Jarra antropomórfica, de faiança moldada, craquelé, de cor marfim, representando um oriental de joelhos com cesto às costas, produzida pela fábrica Olaria Do Algarve(AL) (?). Na base, carimbo circular preto com as letras AL sobrepostas, ao centro, enquadradas por Algarve (?) e Portugal.
Data: c. 1940-50 (?)
Dimensões: alt. c. 35 cm
A única observação objectiva que poderemos fazer sobre esta peça, é que a qualidade plástica da escultura e da técnica do craquelé são notáveis. Quanto ao resto nada sabemos. Desconhecemos a sua datação em absoluto e apenas pelas suas características formais, da estilização da figura ao gosto art déco, e a utilização da técnica do craquelé, a poderíamos datar de c. 1930. Contudo, já aqui falámos do exemplar tardio da Cerâmica S. Bernardo, de Alcobaça, em que uma peça francesa criada em 1926 foi editada em território nacional quase 60 anos depois. Neste caso, poderá ser, igualmente, um modelo importado, mas tudo continua em aberto. Em tempos, informaram-nos de que formaria par com uma mulher. Esperemos que algum seguidor deste blogue nos traga mais pistas.
Inicialmente pensávamos que fosse da Olaria de Alcobaça (OAL) fundada em 1927, por Silvino Ferreira da Bernarda, António Vieira Natividade e Joaquim Vieira Natividade. Sabe-se que, em 1948, substituiu o barro tradicional por pó de pedra (pasta branca), em que a pintura assenta sobre a chacota cozida, posteriormente vidrada. Ora será esta a técnica que encontramos na peça de hoje. Em 1984 dá-se o encerramento da fábrica. Todavia, segundo informação posterior à publicação deste post, será de uma fábrica algarvia da qual tudo desconhecemos.
A produção de peças de faiança craquelé não parece ter tido expressão em Portugal. Técnica, utilizada na China desde o século XII, foi aperfeiçoada em França, a partir da segunda metade do século XIX, adquirindo grande importância no período art déco.
Trata-se de uma técnica, que implica a aplicação do vidrado em estado líquido, com pincel ou por pulverização. São exemplos desta última, a peça AL e a de Lemanceau anteriormente mostrada. Da primeira será exemplo a jarra Longwy também já comentada.
Os vidrados craquelé podem ser considerados como um defeito de fabrico, devido a uma má combinação entre a pasta e o vidrado.
A técnica joga com a diferença entre os coeficientes de dilatação ou de contracção dos materiais, de modo a obter o efeito estético pretendido. Assim, jogando com as proporções de óxidos alcalinos - matérias com elevado coeficiente de dilatação – obtém-se mais ou menos rachaduras. A temperatura de cozedura é também fundamental para influenciar a finura destas.
Existem diferentes processos para acentuar o craquelé, dando-lhes cor, que pode variar consoante o pigmento utilizado, do negro da tinta-da-china, ao vermelho e aos castanhos obtidos pela terra-de-Siena. Para tal, basta esfregar com tinta ou mergulhar o objecto em água colorida, ou, simplesmente, segundo a técnica mais tradicional, enterrá-lo em terra. Em seguida a peça é passada por água limpa. Estas operações devem ser realizadas no dia seguinte à saída do forno.