sábado, 27 de julho de 2013

Prato de suspensão art déco com ave exótica - K et G Lunéville


Prato de suspensão, lenticular, de faiança moldada e policroma, com motivo decorativo estilizado ao gosto art déco, estampilhado e aerografado, representando uma ave exótica, branca com penas debruadas a cinza-azulado e bico e patas a laranja, entre folhagem e flores em cores laranja, ferrugem e preto. A composição é envolvida por moldura gomada. Os gomos são tracejados a preto e laranja intercaladamente, deixando o remate exterior branco com bordo contornado a ouro. No fundo da base, carimbo preto K et G Lunéville France
Data: c. 1922-30
Dimensões: Ø 41 cm


Prato decorativo, o autor da composição é o nosso conhecido Geo Condé que o concebeu para a antiga fábrica Keller et Guerin, de Lunéville. O estilo Geo (ou Géo) Condé, nunca abstracto, mas sempre estilizado e depurado, marcou profundamente as fábricas de faiança da região de Lunéville. Com poucos meios – sobretudo a estampilha e o aerógrafo - produziu belas decorações e objectos de faiança acessíveis a todas as classes sociais neste período difícil entre as duas Grandes Guerras. 

Por antítese, quase, aos cânones privilegiados pela Alemanha que, na faiança sobretudo, apostava mais na geometria abstractizante e no funcionalismo como temos vindo a referir.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Jarra art déco cavalos em relevo nº 5 branco e ouro – Sacavém



Desta vez a versão mais corrente da jarra art déco «cavalos em relevo nº 5», de cor branca com as figuras relevadas realçadas a ouro. Corresponderá, certamente, como já acontecia com a «Jarra Caçadores», de igual tratamento cromático, a uma produção mais tardia. A forma é menos elegante, mais pesada, porque de maiores dimensões, e as figuras perdem relevo e detalhe, ressaltando apenas pela presença do ouro. No fundo da base carimbo verde Gilman & Ctª – Sacavém – Portugal e carimbos a preto LM e JM3, Inscrito na pasta, 30.
Data: c. 1950
Dimensões: Alt. 31 cm x Ø base 15 cm


terça-feira, 23 de julho de 2013

Jarra art déco cavalos em relevo nº 5 azul – Sacavém


Versão monocromática da jarra art déco «cavalos em relevo nº 5», de cor azul aplicada a aerógrafo, idêntica à apresentada anteriormente. As figuras mantêm todo o detalhe, malgrado um defeito de fabrico no esmalte. No fundo da base carimbos a verde Gilman & Ctª – Sacavém – Portugal e T. Em relevo, na pasta, 30.
Data: c. 1935
Dimensões: Alt. 30 cm x Ø base 13,5cm 


segunda-feira, 22 de julho de 2013

Jarra art déco cavalos em relevo nº 5 cor-de-mel – Sacavém


Jarra de faiança moldada, monocromática a cor-de-mel, com decoração de figuras relevadas representando três cavalos puxando um carro (triga), atravessando nuvens por entre as quais irrompem raios solares, sobre o qual se ergue uma figura feminina envolta num peplum. Correndo a seu lado uma figura masculina nua, com chamas na mão esquerda. No fundo da base, inscrito na pasta Sacavém, 52 e CL (?).
Data: c.1935
Dimensões: Alt. 30 cm x Ø base 13,5cm 


A jarra aparece referenciada sob o nº 30 nas tabelas de preços de faianças decorativas de 1941 a 1966 onde surge designada como «jarra cavalos em relevo nº 5» e sob o mesmo número aparece ingenuamente representada à mão no Catálogo de formatos de jarras da Fábrica de Loiça de Sacavém (FLS), não impresso - Museu de Cerâmica de Sacavém / Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso (MCS-CDMJA), de c. 1930, que ilustramos com as figuras em sentido contrário, como já havia acontecido com a «Jarra caçadores em relevo nº 4».


Disponibilizamos também duas fotografias a preto e branco do mesmo fundo documental, cuja cedência agradecemos. A Fot. 202 apresenta no verso a indicação: “Enquiry from: Cape Town”. É a terceira vez que aqui mencionamos tal facto. Mantém-se a pergunta: prospeção de mercado? Como curiosidade, a fotografia nº 477 está invertida tal como o desenho do catálogo manuscrito.

Apesar de não ter o carimbo para exportação, até porque tem uma mancha mais escura junto à figura masculina (pelo que se tratará de uma segunda escolha), o nº 52 inscrito na pasta remete-nos para a “época boa” da produção inicial Art Déco da FLS. As peças desta fase da produção são ligeiramente mais pequenas, com as figuras a apresentarem relevo mais pronunciado e definido, como também já aludimos. A cor monocroma mate acentua a sua elegância.


Segundo MAFLS a decoração relevada evoca o mito de Faetonte, que numa das versões será filho do Sol e de Clímene e noutra será filho de Céfalo e de Eos (Aurora). Na jarra, Faetonte será a figura masculina que, desnuda, corre ao lado da triga conduzida por uma mulher que será Eos (Aurora), precedendo o carro solar de Hélio (Sol), puxado por quatro cavalos, e que vindo do país dos indianos atravessa o céu durante o dia. Ao anoitecer chega ao Oceano onde os cavalos se banham e descansam.

Tema erudito e de boa qualidade plástica, não parece que se trate de um modelo concebido por artista português.

sábado, 20 de julho de 2013

Cache-pot art déco com borboletas – K & G – Lunéville - França


Cache-pot art-déco de faiança moldada de cor branca com decoração policroma, estampilhada e aerografada, de borboletas e núvens estilizadas por entre as quais perpassam raios de sol. No fundo da base carimbo verde K et G – Lunéville - France. Inscrito na pasta 159 e mais qualquer coisa ilegível para além de um símbolo que lembra lunetas.
Data: c. 1922-30
Dimensões: Alt. 18 cm x Ø 24 cm


A decoração deste cache-pot aparece-nos atribuída a Géo Condé que a terá concebido por volta de 1922-25. Foi produzida também na variante de guarnição de chaminé (jardineira ladeada por par de jarras).

A marca encontra-se referenciada como tendo sido utilizada entre c. 1890 a c. 1920, o que não contradiz a autoria atribuída, mas … (In: Annabelle Héry - La Faïencerie de Lunéville: 1786 a 1923. 1998, pág. 138).


Este tipo de representação gráfica de nuvens espiraladas terá surgido na China, nos inícios da era Ming, de onde irradiou para todo o Oriente, tendo chegado ao Japão no século XVI. Será por influência do japonismo que, a partir do último quartel de Oitocentos, invade a arte ocidental. O fenómeno teve larga expressão tanto na Arte Nova como no Art Déco. Da pintura aos têxteis, da serralharia artística à cerâmica, o motivo popularizou-se. Aliás, esta estilização em espiral encontra-se também em vagas, flores e mesmo folhagem (veja-se, entre outros exemplos já aqui ilustrados em 6 de Novembro de 2011, as jarras da Lusitânia-Coimbra e de Jean Leclerc). As próprias borboletas são motivo recorrente na arte japonesa vindo igualmente a integrar o reportório ocidental de acordo com essa estética.



sexta-feira, 12 de julho de 2013

Floreira de parede art déco – AJ Höganäs - Suécia


A peça de hoje levanta-nos algumas interrogações quanto à sua função.
Estamos em crer que se trata de uma floreira de suspensão parietal, ao gosto art déco, em forna de fontanário, de faiança moldada e relevada, em que a placa apresenta, em relevo, uma mulher nua, certamente Vénus, segurando um véu atrás, com um joelho por terra enquanto se olha (ou emerge) na concha do tanque que apresenta, também em relevo, um pequeno golfinho de igual inspiração clássica. De cor base castanha recebeu uma aguada de esmalte verde-seco, mate, que lhe dá uma pátina de bronze. No verso, na pasta, carimbo AJ inscrito num círculo sobrepujando Hoganas (marca utilizada desde cerca de 1920 a finais dos anos 50)
Data: c. 1925 - 30
Dimensões: Alt. c. 28 cm x larg. 18 cm (larg. inferior 24 cm)


Na produção sueca dos anos 20 e 30 o imaginário de inspiração clássica e marinha são das características principais do art déco e da swedish grace, como já tivemos oportunidade de referir a propósito de peças da Gustavsberg.
Como habitualmente, as nossas escolhas recaem em objectos de países que conhecemos eles tornam-se, assim, os nossos souvenirs de viagem.


A fábrica de cerâmica Höganäs foi fundada em 1909, uma parceria entre o mestre oleiro Sigfrid Johansson com o especialista em vidrados Karl Andersson. Desta colaboração de fabrico de grés haveria de nascer uma das mais importantes fábricas do design moderno sueco.
Conhecida inicialmente por Andersson & Johansson, começou por ser uma modesta fábrica de produtos de cerâmica.
Nos anos 20 a fábrica é ampliada e organiza uma exposição no Museu Röhsska em Gotemburgo, em 1925, para mostrar as suas peças decorativas com um tipo de acabamento mate muito característico.
Será na década seguinte que a empresa lançará a sua primeira coleção de cerâmica de uso doméstico, com peças de ir ao forno.
Nos anos 40 duplica as suas instalações em novo local produzindo uma ampla colecção de cerâmica artística que apresenta em várias exposições.
Em 1967 começou a usar o nome comercial Höganäs Keramik. Por volta de 1990 a BodaNova adquiriu a empresa, que pouco depois passou para a Royal Scandinavia. Nos inícios dos anos 2000, passa a integrar o grupo finlandês Iittala. A fábrica foi fechada em 2008, deslocalizando-se a produção da Höganäs Keramik para a China. Dois anos depois a New Höganäs Keramik é lançada com design concebido pela equipa sueca Front.