de um modelo criado em 1893 para a Manufacture National de Sèvres – o designado «Vase de Bourges» - já escrevemos em 18 de Janeiro deste ano a propósito de outra jarra. E o quão é diferente desta que postamos hoje. Cá está, as decorações transformam as formas, ora secundarizando-as ora acentuando-as. À semelhança da jarra que então postámos, também esta poderá ter decoração importada e executada por Ângelo Chuva.


Adquirida na Feira de Antiguidades Forum Picoas, nos finais da década de 80 do século passado, esta jarra sempre nos agradou, pelo despojamento decorativo e forte contraste do preto e branco, complementados pelo dourado, assim como pela policromia acentuada, mas muito subtil, das flores que ressaltam sobre o primeiro.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Serviço art déco de pratos para consommé – Vista Alegre


Meio-serviço art déco para consommé, formado por pratos e taças, de porcelana moldada, de cor marfim. Ambos dodecagonais. A taça assemelha-se a um sólido geométrico cortado a meio, de bojo suavemente escalonado antes de inflectir em direcção à base. É complementada pela presença de duas asas laterais, na vertical, rigidamente angulosas formando cantos e contracantos Quanto ao prato, a aba facetada apresenta uma inflexão junto ao bordo, morrendo num covo dodecagonal liso onde encaixa a taça. No fundo da base, carimbo verde V.A. Portugal [Marca nº 31 (1924-1947)], e, apenas no prato, «1» inscrito na pasta.
Data: c.1930-35
Dimensões: Prato Ø 16 cm; taça Ø 16,5 cm (c/ asas) x Alt. 4,5 cm


As formas geométricas adoçadas e os escalonados, de forte pendor decorativo, remetem para um gosto art déco muito em voga em França na década de 20 que cedo extravasou fronteiras e influenciou, ou serviu de modelo e cópia, como será o caso, estamos em crer, deste exemplar de lavra nacional, como temos vindo a ilustrar. O tom marfim/creme foi muito utilizado em loiça utilitária de porcelana da Vista Alegre, (mas não só, pois já aqui mostrámos objectos decorativos de igual cor) por contraponto ao branco puro, enquanto cor mais privilegiada para receber a aposição de decorações.


domingo, 23 de agosto de 2015

Jarra art déco com três asas (grande) e flores cor-de-rosa – Aleluia-Aveiro


Hoje apresentamos mais uma jarra art déco com três asas da Aleluia-Aveiro. Se no post de 24 de Julho passado apresentámos o modelo 20, hoje postamos o modelo 21. Trata-se da mesma forma, embora esta de maiores dimensões. Sobre as suas muito prováveis origens germânicas, com base numa criação da Rosenthal, também escrevemos então.

De cor branca de fundo, a jarra recebeu decoração estampilhada manualmente a preto e cor-de-rosa, a cheio e em aguadas. Entre as caneluras do bojo, debruadas por filete preto e aguada, pendem festões vegetalistas estilizados, com folhagem a preto e aguada a enquadrar duas flores, uma de maior dimensão parcialmente sobreposta a uma de menor tamanho, nos tons de rosa e apontamentos a preto. Pendem de um anel cor-de-rosa aguado com perolado mais intenso, delineado por duas fiadas de filetes a preto, que cinge a parte inferior do colo. Este é ornado por folha composta digitada (motivo que se repete no início e fim dos festões, a lembrar as folhas do castanheiro-da-Índia) pendendo do filete a preto que realça o bocal, entre as ligações superiores das três asas cujas extremidades são pintadas a preto, a cheio e duas aguadas, em degradé. O pé saliente é delineado na extremidade por aguada e filete preto sobrepujados por perolado da mesma cor. No fundo da base, dois carimbos rectangulares a preto, um «Fábrica Aleluia-Aveiro», outro «Fabricado em Portugal», e, inscrito na pasta, «21» seguido de «B» pintado à mão a preto, ao lado de «†» (?) inscrito na pasta.
Data: c. 1935-45
Dimensões: alt. 20,5 cm

Estamos perante o modelo nº 21, e a segunda decoração da série, como indica a letra «B». Esta jarra aparece representada no Catálogo de loiças decorativas das Fábricas Aleluia-Aveiro,de inícios da década de 40, com mesma dimensão e numeração.


Nota: Quando no referido post anterior escrevemos a propósito da jarra «Ângelo», da Vista Alegre, não estamos exactamente perante a mesma forma, como, por lapso, referimos, mas uma sua variante com quatro asas, como MAFLS muito bem notou. 

sexta-feira, 24 de julho de 2015

Jarra art déco com três asas (pequena) – Aleluia-Aveiro


Jarra de faiança moldada e relevada, piriforme, com bojo seccionado regularmente por caneluras verticais e três pequenas asas entre o colo e a parte superior do bojo. Sobre a cor creme de fundo recebeu decoração estampilhada manualmente a preto e castanho. Entre as caneluras, debruadas por filete preto, recebeu festões vegetalistas estilizados que pendem de um anel perolado que cinge a parte inferior do colo sendo a parte superior do mesmo decorado por duas folhas cruzadas, onde liga a parte superior das asas que são, em ambas extremidades, pintadas a preto em degradé, simulando o esfumado do aerógrafo. Assenta sobre pé saliente realçado por filete preto e aguada acastanhada. No fundo da base, a preto pintado à mão, «Aleluia Aveiro» e, inscrito na pasta, «20» seguido de «A» igualmente a preto pintado à mão.
Data: c. 1935 - 45
Dimensões: alt. 12,5 cm



Trata-se pois do modelo nº 20, e a primeira decoração da série, como indica a letra «A». No Catálogo de loiças decorativas de inícios da década de 40, aparece representada jarra idêntica, com mesma dimensão e numeração, mas com o nº 20-B, ou seja, a segunda da série. Haveremos de postar o modelo nº 21 de maiores dimensões e outras decorações.


Estaremos, uma vez mais, perante um exemplo de contaminação com a produção da vizinha Fábrica da Vista Alegre. Ao observarmos a jarra «Ângelo», que ilustramos, não há dúvida de que estamos perante a mesma forma. A jarra aparece-nos referida na bibliografia existente como tendo sido criada na Vista Alegre em 1937. Todavia, e mais uma vez a ironia do desconhecimento sobre a produção nacional, a fábrica alemã de porcelanas Rosenthal produziu este modelo na mesma década de 30, e não cremos que tenha sido ela a copiar um modelo português.


Aliás, a Rosenthal parece ter sido uma razoável fornecedora de modelos para o mercado nacional das fábricas de cerâmica, caso da Vista Alegre ou Sacavém e, provavelmente por acréscimo, da Aleluia-Aveiro como será o caso do exemplo de hoje.


A propósito de Sacavém, aproveitamos para exemplificar um dos casos mais flagrantes de utilização de um modelo escultórico alemão da Rosenthal e os equívocos que, mais uma vez, o desconhecimento introduz no discurso nacional vigente sobre o assunto.

Trata-se da escultura de mulher nua sentada, que na obra «Fábrica de Loiça de Sacavém» de Ana Paula Assunção aparece, na página 125, erradamente identificada como sendo da autoria de Donald Gilbert. Como ilustramos, trata-se também de uma peça concebida pela Rosenthal, criada em 1934 pelo escultor alemão Gustav Adolf Bredow (Krefeld, 1875 - Stuttgart 1953). Basta saber ver a obra de Donald Gilbert, um artista moderno, para se perceber que tal peça, de estética profundamente reacionária, já da época hitleriana, não poderia nunca ser criação sua. Uma obra sem garra.


Como tivemos oportunidade de desvendar na palestra «À conversa com …», realizada no Museu de Cerâmica de Sacavém, em 24 de Maio de 2014, intitulada «Modelos e referências estrangeiras na produção da loiça de Sacavém na 1ª metade do século XX», a influência alemã é bastante grande em Sacavém.

Habitualmente só se refere a importação de modelos ingleses, mas como se vê a Alemanha (fábricas como a referida Rosenthal, a Max Roesler, a Schramberg, a Sörnewitz-Meissen, etc.), mas também a França (apresentamos dois exemplos da Fábrica de Sainte Radegonde), deram contributos significativos para esta fábrica. São, por agora, apenas alguns exemplos, mas voltaremos ao assunto a propósito de outras peças.




quarta-feira, 27 de maio de 2015

Ainda a propósito do serviço de café art déco verde da Vista Alegre

O modelo da Vista Alegre anteriormente apresentado é, evidentemente, importado. Como nenhum dos nossos seguidores nos disse nada, decidimos desvendar o mistério…


Trata-se da forma «Regent» desenhada por Eric Slater para a inglesa Shelley Potteries e aí produzida a partir de 1932.

Como se pode ver na fotografia (lamentamos a má qualidade da imagem, mas ao ocupar duas páginas não é fácil reproduzi-la), o açucareiro e a manteigueira da versão portuguesa nada têm a ver com o modelo original.

Na obra de onde retirámos a fotografia é referido que as asas têm sido comparadas a metade de um par de tesouras. Não podemos estar mais de acordo. Refere ainda que o modelo foi buscar inspiração a peças do século XIX, o que não deixa de ser interessante ao olharmos para a manteigueira da versão da Vista Alegre de claro gosto oitocentista.

sábado, 23 de maio de 2015

Serviço de café art déco de cor verde – Vista Alegre


Serviço de café, art déco, para 6 pessoas, de porcelana moldada, de base branca com pintura exterior a verde, aplicada a aerógrafo, e com apontamentos manuais a ouro nos bordos e nas asas e pegas, em reserva a branco, tal como os interiores. Composto por cafeteira, açucareiro, leiteira, manteigueira e chávenas com respectivos pires, as pegas das tampas são circulares, repetindo-se nas pegas laterais acrescidas de um reforço, lembrando uma vírgula. Excepção são as asas do açucareiro, em forma de espátula estriada, e a pega da manteigueira. No fundo da base, carimbo verde V.A. Portugal (marca nº 31 - 1924-1947).
Data: c.1930
Dimensões: Variáveis



Em nossa opinião trata-se de um conjunto pouco coerente, apesar de moderno na sua gramática art déco, que parece ter resultado da colagem de elementos retirados de vários modelos, muito provavelmente importados. Se a cafeteira, a leiteira e as chávenas, apresentam as mesmas características formais, já as asas do açucareiro subvertem essa coerência. Quanto à manteigueira, embora tenha sido adquirida como parte do todo, ou não fazia parte deste serviço, ou então a sua forma, sobretudo a pega, e mesmo a decoração, com as suas listas brancas debruadas com filete a ouro, são uma incongruência, demasiado agarradas a modelos oitocentistas. 

Em Portugal recebeu a designação de formato «Liverpool». Surge ainda ilustrado no catálogo de serviços «Porcelanas Portuguesas Vista Alegre. Fábrica de Porcelana da Vista Alegre, Lda», posterior a 1947





quarta-feira, 29 de abril de 2015

Jarra art déco com asas – Vista Alegre


Jarra art déco de porcelana moldada de bojo esférico achatado e colo alto e estreito com duas asas. Sobre a porcelana vidrada branca, em reserva junto ao bocal e em parte da decoração, foi aplicado, a aerógrafo, um fundo laranja-forte, que recebeu uma composição raiada a negro e cachos de flores estilizadas, formadas por círculos concêntricos que cingem a zona de estrangulamento pendendo sobre o bojo. Bocal com pinceladas irregulares, descendentes, a ouro, sobre branco. No fundo da base carimbo verde V.A. Portugal. Pintado à mão, a preto, «26» e inscrito na pasta, também à mão, 14-51 (?).
Data: c. 1930 - Marca nº 31 (1924-1947)
Dimensões: Alt. 12 cm x Ø 12 cm




Trata-se de um modelo da fábrica de porcelana da Vista Alegre, de 1921, próximo de formas estrangeiras ainda Arte Nova, com uma decoração de flores circulares concêntricas que remetem para os círculos órficos de Robert e Sónia Delaunay, de cores fortes e contrastantes, patente em pinturas como «A Portuguesa» ou «Mercado do Minho», e igualmente presentes em obras de Eduardo Viana e mesmo de Amadeo de Sousa-Cardoso.


Flores próximas desta tipologia, embora numa paleta cromática menos carregada, aparecem-nos em outras peças da Vista Alegre, caso da jarra ilustrada em 28 de Março de 2013, que como tivemos mais tarde oportunidade de referir encontram o seu referencial em obras de E. Margerie, editadas por P. Bastard (ver jarra postada em 20 Agosto do mesmo ano). Muito provavelmente estaremos, uma vez mais, perante uma decoração, se não importada, pelo menos inspirada em motivos internacionais, sobretudo franceses.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Prato de cozinha com motivo «Varina» - Sacavém


A peça de hoje surge a propósito da exposição «Varinas de Lisboa – Memórias da Cidade», que inaugura amanhã no Pavilhão Preto do Museu da Cidade (futuro Museu de Lisboa – Palácio Pimenta), onde para além de pintura, gravura, fotografia, escultura, etc., também poderão ver algumas cerâmicas e vidros cujo motivo decorativo ilustra este verdadeiro ícone lisboeta.

Trata-se de um prato de cozinha de faiança moldada, formato circular com aba larga e lisa. Decoração central com motivo de varina policroma, pintada à mão, sobre fundo branco. Bordo com barra aerografada a cor-de-laranja que se esfuma em direcção ao centro. No fundo da base, carimbos verde Gilman & Ctª – Sacavém – Portugal e 2 (?).
Data: c. 1935 - 45
Dimensões: Ø 37 cm x alt 6,3 cm


Particularidade interessante, o desenho fruste e popular da figura da varina de corpo inteiro que decora o fundo do prato da Fábrica de Loiça de Sacavém, uma mulher de trabalho, foi claramente picado de um desenho mais erudito que adorna prato da Vista Alegre, de cerca de 1930-35 e que aqui se apresenta. Neste caso a varina, elegante e requintada, desfila como quem se exibe numa passerelle. Ambos podem ser vistos na referida exposição.


domingo, 18 de janeiro de 2015

Jarra «Quatro Asas» com decoração de flores e frutos - Vista Alegre


Jarra de porcelana moldada, em forma de balaústre, com 4 pequenas asas a negro na parte superior do bojo. De cor branca, é decorada com flores e frutos policromos que pendem do bocal sobre fundo inicialmente a preto. No fundo da base, dado ter sido furada para adaptação a candeeiro, não tem marca, embora fosse a marca nº 31: carimbo V.A. (1924-1947). Inscrito na pasta «13» e pintado à mão «33» (?).
Data: 1929
Dimensões: Alt. 25 cm


Faz este mês 14 anos que adquirimos a presente jarra. Hesitámos comprá-la quando a vimos à venda num ajuntador (loja/armazém de velharias) ao Conde Barão. Tinha sido transformada em candeeiro com uma guarnição metálica de gosto duvidoso (temos consciência da subjectividade da afirmação, mas…) envolvendo base e bocal. Desmontada a estrutura metálica e lavada ficou com muito melhor aspecto, apesar do bárbaro buraco no fundo da base que mandámos restaurar. Valeu a pena. A peça recuperou a dignidade perdida.

Podemos ler em MAFLS que se trata do motivo decorativo P.799, aprovado em 22 de Janeiro de 1929 pelo director artístico da Vista Alegre, J. Cazaux, para este formato, o 1169 (jarra Quatro Asas), e que a pintura foi executada por Ângelo Chuva a partir de um modelo adquirido pela empresa.


De facto, o modelo foi desenhado por Joseph Chéret em 1893, para a Manufacture National de Sèvres, onde recebeu a designação «Vase de Bourges», que se ilustra com uma decoração Art Nouveau de1903 com penas de pavão.

No cômputo geral das importações de modelos estrangeiros, como já tivemos oportunidade de escrever e ilustrar, será a Manufacture National de Sèvres, sem dúvida, a grande fornecedora, tanto de formas como de decorações, para a fábrica Vista Alegre nas décadas de 20 e 30.


Sendo uma forma do período Arte Nova, em Portugal, pelo menos, foi mantida no período Art Déco com decorações várias reflexo do sucesso que terá tido.