Mostrar mensagens com a etiqueta Lisboa. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Lisboa. Mostrar todas as mensagens

sábado, 31 de maio de 2014

Cinzeiro art déco - Lusitânia - Lisboa


Conjunto monolítico, multifunções, de faiança moldada, art déco, para fumador composto por três partes interligadas (cinzeiro, cigarreira e fosforeira). Sobre a cor branca base, decoração estampilhada geométrica a ocre, encarnado e azul. No fundo da base carimbo verde em forma de escudo com cruz de Cristo, encimado por coroa, Lusitânia CFCL - Portugal
Data: c. 1935
Dimensões: Comp. 11,2cm x larg. 9,1 cm x alt. 6,6 cm


Quando em 2011 o comprámos na tradicional feira de velharias no jardim de Algés, era uma incongruência de modernidade perdida no meio da convencionalidade dos demais objectos que habitualmente vemos à venda nestes espaços. Uma surpresa agradável para quem procura algo diferente.


Demasiado moderno ainda para os gostos de hoje dirão alguns. Houve mesmo quem, apesar de o achar moderno, apontasse logo ser português (via-se logo), dada a presença do ondulante tradicional beiradozinho de telha de canudo nacional. Não partilhámos desta última opinião, pois era funcionalidade apenas o que víamos na sequência ondulada onde pousar o cigarro aceso.


Não podia ser desenho português, evidentemente, não havia por cá à época quem andasse pelos campos do experimentalismo formal, e conceptualidade era assunto então também fora do cardápio da produção industrial nacional.



Todavia, demorou até encontrarmos nas nossas pesquisas o modelo que deu origem a esta peça fabricada em Portugal. Trata-se da forma número 3072 produzida pela inglesa Royal Doulton, com marca usada entre 1927 e 1936, cujo exemplar que aqui mostramos apresenta a decoração «Tango». Não foi só a Fábrica de Loiça de Sacavém a conhecer o impacto da produção britânica nos anos 30.



segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Jarra art déco - GAL

Mais uma vez na sequência de um post, desta vez de CMP, e de modo a contribuir para o estabelecimento do corpus da produção da tão pouco conhecida GAL apresentamos uma jarra de grandes proporções e decoração inusitadamente extravagante e moderna.


Jarra art déco de vertente modernista, de faiança moldada, forma campaniforme e bojo parcialmente canelado com decoração abstracta aplicada a aerógrafo e apontamentos a preto pintados à mão, sobre o vidrado. Formas geometrizadas a três cores – azul, cinzento e magenta –, mosqueadas, intercaladas e interpenetrando-se, pendem do bocal sobre a cor branca de fundo, com aposição de elementos geometrizados a verde debruados a preto e zona central branca em reserva. Bocal realçado a preto. Pé em anel aerografado a azul. Interior a branco. No fundo da base, pintado à mão a castanho, GAL; 254/44.
Data: c. 1935-37
Dimensões: Alt. 28,3 cm x bocal Ø 23 cm


Peça invulgar no contexto nacional, diríamos mesmo um pouco agressiva, devido à estranheza e estridência da decoração aleada à forma pesada de grandes dimensões, é exemplo da arrojada produção da lisboeta GAL, unidade fabril que, como já foi escrito, teve existência efémera, de 1935 a 1937. Talvez exactamente porque os modelos que produzia, fortemente influenciados pela produção germânica de influência Bauhaus, fossem demasiado modernos para o gosto conservador da sociedade portuguesa de então. E mesmo hoje …


sábado, 23 de fevereiro de 2013

Azulejos art déco da Lufapo-Lusitânia-Coimbra




Azulejos de padrão 2 x 2, estampilhados com motivos geométricos de quadrados em dois tons de azul, ao gosto art déco. Cada módulo é constituído por uma composição de três quadrados dispostos na diagonal. Nos vértices do desenho central (composto por um quadrado em reserva, oblíquo em relação à forma quadrada da placa cerâmica, envolvido por quadrado nos dois tons disposto paralelamente à mesma) sobrepõem-se os quadrados listrados pela alternância dos azuis que, em ângulo, dão origem ao quadrado principal, de maiores dimensões, no centro do padrão. No tardoz listrado, em relevo, Lufapo – Lusitania - Coimbra.
Data: c. 1945-50
Dimensões: 15,1 cm x 15,1 cm



Este padrão foi produzido pela CFCL - Companhia da Fábrica Cerâmica Lusitânia por volta de 1930-40, pelo menos na unidade fabril de Lisboa, como podemos constatar no exemplar que integra as colecções do Museu Nacional do Azulejo (MNAz), que abaixo ilustramos, cuja ficha está disponível no Matriznet. Será natural que a sucursal de Coimbra também o tenha produzido na mesma altura. Todavia, esses azulejos são de dimensões ligeiramente maiores (15,4 cm x 15,4 cm) que os aqui apresentados cuja datação é um pouco mais tardia dado que em 1945, a marca CFCL de Coimbra foi substituída pela designação Lufapo Lusitânia Portugal (ver carimbos em MAFLS e Reflexos …) ou a variante utilizada no azulejo, em que Portugal aparece substituído por Coimbra. Se o nome Lufapo também foi aplicado à produção lisboeta não sabemos.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Painel de azulejos Arte Nova - Constância - Lisboa




Painel de azulejos (8x4 tendo cada azulejo c. 13,5 cm) Arte Nova da Fábrica Constância, estampilhados e pintados à mão, com motivo de folhagem e flores, formando duas composições alternadas, uma com grandes girassóis amarelos, outra composta por um emaranhado de flores azuis e vermelhas, de onde ascende uma profusão de ramagens, lembrando um insecto, que se cobrem de cachos de flores ou bagas vermelhas, rematada por uma auréola preenchida por três folhas de onde irradiam umbelas de flores. Tardoz sem marca.
Data: c.1905
Dimensões: Alt. c. 108,6 cm x larg. 54 cm
 
Por um feliz acaso encontrámos, na viragem do século, em 2000, este belíssimo painel à venda na Feira da Ladra, isolado no meio da quinquilharia do vendedor.

Chamou-nos de imediato a atenção pela qualidade da composição, não naturalista, de grande espontaneidade e liberdade, em que o desenho se subordina ao efeito geral.

O conjunto apresenta evidentes influências de algumas obras de Mucha. A composição será da autoria de Miguel Queriol, pintada por José António Jorge Pinto, já que, e citamos “nas publicações da época Miguel Queriol é referido como desenhador e nunca como pintor” (António Cota), aparecendo referido também como ilustrador. Igualmente de seu desenho serão os painéis da fachada do antigo Animatógrafo do Rossio.

Tanto nos interiores do Sanatório da Parede como do edifício Arte Nova na Rua das Janelas Verdes, 70-78, aparecem exemplares afins do nosso painel. Este último imóvel, projectado pelo arq. Artur Júlio Machado, em 1905, foi mandado construir por Miguel José Sequeira, à época proprietário da Fábrica de Cerâmica Constância.

A fabulosa Colecção de Feliciano David e Graciete Rodrigues possui um conjunto destes azulejos em depósito no Museu Nacional do Azulejo (MNAz) e na exposição «A Arte Nova nos Azulejos em Portugal: Colecção de Feliciano David e Graciete Rodrigues» que se encontra patente, até ao final deste mês no Museu da Fábrica de Loiça de Sacavém. Aproveitamos a deixa para a recomendar mais uma vez.

Em baixo, reproduz-se uma montagem sequenciada do painel para se ter uma ideia do efeito geral da composição.


A Fábrica de Cerâmica Constância foi fundada em Agosto de 1836 em parte da antiga cerca do extinto convento de Nossa Senhora dos Remédios ou dos Marianos, às Janelas Verdes. Denominada inicialmente como Companhia Fabril de Louça, era popularmente conhecida como «Fábrica dos Marianos» ou "Fábrica das Janelas Verdes", por razões óbvias.
Propriedade de uma sociedade gerida por Inácio Augusto da Silva Lisboa, só em 1842 recebeu o nome de Fábrica de Cerâmica Constância, designação que manteve até à data do seu encerramento em 30 de Novembro de 2001.

Entre os seus artistas destaca-se Wenceslau Cifka (1811-1884), com os seus trabalhos revivalistas, e, posteriormente, José António Jorge Pinto (1876-1945), com as suas criações de azulejaria Arte Nova, e Viriato Silva (falecido em 1933), autor das composições que ornamentam a fachada, átrio e caixa de escada do referido edifício às Janelas Verdes.

Após um período de crise iniciada em 1915, a fábrica haveria de ganhar novo fôlego depois de 1921 sob a direcção do pintor ceramista italiano Leopoldo Battistini (1865-1936) que a tomou de trespasse e aí trabalhou. Teve como continuadora Maria de Portugal que, em 1936, ficou à frente da direcção da fábrica, depois da morte do mestre.

Em 1963, reorganizada por D. Francisco de Almeida, a Constância vai conhecer um novo impulso criativo produzindo trabalhos de celebrados artistas plásticos e arquitectos de que, a título de exemplo, se citam alguns: Lima de Freitas, Luís Pinto Coelho, Francisco Relógio, e Chartres de Almeida. Também nela se produziram os azulejos de João Abel Manta para o grande paredão da Avenida de Ceuta, ou os célebres azulejos de Ivan Chermayeff para o seu Oceanário.

sábado, 10 de novembro de 2012

Macaco art déco da Lusitânia - Lisboa


Hoje abrimos mais uma excepção à regra do blogue, para apresentar uma peça que não é da nossa colecção, antes de novo do leitor Hugo, que uma vez mais nos “obrigou” a quebrar a dita regra e a quem agradecemos. É que graças a estes contributos se vai dando a conhecer o que entre nós se foi produzindo, desde que na continuidade ou em conformidade com o que formos mostrando.


Trata-se de um “primo” nosso, mas noutra variante cromática e mais brilhante, da fábrica Lusitânia da unidade fabril de Lisboa. Assim, de novo se comprova que nas diferentes fábricas desta empresa se produziam, pelo menos esporadicamente, os mesmos modelos. Haveremos de postar outros exemplos nas mesmas condições.
 
 
Não vamos fazer a descrição da peça, evidentemente, porque só se altera a cor e, aqui sim, no fundo da base, sob as patas dianteiras, carimbo azul com escudo coroado da Lusitânia Lisboa, com Cruz de Cristo enquadrada pelas iniciais C F C L [Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia] sobrepujando Portugal
Data: c. 1930
Dimensões: alt. c. 9,5 cm x comp. 9 cm x larg. cm 5 cm (estão certas, Hugo?)


domingo, 19 de agosto de 2012

Bases de candeeiro art déco com motivos folclóricos - Sacavém



Par de bases de candeeiro de cerâmica moldada e relevada, de cor creme, em forma de balaústre com friso policromo com motivos populares regionais. Na base, carimbo azul Gilman & Ctª – Sacavém Portugal. Em relevo na pasta nº 380.
Data: c. 1930 - 40
Dimensões: alt. 13,5 cm



Apresentamos fotografia antiga, proveniente do acervo do Centro de Documentação do Museu de Cerâmica de Sacavém (MCS-CDMJA), cuja colaboração agradecemos, onde surge com a designação de «jarra para candeeiro com figuras regionais»,. A peça aparece referenciada sob o nº 380 nas tabelas de preços de faianças decorativas, 1945-1966. Na tabela de 1945, consta a designação de «jarra candeeiro, formato regional». Tal como acontecia com a fotografia do peixe do “Pintor Reis” anteriormente postada, também no verso desta aparece a nota: «Enquiry from: Cape Town». As questões que então levantámos mantêm-se.


 Já aqui havíamos mostrado uma peça em que o folclore como leit-motiv para a arte moderna foi utilizado. Tratou-se da placa cerâmica com vendedor de peixe da Fábrica Lusitânia de Lisboa que hoje voltámos a repescar a propósito do tema e porque encontrámos um postal ilustrado que lhe terá servido de modelo.


O folclore é um dos elementos constitutivos da modernidade. Se vai ser fonte de inspiração para a geração do primeiro modernismo português (caso de Sousa Cardoso, Viana, Almada, …), em consonância com os demais movimentos artísticos europeus, graças às especificidades culturais e políticas do nosso país, eterniza-se até aos inícios da segunda metade do século XX.


Datado de 1923, um friso decorativo policromo, da autoria de Bernardo Marques, correndo as paredes junto à sanca de uma sala da casa de António Ferro e de Fernanda de Castro, na antiga Calçada dos Caetanos (desde 1963 Rua João Pereira da Rosa), trazia para um interior, que se pretendia actual, a temática estilizada de danças populares (ver foto). Os motivos populares já então eram vistos por Ferro como elementos de afirmação nacionalista. Para o futuro ideólogo da «Política do Espírito» do consulado salazarista, o folclore devia ser fonte inspiradora de modernidade para os artistas nacionais, que assim seriam «modernos sem deixar de ser portugueses». A cultura com António Ferro era simultaneamente um veículo de propaganda e um instrumento de controlo social. «(…) a sua principal preocupação não era a criação e difusão das ideias do regime, mas a criação de meios de ocupação dos "tempos livres" dos portugueses. Estes constituíam um tempo potencialmente perigoso para o poder se não fosse organizado. A contribuição mais significativa de António Ferro foi, (…), ter mostrado que as múltiplas manifestações culturais podiam ser organizadas de modo a predisporem os indivíduos para certas formas de comportamento e pensamento espontâneo. (…) A [sua] grande promoção cultural centrou-se contudo em volta da cultura popular, que tinha nas romarias, arraiais e feiras a (…) expressão mais genuína. (…) procurou criar uma grande encenação não apenas para os estrangeiros, mas sobretudo para consumo interno. Uma vasta equipa de artistas e intelectuais, (…) ao longo dos anos (…) foi pacientemente reelaborando as grandes manifestações populares em termos plásticos mais modernos, apresentando-as em seguida como expressões genuinamente populares. Fragmentos de memórias locais são pretexto para a criação de tradições centenárias. A confusão entre o falso e o autêntico era total. A promoção da cultura erudita junto do povo, foi neste contexto limitadíssima, pois a mesma correspondia a um desvio à integração do povo numa cultura popular que se lhe apresentava como exaltante.» (Para mais ver aqui)

O friso que encontrámos na casa de António Ferro, com a sua estética art déco de raiz folclórica, está na génese de todo um gosto estético que perdurou décadas na arte feita em Portugal, sobretudo nas chamadas artes decorativas.

Segundo Rui Afonso Santos, a primeira tentativa de introduzir vidros pintados com motivos folclóricos feita pelos artistas plásticos Sarah Afonso, Ofélia e Bernardo Marques, apresentados no II Salão de Outono organizado pela revista Contemporânea, faz-se em 1926. Contudo, sem sucesso. Já os jarros e copos de água desenhados e decorados por Jorge Barradas, a partir de 1929, para a CIP - Companhia Industrial Portuguesa, na Marinha Grande, teve tanto êxito que, no ano seguinte o mesmo artista vai conceber uma linha de jarras também com motivos do folclore nacional para decorar os quartos do Palace Hotel do Estoril que então abria portas. Os consumidores mantiveram-se fiéis a estes motivos e, ainda em 1941, Jorge Barradas desenhava vidros com a mesma temática. Veja-se o copo «Algarve».


Tal sucesso motivou um surto de objectos utilitários e decorativos de temática folclórica em diversos suportes, do vidro à cerâmica, do ferro forjado à ourivesaria, feitos por outros autores que, com maior ou menor criatividade, cimentaram um gosto que se manteve até, pelo menos, aos anos 60. Isto para não falar das artes gráficas onde a temática remontava à primeira geração modernista. Deixamos aqui alguns exemplos ilustrativos, sendo a maioria dos vidros da Marinha Grande (esta matéria daria um blogue interessante, mas não temos disponibilidade para o fazer).


Em relação a Piló [Manuel Júlio Piló Santos (1905-1988)], cuja série de desenhos criados em 1935 darão origem a uma colecção de postais, decorarão vidros fabricados pela CIP e porcelanas da Vista Alegre e mesmo pratas, a ele haveremos um dia de dispensar maior atenção.


sábado, 21 de julho de 2012

Caixa art déco com escorridos - Lusitânia Lisboa


Caixa de faiança moldada, de forma hexalobada, com taça assente sobre pé circular a preto ligeiramente reentrante. A superfície recebeu uma cor de fundo de espesso azul-claro sobre a qual foi pintada uma grelha a preto, ficando zonas em reserva, sinuosamente recortadas, preenchidas a laranja forte, que produzem escorrências controladas. Na tampa, a pega a preto, reproduz em miniatura a forma da caixa. Na base, carimbo estampado, verde, da unidade de Lisboa: escudo coroado Lusitânia, com Cruz de Cristo enquadrada pelas iniciais C F C L [Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia] sobrepujando Portugal.
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 11 cm x larg. 18 cm




Mais uma vez estamos perante uma peça que tanto ao nível da forma como da decoração, aplicada a aerógrafo formando escorridos, é de influência da Europa central. Neste caso, e como já vai sendo habitual, encontrámos paralelismo em peças alemãs que aqui reproduzimos, uma delas marcada como sendo da fábrica Staffel.

Tirando partido dos escorridos de forma estudada mas simultaneamente aleatória esta técnica de decoração foi muito utilizada na Alemanha e países vizinhos. Os efeitos obtidos pelas escorrências dão origem a decorações abstractizantes todas com pequenas variações entre si apesar de partirem da mesma matriz decorativa. O cuidado posto na colocação dos esmaltes leva a que muitas vezes as peças pareçam exactamente iguais.

Há cores que são comuns, fruto do gosto da época, como é o caso deste laranja estridente que vamos encontrando tanto em fábricas nacionais - já aqui mostrámos várias de Sacavém - como alemãs e dos países que formaram a coração do império austro-húngaro.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Ampara-livros art déco “Veados” – Lusitânia-Lisboa





Par de ampara-livros de cerâmica moldada, dentro da gramática art déco, em forma de veados a saltar, castanho-escuro, cujos corpos são sustentados por herbáceas estilizadas, a branco, que despontam sobre o perfil de terreno ondulado, a vermelho, que forma o soco. Na base, carimbo estampado, verde, da unidade de Lisboa: escudo coroado Lusitânia, com Cruz de Cristo enquadrada pelas iniciais C F C L [Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia] sobrepujando Portugal.
Data: c. 1930 - 40
Dimensões: alt. 12,5 cm x comp. 9,7 cm x larg. 4 cm

Já aqui apresentámos uma corça saltando da Fábrica de Loiça de Sacavém, agora é a vez de mostrar mais um exemplo de escultura animal em movimento, no caso dois veados saltando, que na sua função de ampara-livros, se desenham simetricamente afrontados, da unidade fabril de Lisboa da Lusitânia. A utilização da temática animalística e/ou vegetalista estilizada, por vezes fortemente geometrizada e mesmo mecanizada, revelou-se uma tendência recorrente da apropriação da natureza no estilo art déco.
São pouco frequentes exemplos de escultura animalista, particularmente em movimento, na Art Déco em Portugal. No entanto, como se tem vindo a mostrar (e continuaremos a fazê-lo) eles existem.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Tête-à-tête art déco – Lusitânia Lisboa/Coimbra



Conjunto tête-à-tête art déco, que deverá estar incompleto, formado por tabuleiro redondo, bule, e duas chávenas com respectivos pires. Peças de faiança moldada, de cor marfim com decoração geométrica estampilhada a duas cores, encarnado e preto. Um jogo simples e elegante composto por dois círculos concêntricos, constituídos por duas partes distintas: a de maior expressão forma um semi-círculo de estreitas faixas paralelas, nas cores referidas, que, inflectindo para o interior, se desdobra num outro semi-circulo mais pequeno em sentido oposto. Ambas as circunferências são concluídas por finas linhas a preto.
Na base do bule, carimbo estampado, verde, da unidade de Lisboa: escudo coroado Lusitânia, com Cruz de Cristo enquadrada pelas iniciais C F C L [Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia] sobrepujando Portugal. Contudo, nas demais peças, o carimbo estampado, verde, é da Lusitânia - ELCL (?) sobrepujando Coimbra - Portugal
Data: c. 1935
Dimensões: Várias (diâm. tabuleiro: 32,5 cm)

A forma das peças deste tête-a-tête sugere-nos a influência e/ou cruzamento entre os formatos Avenida e Coimbra produzidos pela Fábrica de Loiça de Sacavém à época, ou então inspirados directamente na fonte inglesa que lhes deu origem os modelos Eve e Zenith respectivamente.

A presença das duas marcas num mesmo serviço, embora da mesma fábrica, levanta-nos algumas questões. O que poderá isto significar? Que os carimbos pertencem a unidades fabris geograficamente distintas não parece haver dúvida. Será que havia formas produzidas na fábrica-mãe de Lisboa e outras na de Coimbra? Ou será que um acaso reuniu peças dispersas, de duas fornadas produzidas em localidades diferentes que se haveriam de cruzar décadas depois para dar origem a este tête-à-tête que julgamos incompleto?