domingo, 29 de outubro de 2017

Jarra 734-A – Aleluia-Aveiro


Hoje voltamos à produção dos anos 50 da Aleluia-Aveiro com uma peça que achamos muito engraçada, pois lembra-nos o corpo de ave com pescoço virado para trás, sem cabeça e patas. Ideia reforçada pela decoração que parece remeter para asas.


Trata-se de uma jarra de faiança moldada e relevada, freeform, de bojo pançudo e colo lateral curvo com incisões que delimitam as cores. A decoração é simétrica, de bandas sinuosas, a preto, branco-nacarado e cor-de-laranja, que enfatizam as laterais, sobressaindo o dorso branco e o “peito” branco-nacarado. Interior a amarelo-nacarado. No fundo da base, carimbo circular a castanho «Aleluia-Aveiro» envolvendo «//» pintados à mão, a preto, sobrepujando «Fabricado Portugal», inscrito num rectângulo. Pintado à mão, a preto, «734-A» (forma e decoração). Foi furada junto à base, na parte de trás, e no fundo da base, para adaptação a candeeiro.
Data: c. 1955-60
Dimensões: Alt. 26 cm x comp. c. 22 cm x larg. c. 15 cm



domingo, 22 de outubro de 2017

Prato de serviço de mesa art déco de Marcel Goupy para a Casa Rouard


Já aqui postámos, em 17 de Setembro de 2012, dois outros pratos deste mesmo serviço art déco, de faiança moldada e relevada, criado por Marcel Goupy e editado pela Casa Rouard que recebeu a designação «Sologne». Difere dos anteriores na decoração do medalhão circular central. Neste caso, uma corça salta deixando para trás uma árvore. No fundo da base, carimbo a preto com a assinatura «M. Goupy» e, dentro de uma cartela representando em corte uma taça, «Rouard – France». Inscrito na pasta «B9».
Data: c. 1925
Dimensões: Ø 25,5 cm;



Este mesmo modelo com outra decoração esteve presente no pavilhão da Exposição de Paris 1925 que a Casa Rouard partilhou com Jean Puiforcat e a revista Art et Décoration, como então escrevemos e que agora apresentamos numa imagem do catálogo geral da exposição.


domingo, 15 de outubro de 2017

Jarra art déco com flores de Raoul Lachenal – França


Jarra art déco de grés porcelânico, modelada em forma de balaústre, de cor verde-bronze antigo mate, com decoração de flores estilizadas, a branco-mosqueado igualmente mate, de corolas poligonais irregulares, raiadas a partir de centro circular. As flores, de diferentes tamanhos, serpenteiam de um só lado subindo pelo bojo, num esmalte espesso delineado a corda seca. Bocal saliente em forma de anel liso. No fundo da base, pintado à mão, a castanho, «Raoul Lachenal».
Data: c. 1920
Dimensões: Alt. 18 cm


Trata-se de uma peça bem exemplificativa do abandono da estética Art Nouveau por Raoul Lachenal que, mantendo o japonismo, aligeira e geometriza a decoração de acordo com os novos cânones que a exposição de Paris de 1925 haveria de sintetizar. Uma estética que, na sua simplificação de formas e decorações, oscilou entre o culto do objecto único e irrepetível e a produção seriada para consumo mais alargado.

Claramente influenciada pelas formas e decorações do Extremo Oriente, esta jarra remete igualmente para os trabalhos de bronze dessa região e para a dinanderie tão em voga na França à época.

A técnica do petit feu utilizada por este ceramista, que integra um grupo menos preocupado com a tradição, procura a renovação da arte milenar da cerâmica graças a novas experimentações mais abertas ao tempo que passa, às modas ou à própria personalidade dos criadores. (Edgar Pelichet – La Cèramique Art Déco, 1988).

Dado o esmalte verde-bronze não recobrir uniformemente a superfície da jarra, transmite a ilusão de uma pátina antiga, de matéria envelhecida e suja pelo tempo, ideia retomada no branco-mosqueado das flores, o que confere à peça um requinte e uma sumptuosidade de grande expressividade.

Raoul Lachenal, percebendo o seu tempo, foi dos poucos grandes ceramistas mundiais, a par de Bonifas, que, sem abdicar da peça artística e única, procurou produzir seriados.


Um aparte: quando, na nossa colecção, integramos peças Arte Nova japonizantes, pretendemos ilustrar, para nosso gozo pessoal, a evolução de um gosto que marcou indelevelmente a estética ocidental e a Art Déco em particular, de que esta jarra é um modelo exemplar.

domingo, 8 de outubro de 2017

Jarro (pequeno) art déco - GAL


Em 7 de Outubro de 2013, a propósito de uma caixa da efémera Fábrica de Faianças Gal (1935 a 1937), apresentámos um jarro idêntico (retirado de MAFLS) ao que hoje postamos. Trata-se do modelo nº 223, embora, infelizmente, o nosso exemplar nos tenha chegado sem tampa. Com a decoração nº 39, tal como a caixa, relativamente a esta apresenta uma ligeira diferença cromática no castanho.
  

Jarro art déco modernista, de faiança moldada, com bojo tendencialmente esférico e colo cilíndrico com bico triangular saliente. Asa curva que, emergindo junto ao bocal, se interliga na zona central do bojo por um elemento recto, de cor branca com decoração geométrica aerografada, sobre o vidrado, a castanho e verde. O bojo, e prolongando-se na parte inferior da asa, é cintado por faixa verde enquadrada de castanho, e na sua parte superior, de cada um dos lados, recebeu uma composição linear, em que duas faixas paralelas, desencontradas, são interligadas por faixa vertical a eixo. Faixas, bicromas, contornam bocal e bico, prolongando-se pela parte superior da asa. No fundo da base, pintado à mão a castanho, «GAL» e «223/39».
Data: c. 1935-37
Dimensões: Alt. 12,5 cm


No referido post escrevemos sobre a influência que a produção alemã da República de Weimar, de finais dos anos 20 e inícios da década seguinte, teve na produção nacional, e em particular na GAL e concluímos mesmo que um modelo de jarro da Carstens-Georgenthal, de c. 1931, parece estar na génese desta peça. Nada mais temos a acrescentar, mas haveremos de postar outras versões cromáticas e tamanhos desta forma.