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sábado, 1 de novembro de 2014

Jarra craquelé de Martha Katzer e Gerda Conitz - Karlsruhe - Alemanha


Jarra de faiança (barro vermelho) modelada (?), de forma esférica achatada, esmaltada e craquelé. O esmalte de meio-brilho, de cor verde-turquesa, é manchado irregularmente a cinza, cor que igualmente faz sobressair o craquelé. No fundo da base, em relevo na pasta, a marca da Karlsruhe.
Data: c. 1930-32
Dimensões: Alt. c. 9 cm



Sobre Martha Katzer (1897- 1946) previamente discorremos, a propósito de uma caixa de faiança aerografada desta mesma fábrica, em 21 de Agosto de 2013.
O trabalho conjunto que vai desenvolver de 1929 a 1932 com Gerda Conitz (1901 - ?) leva-a num outro sentido igualmente experimentalista mas mais rarefeito e requintado dirigido a um grupo restrito de consumidores de elite. As faianças nobres (ditas «Edelmajolika») resultantes desta dupla, pouco abundantes, são de grande refinamento. Enquanto a Martha Katzer cabe a concepção das formas atemporais de inspiração extremo-oriental, a Gerda Conitz cumpre a decoração das superfícies, concebendo requintados esmaltes craquelé.


A colaboração termina quando, em 1932, Gerda Conitz vai trabalhar como assistente técnica de Georg Schmider para a União das Fábricas de Cerâmica de Zell em Harmersbach. De 1936 a 1946 vai dirigir o atelier cerâmico das WMF.

Este tipo de formas espelha bem a apetência que os ceramistas ocidentais tinham pelas formas despojadas e desornamentadas da cerâmica da China e, sobretudo, do Japão, que vinha desde o último quartel do século XIX, sobretudo depois da Exposição Universal de Paris de 1878. O fascínio pelo Extremo Oriente perdurou e contaminou não só o Art Déco, como os demais movimentos modernos.

A jarra de hoje é bem exemplar das contaminações entre as várias tendências da época. Poderemos defini-la como art déco pelo refinamento sumptuoso das formas e matérias assim como pela união entre a criação artística e a artesania, características estas últimas também bauhausianas.

Peça idêntica, que se ilustra, figurou na exposição «Frölich, sachlich, edel: Martha Katzer - Keramik aus der Majolika-Manufaktur Karlsruhe 1922 – 1942», no Badisches Landesmuseum Karlsruhe, em 2001.



quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Caixa de Martha Katzer - Karlsruhe


Caixa, provavelmente uma boleira, de faiança moldada de cor marfim com decoração geométrica aerografada. A taça, em forma de calote abatida, é decorada por faixas intercaladas a amarelo e verde, aerografadas em esfumado, e assenta sobre pequeno pé em anel aerografado a verde. Tampa circular quadripartida lateralmente pelas referidas cores ficando em reserva um quadrado central em cujo eixo sobressai a pega, em forma de anel, repousando numa pequena base rectangular saliente, aerografada a verde. No fundo da base, carimbo inscrito na pasta com o símbolo da Karlsruher Majolika Manufaktur, e carimbos a azul 2676/61 (modelo) e Germany. Visíveis os sinais da trempe.
Data: c. 1930
Dimensões: Alt 8 cm x Ø 17,5 cm


Esta caixa é da autoria de Martha Katzer (1897 - 1946) que trabalhou para a fábrica de Karlsruhe de 1922 até os anos quarenta. Podem ver esta forma, em outra versão cromática na colecção Cooper-Hewitt, no NationalDesign Museum, em Nova Iorque. É outro dos nossos designers cerâmicos favoritos a laborar nesta fábrica.


Sobre a formação de Martha Katzer pouco se conhece. Todavia, a sua obra artística, quer na concepção de formas quer na decoração, é extremamente inovadora e prolífera, tendo criado uma estética funcionalista bauhausiana, uma das vanguardas que foram pondo em causa o Art Déco internacional.

Sabe-se que começou como pintora no estúdio de Ludwig König (1891 - 1974). Este reputado ceramista e designer industrial, membro da Deutscher Werkbund, foi aluno e discípulo do artista Richard Riemerschmid que o recomendou para dirigir o estúdio da escultura cerâmica de Karlsruhe, cargo que desempenhou de 1922 a 1929.


Em 1926 Katzer aparece pela primeira vez com peças criadas por si - jarras decoradas por um padrão linear que lhe é característico, de grandes faixas e linhas finas aplicadas sob vidrado. A partir deste momento a sua actividade e criação vão determinar uma grande parte da produção em série da fábrica que nos finais da década se caracteriza por objectos com decoração estampilhada e aerografada, aliando qualidade plástica, artística e industrial em produtos de baixo preço para atender às necessidades de consumo das massas. 


Paralelamente a esta produção, vai desenvolver, no início da década seguinte, outros objectos mais refinados e elitistas em colaboração com Gerda Conitz. Haveremos de voltar a este tema.