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domingo, 8 de outubro de 2017

Jarro (pequeno) art déco - GAL


Em 7 de Outubro de 2013, a propósito de uma caixa da efémera Fábrica de Faianças Gal (1935 a 1937), apresentámos um jarro idêntico (retirado de MAFLS) ao que hoje postamos. Trata-se do modelo nº 223, embora, infelizmente, o nosso exemplar nos tenha chegado sem tampa. Com a decoração nº 39, tal como a caixa, relativamente a esta apresenta uma ligeira diferença cromática no castanho.
  

Jarro art déco modernista, de faiança moldada, com bojo tendencialmente esférico e colo cilíndrico com bico triangular saliente. Asa curva que, emergindo junto ao bocal, se interliga na zona central do bojo por um elemento recto, de cor branca com decoração geométrica aerografada, sobre o vidrado, a castanho e verde. O bojo, e prolongando-se na parte inferior da asa, é cintado por faixa verde enquadrada de castanho, e na sua parte superior, de cada um dos lados, recebeu uma composição linear, em que duas faixas paralelas, desencontradas, são interligadas por faixa vertical a eixo. Faixas, bicromas, contornam bocal e bico, prolongando-se pela parte superior da asa. No fundo da base, pintado à mão a castanho, «GAL» e «223/39».
Data: c. 1935-37
Dimensões: Alt. 12,5 cm


No referido post escrevemos sobre a influência que a produção alemã da República de Weimar, de finais dos anos 20 e inícios da década seguinte, teve na produção nacional, e em particular na GAL e concluímos mesmo que um modelo de jarro da Carstens-Georgenthal, de c. 1931, parece estar na génese desta peça. Nada mais temos a acrescentar, mas haveremos de postar outras versões cromáticas e tamanhos desta forma.


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Jarra art déco - GAL

Mais uma vez na sequência de um post, desta vez de CMP, e de modo a contribuir para o estabelecimento do corpus da produção da tão pouco conhecida GAL apresentamos uma jarra de grandes proporções e decoração inusitadamente extravagante e moderna.


Jarra art déco de vertente modernista, de faiança moldada, forma campaniforme e bojo parcialmente canelado com decoração abstracta aplicada a aerógrafo e apontamentos a preto pintados à mão, sobre o vidrado. Formas geometrizadas a três cores – azul, cinzento e magenta –, mosqueadas, intercaladas e interpenetrando-se, pendem do bocal sobre a cor branca de fundo, com aposição de elementos geometrizados a verde debruados a preto e zona central branca em reserva. Bocal realçado a preto. Pé em anel aerografado a azul. Interior a branco. No fundo da base, pintado à mão a castanho, GAL; 254/44.
Data: c. 1935-37
Dimensões: Alt. 28,3 cm x bocal Ø 23 cm


Peça invulgar no contexto nacional, diríamos mesmo um pouco agressiva, devido à estranheza e estridência da decoração aleada à forma pesada de grandes dimensões, é exemplo da arrojada produção da lisboeta GAL, unidade fabril que, como já foi escrito, teve existência efémera, de 1935 a 1937. Talvez exactamente porque os modelos que produzia, fortemente influenciados pela produção germânica de influência Bauhaus, fossem demasiado modernos para o gosto conservador da sociedade portuguesa de então. E mesmo hoje …


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Caixa art déco - GAL


Como por vezes acontece, os outros blogues à cerâmica dedicados inspiram-nos a seleccionar a peça a apresentar. Assim, a propósito do jarro postado por MAFLS, escolhemos uma peça desta fábrica marginal da produção portuguesa que foi a GAL.

 
Trata-se de uma caixa, provavelmente uma biscoiteira, de faiança moldada, de forma abaulada, ovoide e subtilmente quadrilobada, assente sobre dois pés corridos lateralmente. A tampa acompanha o desenho da taça e tem pega trapezoidal. É de cor beije com decoração geométrica aerografada sobre o vidrado, idêntica à do referido jarro. Uma composição linear, em que duas faixas paralelas, desencontradas, são interligadas por faixa vertical a eixo. As faixas, bicromas, a verde e castanho avinhado, repetem-se junto aos bordos da taça e da tampa. Pés e pega são realçados a castanho. No fundo da base, escrito à mão a castanho, Gal 230/39.
Data: 1935-37
Dimensões: Comp. c. 20 cm x larg. c. 14 cm


Por paralelismo com o referido jarro estaremos perante a forma nº 230 correspondendo o nº 39 à decoração.

Como nos informa MAFLS a fábrica apenas subsistiu cerca de dois anos. Fundada a 27 de Junho de 1935, a empresa foi dissolvida a 20 de Dezembro de 1937, e localizava-se na Rua Alves Torgo, 279, em Lisboa.

Tal como temos vindo a ilustrar, a produção alemã da República de Weimar, de finais dos anos 20 e inícios da década seguinte, foi o motor impulsionador de uma nova estética que revolucionou formas e decorações. A sua influência teve larga divulgação internacional, vindo a ser copiadas ou adaptadas em vários países, de que os EUA e Portugal são exemplos.

Para além de outras fábricas nacionais sobre as quais já tivemos oportunidade de escrever, a GAL encontra-se entre as que mais sofreram essa influência, caso da peça mostrada por MAFLS, que poderá ser uma cópia de um modelo que ainda não detectámos, mas que será, pelo menos, baseada em um jarro concebido pela Carstens-Georgenthal, de c. 1931, que ilustramos, embora o bico remeta para uma peça da Carstens-Gräfenroda, da mesma datação, que haveremos de mostrar, e a tampa com pega de outra. O mesmo se passa com a caixa de hoje e de outras peças que haveremos de postar desta tão pouco conhecida fábrica. 


Daí a importância e o interesse de existirem blogues sobre cerâmica que contextualizem, na sua troca de informação, dados que possibilitem uma leitura outra da produção cerâmica da época, sobretudo nacional. É por isso que estamos cada vez mais convictos que sem conhecermos a produção cerâmica estrangeira, sobretudo alemã, francesa e inglesa, e mesmo a italiana para outro período, não poderemos entender a produção portuguesa.