Mostrar mensagens com a etiqueta Pierrot. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Pierrot. Mostrar todas as mensagens

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Escultura Art Déco “Par carnavalesco”, Fraureuth - Alemanha


Escultura de porcelana moldada e relevada, representando um par carnavalesco, dado que a figura masculina está mascarada de Pierrot e a mulher não será propriamente Columbina. Predominantemente branca, a cor aparece pontuando a azul o traje do homem, enquanto no traje da mulher predomina o amarelo e o rosa. Nos rostos, apontamentos a preto, nos olhos e cabelo, e lábios encarnados. A atitude do par, abraçado, denota romance e sedução. Pierrot, sentado num plinto, tem aos pés um instrumento de corda. A mulher, de corpo flectido, assenta os pés num coxim. Na base, carimbo verde-cinza da fábrica Fraureuth com F inscrito numa oval coroada e, por extenso, Fraureuth Kunstabteilung. Pintado à mão, a azul, 191649 sobrepujando 2.
Data: c. 1919
Dimensões: alt. 27 cm



Comprado num leilão em Lisboa, esta escultura caracteriza-se pela artificialidade da pose e pelo maneirismo das figuras, de corpos e pescoços alongados, a desproporcionalidade dos membros, extremamente frágeis, sobretudo na mulher, e o ondulante corpo desta. Há toda intenção anti-naturalista, na estilização das formas e da postura que nos remetem para o expressionismo, tendência, aliás, muito característica da arte alemã. Tais características transmitem-nos uma certa sensação de estranheza difícil de definir, e que por vezes chega a incomodar. É como a coca-cola que, no dizer de Pessoa, “primeiro estranha-se, depois entranha-se”.

Este modelo foi criado cerca de 1919 por Erna Rosenberg [Nonnenmacher] (Berlim 1889 - ? Londres), para a fábrica Fraureuth.

Casada com o escultor Hermann Nonnenmacher, viveu e trabalhou na Potsdamer Straße 29, em Berlim, onde o pintor germano-americano Lionel Feininger (1871 – 1956) teve o seu estúdio entre 1911-1919.
Enquanto judia, a sua arte foi classificada como degenerada pelos nazis.
O casal acabou por fugir para Londres em 1938, onde passou a residir.


A fábrica de porcelana onde esta peça se produziu, foi criada, em1865, numa antiga fábrica de algodão em Fraureuth, por Arwed Gustav von Römer e Georg Bruno Foedisch, tendo começado por se chamar Römer & Foedisch. Em 1891 passa a nomear-se  Fábrica de Porcelana Fraureuth AG, tendo-se convertido numa das maiores fábricas alemãs, e em 1915 cria o departamento artístico, atingindo os maiores lucros de sempre no ano seguinte. Em 1917 estabelece estúdios de pintura de porcelana em Dresden e em Lichte. E dois anos depois, juntamente com as fábricas de porcelana F. Kaestner e Zwickau, e com o estúdio de pintura sobre porcelana K. Steubler, estabelece a academia de artes para treino de artistas pintores de porcelana, como departamento independente na escola profissional de Zwickau.

Fraureuth continua a expandir-se até 1923 embora, devido a problemas provocados pela introdução de tecnologias que falharam, entre numa derrapagem financeira que a levará à bancarrota em 1926, acabando, finalmente, por ser dissolvida em 1934.

sábado, 5 de maio de 2012

Velador-perfumador art déco “Pierrot” - A. L. Limoges - França




Velador-perfumador de porcelana moldada, de cor branca, com apontamentos a azul e ouro, em forma de Pierrot ajoelhado, estilizado ao gosto art déco, com taça (perfumador) nas mãos em jeito de oferenda. Gorro, punhos e bainhas reviradas a azul claro, e taça, botões e ondulado da gola a ouro. Na base, carimbos a preto, A. L. Made in France, sob a perna esquerda e Modèle déposé, sob a perna direita. Tem instalação eléctrica completa de origem, com pêra de madeira.
Data: c. 1930
Dimensões: alt. 16 cm



Falta a esta peça, que corresponderá ao modelo nº 582, a tampa da taça. Este modelo de Pierrot ajoelhado foi fabricado para outros usos, caso da versão tinteiro, que se distingue da versão velador por não ser electrificado, pela forma da taça, onde encaixa um godet, sobre o qual assenta uma tampa, e pela presença de um pequeno furo para colocar a pena de escrever.

Conhecemos um exemplar que porta a assinatura de Charles Serpaut, que, cremos, tenha sido o autor da peça. Contudo, não sabemos se este modelo se inspirou no, ou deu origem ao, Pierrot editado pela Rosenthal, peça com 17 cm de altura, e cuja imagem também aqui se mostra.

A sigla A. L., que tantas vezes nos aparece, erroneamente, como sendo Aladin, corresponde a uma fábrica de porcelana e atelier de decoração, de Limoges, de Alfred Lanternier. Aliás, esta manufactura, de facto, fabricou peças para outros editores, caso da Aladin, assim como para Robj, por exemplo, o que terá dado azo a esta ideia tão difundida.
Foi a propósito de uma peça editada por Aladin que já aqui escrevemos sobre veladores-perfumadores, em que a luz acesa dentro da peça aquece lentamente o perfume (ou óleo perfumado) que se coloca no recipiente.



Com antecedentes que remontam a 1857, quando François Frédéric Lanternier inicia negócios relacionados com a exportação de porcelana local, a sociedade Alfred Lanternier & Cª foi criada em 1890, em Limoges, por aquele e seu filho Alfred (1859-1932)De 1887 a 1881 Alfred já tinha trabalhado em Inglaterra e tornado representante da Wedgwood para a Europa continental. Em 1914, Alfred associa-se ao cunhado, e cria a A. Lanternier & Cª, fabricando exclusivamente cabeças de bonecas, passando depois do fim da I Grande Guerra a fabricar porcelana utilitária e decorativa. A firma, em 1960, passa a integrar a empresa limosina Gerard, Dufraiss & Abot (GDA).

Já por diversas vezes nos referimos ao historial que as peças sempre transportam. Por vezes, algumas testemunham de forma directa um pouco desse passado, trazendo-nos informações objectivas de factos que acabam por esconder mais do que revelam. É o caso desta peça que apresenta na base, escrito à mão, a lápis, 24/2/932, talvez a data em que o que primeiro proprietário a adquiriu, pelo que acrescentámos, também a lápis, a data 18/12/1998 em que a adquirimos nós, em Lisboa, na Feira da Ladra. Parecendo levantar um véu, criou-se e adensou-se o mistério. Quem a comprou, porque a comprou, onde a comprou? Porque assentou a data? No futuro, se alguém a voltar a comprar, o que pensará das duas datas escritas à mão que passaram a integrá-la?

Francamente, gostamos das peças com história!

domingo, 4 de dezembro de 2011

Duas esculturas de porcelana de Léon Leyritz - França

A estilização do Neo-barroco e do Neo-rococó são exemplo de uma das vertentes do estilo Art Déco no Ocidente. Veja-se a peça Hutschenreuther já apresentada e as duas peças de porcelana moldada do escultor francês Léon Leyritz de hoje.




 Na sua graça e fragilidade neo-rococó, a figura de dama setecentista, com vestido rosa forte, sobre crinolina, que lhe deixa os ombros nus, e mantilha de renda, a preto, segura nas mãos, junto ao peito, um bouquet de rosas da mesma cor do vestido com folhagem a verde. Carnações à cor da pele, rosto pintado e cabeleira branca. Atrás, ao fundo do vestido, inscrito na pasta e realçado a preto, L. Leyritz. Na base, a azul, as iniciais ER, com o E invertido colado ao R.
Data: c. 1920-25
Dimensões: Alt. c. 29,50 cm




Grupo escultórico carnavalesco, numa cena de sedução e erotismo, não muito frequente na produção francesa, entre dois mascarados. Neste exemplar é evidente a opção de não finito no tratamento da modelação por parte do escultor. Uma “Colombina”, de seios nus, finge-se indiferente a um Pierrot que ajoelha a seus pés e lhe beija a orla do vestido, deixando por terra um bouquet de rosas malva e folhagem verde. Na mão direita, no verso da escultura, segura uma guitarra. “Colombina”, como cortesã setecentista, toda de branco, usa uma máscara a preto e um leque de penas na mão direita. Pierrot, de gorro com máscara e sapatos pretos. As carnações em ambas as personagens são à cor da pele. Hastes do leque, sola do sapato de Pierrot e guitarra a amarelo, tendo a última realces a preto. Na base, junto à perna de Pierrot, inscrito na pasta, L.LEYRITZ.
Data: c. 1920-25
Dimensões: alt 20,3 cm x comp. 24,8 cm x larg. 7,2 cm

Reconhecido escultor, sobretudo nas décadas de 20 e 30 do século XX, Léon Albert Marie de Leyritz (1888-1976), para além da pedra e do bronze, foi também ceramista, tendo praticado igualmente pintura a fresco. Nas suas múltiplas facetas de artista, foi, ainda, cenógrafo e figurinista.
Participou, desde 1905 nos diversos Salons de Paris, expondo, a partir de 1922, também no Salão dos Independentes. Ganhou várias medalhas e prémios entre 1912 e 1931.
Participou com trabalhos seus na Exposition Internationale des Arts Décoratifs et Industriels Modernes, Paris, 1925, cuja abreviatura, nos anos 60, haveria de nomear o estilo Art Déco que neste evento conheceu o seu apogeu. Foram dele a escultura que integrava a decoração do interior de um escritório do pavilhão «Studium Louvre», dos Grands Magasins du Louvre, e as esculturas de pedra que decoraram o exterior do pavilhão de «La Maîtrise», atelier de arte das «Galeries Lafayette», criado em 1922 e dirigido por Maurice Dufrêne, cuja fotografia apresentamos. Este atelier teve uma importante actividade, participando em todos os Salons e na maior parte das exposições, abrindo portas à divulgação de vários artistas, entre os quais Aymé de quem aqui também haveremos de mostrar uma peça.

domingo, 13 de novembro de 2011

Pierrot - Orchies DAX









Apesar de, por vezes, a assinatura DAX nos aparecer associada ao grande ceramista Edouard Cazaux, há investigadores que se inclinam para que seja mais um dos vários pseudónimos utilizados pela dupla André Fau e Marcel Guillard para a edição da sua produção.
Esta prolifica dupla de escultores forneceu, sob os diversos pseudónimos já referidos, Lejan, Janle, Dax e Genvane, …, uma vasta variedade de modelos, desde animalística a figuras antropomórficas, aos principais editores de objectos decorativos. Será neste âmbito que nos surgirá a sua colaboração com a fábrica portuguesa Vista Alegre, ou, a acreditar-se que são os mesmos criadores, com a manufactura francesa Faïences et Porcelaines de St-Amand-Orchies-Hamage, responsável pela edição dos exemplares que hoje apresentamos, em duas edições distintas, uma policroma outra em branco craquelé (não fazem parte da nossa colecção, foram imagens retiradas da net), cujas similitudes com a peça editada em Portugal, apresentada no post anterior, são evidentes.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

Pierrot – Vista Alegre




Peça escultórica, representando um Pierrot, estilizada ao gosto art déco francês, de
porcelana moldada e relevada vidrada a branco com apontamentos a negro no gorro,
botões e sapatos, pintados à mão. Modelo criado em 1927. Lateralmente, inscrito no
soco, assinatura Lejan. Na base, carimbo verde V. A. Portugal [Marca nº 31 (1924-1947)]
Data: c.1930
Dimensões: alt. 28 cm


O molde, importado de França, é um dos vários modelos assinados Lejan que a fábrica da Vista Alegre produziu durante a década de 1930, de que possuímos, infelizmente, poucos exemplares. O nome Lejan levantou até recentemente algumas interrogações quanto à sua verdadeira identidade. Actualmente parece ser consensual que deriva de uma colaboração entre André Fau e Marcel Guillard no seu atelier em Boulogne-Billancourt, grande centro difusor do gosto art déco, na periferia de Paris. Esta dupla terá também criado peças que aparecem no mercado francês sob diferentes denominações: Le Jean, Janle, Genvane, DAX, tanto em porcelana como em cerâmica, sobretudo craquelé. Trata-se de um conjunto notável de esculturas, animalísticas ou antropomórficas estilizadas dentro da gramática art déco francesa.

Arlequim, Pierrot e Columbina foram temas recorrentes nas artes plásticas do Ocidente,
durante este período, aparecendo representados nos mais diversos suportes.