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domingo, 8 de julho de 2012

Máscara de parede art déco da Royal Dux - Checoslováquia


Máscara de parede de faiança esmaltada a branco-rosado representando uma face feminina, dentro da gramática art déco, a três quartos, vendo-se do lado direito o cabelo ondulado caindo em caracol abaixo do nível da orelha (tapada), risco ao lado e franja penteada para a esquerda, à maneira de Greta Garbo, e com os olhos semi-cerrados e boca aberta como se gritasse. No tardoz, carimbo azul da Royal Dux (1918 – 1947) com a bolota dentro do triângulo inscrito num círculo com Made in Czeschoslovakia. Inciso na pasta 14835. III
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. c. 29 cm x larg. c. 22,5 cm x 9 cm



Interessou-nos esta cabeça de jovem mulher pela distância que há entre ela e as suas congéneres cujos modelos, às centenas, adornavam as casas à época. Pensemos nas produzidas pela Goldscheider, e em tantas outras coloridamente fabricadas um pouco por toda a Europa. Veículos de mundanidade superficial que condiziam plenamente com os ambientes de evasão tão típicos nos anos 20 e da década seguinte. Na verdade poucas máscaras monocromas conhecemos como esta da Royal Dux.


Um exemplo de máscara tendencialmente monocroma é a que Canto da Maia criou, mas o seu espírito traduz serenidade e um refinamento elegantes, precisamente o contrário da carga de angústia que a peça que hoje apresentamos contém.


A primeira aproximação que estabelecemos, para além da evidente distância de qualidade artística, foi com a cabeça da «Monserrat Gritando» de Julio González, embora de datação posterior. E aproximámo-las por antonímia. Se nesta última é a angústia da camponesa pobre que se manifesta face à tragédia e ao horror da Guerra Civil de Espanha, nesta máscara de jovem burguesa a angústia será a expressão de um sentimento íntimo dominado pelas convenções sociais. E neste ponto, divagando, podemos pensar em «O Grito» de Munch todo ele exteriorização física de uma angústia existencial. Ao expressionismo da cabeça de González e da pintura de Munch opõe-se o sentimento bem comportado de uma peça destinada a adornar ambientes burgueses. No entanto, colocada na solidão de uma parede, incomoda e ganha uma força inusitada. Afinal, três expressões anónimas de um mesmo sentimento humano.


sexta-feira, 29 de junho de 2012

Busto de sátiro art déco – Canto da Maia

A peça que apresentamos serve para evocar a exposição que ontem foi inaugurada no Museu Nacional de Arte Contemporânea – Museu do Chiado com o título «O Modernismo Feliz: Art Déco em Portugal: 1912-1960».

Tardava uma exposição sobre Art Déco em Portugal. Agora que vai passando o deslumbramento pelo design, que muitos à boca pequena dizem não suportar, começava a ser escandaloso o esquecimento de um período de mais de 30 anos que, de certa forma, moldou a paisagem urbana e o gosto estético no país. Era um desejo antigo, que já vinha dos anos 80 do século passado, e que agora, felizmente, se realiza. Esperemos que esta exposição seja apenas o princípio de um estudo mais aprofundado e abrangente do estilo dentro de um contexto internacional.


Escultura de terracota, à cor natural, representando um busto de sátiro num êxtase sorridente e sensual. A figura mitológica, com barba e cabelo estilizados, remete para a Antiguidade Greco-Romana reinterpretada ao gosto art déco. Embora não assinada, é de Ernesto Canto da Maia (ou Maya) (1890-1981) e provém da colecção da família do escultor.
Data: c. 1930
Dimensões: alt. 21 cm x comp. 14 cm x larg. 14 cm



Trata-se do estudo para a obra final de cimento (ver fotografia a preto e branco), destinada a decoração de jardim, cujo busto, com as dimensões alt. 39 cm x comp. 33 cm x larg. 33 cm assenta sobre plinto com 137 cm de altura.

Escolhemos esta peça porque consideramos serem Canto da Maia e Almada Negreiros os expoentes máximos do estilo em Portugal. Esperamos voltar ao assunto.


À custa do “esquecimento” acima referido se vai destruindo muito do legado arquitectónico Art Déco/Modernista, que alguns dizem ser a fase difícil da arquitectura portuguesa, para gáudio de especuladores e apêndices e empobrecimento do nosso património edificado, cultural e artístico.

Após a exposição « Art Déco 1910-1939» realizada em Londres, em 2003, no Victoria and Albert Museum, o estilo sofre nova revalorização e fortalecem-se, a nível mundial, rotas do Art Déco que são fonte de rendimento graças aos importantes fluxos turísticos que potenciam.