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quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Jarras da Fábrica do Outeiro - Águeda


Da cerâmica produzida na região de Aveiro, para além das sobejamente conhecidas Aleluia e Vista Alegre, temos duas jarras, que hoje postamos, da Fábrica do Outeiro, em Águeda, fábrica da qual nada sabemos.

Na verdade pouco nos diz o tipo de faiança que aí foi feito e, de uma maneira geral, nem temos particular interesse na sua produção. Não fora a forma destas peças nos ter chamado a atenção por outras razões.


A maior, adquirimo-la em Maio de 1999 na feira de velharias e antiguidades que, então, se realizava, no Forum Picoas. A mais pequena, comprada em 2005 num bazar de Natal. O modelo entrava dentro da gramática formal que nos ocupa.


Jarras de faiança moldada, trilobadas em forma de leque, com decoração, pintada à mão, de flores e folhas. No fundo da base, pintado à mão, a preto, na de maiores dimensões: «Outeiro» «Águeda» e «276»; na outra, «Outeiro» «Águeda» «Portugal» e «396»
Data: Entre 1940-60 (?)
Dimensões: Grande: Alt. 17 cm x comp. 28 cm x larg. 14,5 cm (máximos)
                    Pequena: Alt. 10,5 cm x comp. 17 cm x larg. 8 cm (máximos)


Esta forma art déco será cópia de um modelo da fábrica alemã Carstens-Uffrecht concebido por volta de 1930. Estamos em crer que os exemplares nacionais datarão da década de 40 ou mesmo de 50. Pode ser que entretanto encontremos novas datações. Imaginem a surpresa se fossem anteriores…


Partindo do princípio que estamos perante uma cópia, não deixa de ser interessante constatar que o espírito da peça alemã remete para uma produção de massa vanguardista dentro da estética art déco modernista, por oposição à produção portuguesa de gosto mais popular. Reflexo de duas realidades socias e culturais radicalmente opostas.


A decoração da jarra grande, com as suas flores e folhas muito nítidas, que ressaltam sobre fundo azul, remete para decorações idênticas que encontramos na produção de Sacavém dos anos 50. A da jarra pequena, muito mais conservadora, tem ainda um carácter vagamente arcaico, com as suas florinhas e folhagem, dada por pequenas pinceladas rápidas, que preenchem totalmente a superfície. Em ambos os casos a padronagem têxtil é muito evidente.


Dos exemplos que conhecemos do modelo da Carstens-Uffrecht, que aqui se ilustram, seleccionámos decorações que remetem também para outras produções portuguesas, como a da Fábrica Lusitânia, tanto das unidades de Lisboa como de Coimbra. Veja-se como também a forma, em versão alongada, é próxima das que já postámos em 7 de Janeiro de 2013, 7 e 8 de Fevereiro e 12 de Julho de 2015.


Não há dúvida que a influência da criação alemã pré-hitleriana é transversal à produção nacional dos anos 30 e mesmo sequentes. O que, num país como o nosso, com um fascismo de teor ruralizante, não deixa de ser curioso. A merecer melhor reflexão.

sábado, 12 de setembro de 2015

Prato de cozinha art déco cor-de-rosa com flores estilizadas – Lusitânia-Coimbra


Hoje trazemos um prato de cozinha, idêntico ao anterior e igualmente da «Lusitânia ELCA – Coimbra – Portugal», como indica o carimbo a verde, diferindo apenas na dimensão, na cor rosa, igualmente a esfumado ou a cheio mais intenso, e no acréscimo do motivo aerografado em zig-zag que circunda o bordo.
Data: c. 1930 - 40
Dimensões: Ø 34,3 cm x alt. 4,5 cm



domingo, 6 de setembro de 2015

Prato de cozinha art déco verde com flores estilizadas – Lusitânia-Coimbra


Prato de cozinha de faiança moldada, circular com aba larga e lisa. De cor branca com decoração, estampilhada e aerografada, a verde esfumado, no centro do covo, com motivo de flores estilizadas de gramática art déco. Bordo aerografado a verde esfumado. No fundo da base, carimbo verde «Lusitânia ELCA – Coimbra – Portugal».
Data: c. 1930-40
Dimensões: Ø 37 cm x alt. 6 cm


Este é mais um caso, como veremos no próximo post e como temos vindo a mostrar, que permite aferir que uma mesma estampilha e técnica foram coetaneamente utilizadas em peças produzidas nas unidades da fábrica Lusitânia de Coimbra e de Lisboa.

Fábricas nacionais como Sacavém, Massarelos e Lusitânia, tanto na unidade de Lisboa como de Coimbra, e, mais tardiamente, a Lufapo, herdeira das últimas, e a Cesol produziram pratos de cozinha e saladeiras, entre outras peças, com decorações recorrendo a estampilhas e a aerógrafo, onde predominam composições de gosto art déco.


Apesar de acrescida de pequenos apontamentos vegetalistas e ligeiras modificações reconhece-se que a mesma composição floral do exemplar de hoje foi utilizada, em finais da década de 40 e/ou já na seguinte, em peças fabricadas pela Cesol (ver MAFLS). Permanências de um estilo que em Portugal conquistou uma popularidade longeva como temos mostrado na cerâmica, mas igualmente noutros campos como foi o caso da arquitectura popular. 

sábado, 1 de junho de 2013

Gato art déco da Lusitânia - Coimbra


Peça de faiança moldada representando um gato sentado, de cor creme com apontamentos a preto. A expressão do focinho suspensa entre o surpreso assustado e triste, mas simultaneamente cómica. No fundo da base, carimbo azul Lusitania Coimbra e inscrito na pata nº 170 (?).
Data: c. 1930
Dimensões: alt. c. 10,2 cm x comp. 9 cm x larg. c. 4,5 cm


As vicissitudes do tempo não foram muito clementes para com esta pequena peça decorativa que chegou às nossas mãos colada no pescoço e na cauda. Cá está, por vezes compra-se (quando o preço o justifica, claro, e que neste caso foi irrisório) uma peça partida ou mais gasta, sempre na expectativa de um dia encontrar um exemplar em melhores condições, desde que ilustre a produção nacional do período e da sensibilidade estética que nos importa ilustrar.


Apesar do aspecto menos alegre, diríamos mesmo infeliz, deste gato produzido pela Lusitânia-Coimbra, encontramos nele algum eco do célebre Gato Felix (Felix the Cat), personagem do cinema de animação do tempo do cinema mudo e da BD norte-americana criada em 1919. Terá sido concebido pelo cartoonista norte-americano Otto Messmer (1892 - 1983) para o estúdio nova-iorquino de Pat Sullivan (1887 Austrália – 1933 EUA), embora este último, produtor cinematográfico e também cartoonista, desde logo tenha reivindicado a sua criação. O sucesso estrondoso do boneco no meio cinematográfico entrou em declínio com o sonoro, e a partir de 1930 acabou por praticamente desaparecer. Na década de 50 passou a ser redesenhado por Joseph "Joe" Oriolo (1913 – 1985), que lhe deu novo fôlego tanto na BD como na televisão. Este cartoonista foi o criador de outra personagem da BD de grande sucesso, Casper the Friendly Ghost (Gasparzinho).

sábado, 2 de março de 2013

Jarra de suspensão art déco - Lusitânia-Coimbra




Jarra de faiança moldada, de pendurar na parede, em forma de meia flor campanulada e polilobada, policroma, com decoração de escorridos e manchas aplicados a aerógrafo controlado por estampilha. Do bocal pendem escorridos cor-de-laranja sobre fundo azul pálido que dá lugar ao esverdeado e ao arroxeado na base da corola, manchada num granitado cinza-azulado, e se prolonga no cálice igualmente bordejado por escorridos laranja. Interior branco. No tardoz, carimbo preto «Lusitania Coimbra» e, inscrito na pasta, «T» (?).
Data: c. 1930-35
Dimensões: Alt. 26,5 cm x larg. 18 cm


A aparência aleatória dos escorridos engana o olhar dado os mesmos terem sido aplicados de formas distintas e perfeitamente controladas. Primeiro o laranja do bocal, de cima para baixo, registando-se depois uma inversão da aplicação das demais cores que escorrem da base para o bocal, tendo-se o azul pálido sobreposto ao laranja.


Mais uma vez um exemplo da profunda influência alemã, dos anos 20 e 30, quer na forma quer na decoração quer nas cores, com o laranja estridente (obtido com óxido de urânio?) tão utilizado nas cerâmicas art déco em vários países, especialmente da Europa Central, Reino Unido e Portugal. Decoração semelhante encontra-se aplicada no modelo de caixa que apresentámos anteriormente  ilustrado por MAFLS.

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Azulejos art déco da Lufapo-Lusitânia-Coimbra




Azulejos de padrão 2 x 2, estampilhados com motivos geométricos de quadrados em dois tons de azul, ao gosto art déco. Cada módulo é constituído por uma composição de três quadrados dispostos na diagonal. Nos vértices do desenho central (composto por um quadrado em reserva, oblíquo em relação à forma quadrada da placa cerâmica, envolvido por quadrado nos dois tons disposto paralelamente à mesma) sobrepõem-se os quadrados listrados pela alternância dos azuis que, em ângulo, dão origem ao quadrado principal, de maiores dimensões, no centro do padrão. No tardoz listrado, em relevo, Lufapo – Lusitania - Coimbra.
Data: c. 1945-50
Dimensões: 15,1 cm x 15,1 cm



Este padrão foi produzido pela CFCL - Companhia da Fábrica Cerâmica Lusitânia por volta de 1930-40, pelo menos na unidade fabril de Lisboa, como podemos constatar no exemplar que integra as colecções do Museu Nacional do Azulejo (MNAz), que abaixo ilustramos, cuja ficha está disponível no Matriznet. Será natural que a sucursal de Coimbra também o tenha produzido na mesma altura. Todavia, esses azulejos são de dimensões ligeiramente maiores (15,4 cm x 15,4 cm) que os aqui apresentados cuja datação é um pouco mais tardia dado que em 1945, a marca CFCL de Coimbra foi substituída pela designação Lufapo Lusitânia Portugal (ver carimbos em MAFLS e Reflexos …) ou a variante utilizada no azulejo, em que Portugal aparece substituído por Coimbra. Se o nome Lufapo também foi aplicado à produção lisboeta não sabemos.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Caixa art déco canelada com flor da Lusitânia - Coimbra


Modelo de caixa igual ao anteriormente apresentado da Lusitânia – Coimbra. Infelizmente falta-lhe a tampa (funciona bem como pequena floreira, mas se alguém tiver uma tampa …). Possuindo decoração diferente, a peça não deixa de ser curiosa a vários níveis. Sobre uma cor de fundo rosada uniforme, foi aplicada uma decoração aerografada com dois tratamentos distintos. A parte inferior do recipiente recebeu uma pintura a aerógrafo em esfumado, num tom laranja avermelhado. A parte superior recebeu nas quatro faces uma decoração art déco de elementos soltos, curvilíneos e muito gráficos, aplicada com duas estampilhas diferentes, uma a laranja avermelhado, com uma flor, a eixo, e outra a castanho.
A peça apresenta um craquelé uniforme que nos levanta dúvidas: se foi intencional ou apenas efeito do envelhecimento da faiança.
No fundo da base, carimbo azul «Lusitania – Coimbra».
Data: c.1935
Dimensões: Comp. 19,2 cm x larg. 12,7 cm x alt. c. 10 cm

domingo, 7 de outubro de 2012

Caixa art déco canelada com escorridos da Lusitânia - Coimbra


Caixa de faiança moldada, certamente uma boleira, de forma tendencialmente prismática quadrangular com decoração policroma de escorridos, aplicados em três níveis distintos. Sobre a cor de fundo, marmoreada a marfim e a azul-claro, escorre uma camada cor-de-laranja forte e sobre esta uma última cor, a azul carregado. As cores terão sido aplicadas a aerógrafo e parcialmente – pelo menos na transição do laranja para o azul - com a ajuda de estampilha. As cores escorrem de forma livre mas controladamente. A taça de secção trapezoidal, apresenta os lados ligeiramente curvos, em evasé, sendo canelada a partir da base até cerca de 2/3 da altura. A tampa, subtilmente piramidal, é truncada pela pega em forma de pentágono alongado. A tampa, suavemente canelada, mantém a mesma ordem de cores. No fundo da base, carimbo azul «Lusitania – Coimbra».
Data: c.1935
Dimensões: Comp. 19,2 cm x larg. 12,7 cm x alt. c. 14,5cm



A contaminar a vertente modernista da art déco em Portugal, mais uma vez a influência do funcionalismo alemão da República de Weimar presente neste exemplar, tanto ao nível da forma como da decoração. Apesar de ainda não termos encontrado o modelo germânico que lhe terá dado origem, estamos convictos da sua existência. Já aqui mostrámos uma caixa Lusitânia da unidade fabril de Lisboa com o seu respectivo modelo. Continuaremos a dar mostras desta preferência, quase contínua, durante os anos 30 e 40 pela estética pré-hitleriana no campo de uma cerâmica mais vanguardista nacional.