segunda-feira, 11 de julho de 2016

Jarra e azulejo “O Vira” Marinha Grande e Aleluia Aveiro

A propósito da nossa interacção com outros blogues, hoje fazemos um pequeno desvio na apresentação de peças da nossa colecção de cerâmica nacional para mostrar, a propósito de uma peça desse material postado por MAFLS, um azulejo da Aleluia-Aveiro, que aqui se reproduz, embora em imagem manipulada, como contraponto a uma jarra da nossa colecção de vidros nacionais.


Trata-se de uma jarra esférica de vidro irisado, modelo “O Vira”, com decoração esmaltada policroma representando quatro pares de figuras do folclore nacional dançando o vira, da autoria de Vera, fabricado pela NF [Nacional Fábrica de Vidros da Marinha Grande]. No catálogo nº 35 da CIP [Companhia Industrial Portuguesa – Vidros cristais], de 193-?, na página 63 aparece representado outro desenho idêntico desta autora com a referência DF. 283.
Data: c. 1932
Dimensões: alt. 24 cm

Estamos em crer que o desenho do azulejo da Aleluia-Aveiro poderá corresponder à mesma mão ou ter-se inspirado naqueles. Todavia, e dado não termos tido acesso directo ao referido azulejo, também não será de menosprezar a possibilidade de ser seu autor Joaquim Correia, outro artista que concebeu, também para a fábrica de vidros da Marinha Grande, temas do folclore nacional, num grafismo muito semelhante, incluindo a dança do vira, por volta dos anos 30-40.

O sucesso desta temática foi tal que desenhos dessa época se mantiveram em produção até, pelo menos, à década de 1960.

Ver sobre o tema o que escrevemos no post de 19 de Agosto de 2012.

domingo, 10 de julho de 2016

Cesto para pão - Carstens-Uffrecht - Alemanha


Cesto para pão de faiança moldada, de forma oblonga contracurvada numa forma próxima de um 8, com asa de verga. Exterior e covo de cor creme, com o interior da aba com escorridos cor-de-laranja, de esmalte à base de urânio, em dois tons. No fundo da base carimbo triangular preto da manufactura Carstens-Uffrecht, sobrepujando «DEK. 6». Carimbado «Form 409» no alinhamento do vértice do triângulo.
Data: c. 1930
Dimensões: Comp. 26,5 cm x Larg. 16,5 cm x alt. 6 cm (c. 16 cm com asa)


Não seria o tipo de peça que comprássemos mas foi-nos oferecida por uma alemã vendedora de velharias, por lhe termos adquirido três jarras da mesma fábrica e série. Todavia, veio a revelar-se-nos particularmente interessante pois assemelhava-se a peças que conhecíamos de fotografias da produção da fábrica portuguesa do Carvalhinho, disponíveis no Museu de Cerâmica de Sacavém - Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso, a quem agradecemos a cedência das imagens.


Acresce também que, em 22 de Maio passado, o blogue CMP - quem nos segue sabe que gostamos de interagir com outros blogues congéneres, e em particular com este - postou um interessante artigo sobre a produção Carvalhinho, pretexto também para o Moderna Uma Outra Nem Tanto avançar com a sua própria reflexão. Tanto mais que essa produção nacional, um pouco mais tardia, reflecte, uma vez mais, a influência do que se fazia na Alemanha nos inícios dos anos 30 e mesmo no pós-Guerra. Tudo em consonância com o que temos vindo a revelar neste blogue.

A aquisição de peças ou recolha de imagens de várias fábricas alemãs no período que mais nos entusiasma, o de Entre Guerras, origem de tantas formas e decorações de produção nacional, é um dos objectivos da nossa colecção como já terão percebido. Auxilia-nos, de facto, a melhor compreender, a vários níveis, a produção nacional e até a própria mentalidade vigente no Portugal de então.

Apresentamos uma análise visual comparativa onde peças da produção da Fábrica Carvalhinho são postas em confronto com outras idênticas, ou variantes de diversas fábricas alemãs (Bückeburg; Carstens; Dümler & Breiden; Jasba; Schmelzer & Gerike; Villeroy & Boch).


Observa-se que há toda uma linguagem familiar, art déco de inspiração bauhausiana, aplicada a objectos que, mesmo com funções totalmente diferentes, remetem para formas semelhantes. Também as decorações a aerógrafo ou de escorridos concorrem nesse sentido. É o caso da caixa Carvalhino que se aproxima formalmente do aquecedor para bule de chá da Carstens.


Se não serão exactamente iguais, é apenas porque não conhecemos, ou não tivemos acesso a imagens que ilustrem a totalidade da criação alemã, pois temos a certeza (quase) absoluta que os arquétipos germânicos existem.