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sábado, 11 de julho de 2015

Jarro com faixas cortadas para cacau da Carstens Gräfenroda - Alemanha


Mais uma chocolateira art déco, da mesma forma «Leine», da alemã Carstens Gräfenroda que anteriormente postámos. Apresenta a mesma paleta quase monocromática, em dois tons de castanho e partes em reserva, mas com outra decoração, a nº 757. Esta concentra-se apenas no bojo esférico onde três faixas paralelas horizontais, a castanho-mel, são seccionadas em quatro partes por faixas verticais a castanho-chocolate. Todas as faixas aerografadas têm um dos lados em esfumado, pelo que o corte da estampilha será apenas rigoroso num dos sentidos. A restante superfície externa é castanho-chocolate. No fundo da base, carimbo preto, em forma de escudo, com a inscrição «Carstens» e «C G» sobrepujado por «Gräfenroda». Carimbos, igualmente a preto, «D. 757», «41» (?) e algo mais ilegível. Inscrito na pasta: «2».
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 20 cm (s/tampa) x Ø c. 14 cm


A decoração proporciona um efeito óptico completamente distinto relativamente ao jarro anterior, quase desconstruindo visualmente a forma. São estas virtudes da pintura a aerógrafo, delineada pelo recurso a estampilhas, uma técnica aparentemente tão simples, que tanto nos fascina e agrada na produção cerâmica deste período e que, por exemplo, a Fábrica de Loiça de Sacavém, à semelhança de outras congéneres europeias, tão bem soube apropriar-se.


quinta-feira, 9 de julho de 2015

Jarro listrado para cacau da Carstens Gräfenroda - Alemanha


Jarro art déco para cacau de faiança moldada, de bojo esférico, assente sobre pé circular, e colo alto cilíndrico. O bico, embutido no colo, parte do bojo em direcção ao bocal que é coberto por tampa de metal cromado. Toda a superfície recebeu pintura aerografada em dois tons de castanho, formando uma sobreposição de faixas horizontais, de diferentes espessuras, parcialmente em esfumado, que intercalam com a cor beije da reserva. Asa e bico são uniformemente castanho-chocolate. No fundo da base, carimbo preto, em forma de escudo, com a inscrição «Carstens» e «C G» sobrepujado por «Gräfenroda». Carimbos, igualmente a preto, «Dec 667», «Foreign» «24» e «34»
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 20 cm (s/tampa) x diâm. c. 14 cm


Trata-se da forma «Leine» com a decoração nº 667, e tem uma capacidade para cerca de litro e meio.

O despojamento e a funcionalidade da Bauhaus, presente na forma e na decoração minimalista, incluem este tipo de peças funcionais numa art déco vanguardista, muito característica dos objectos de uso quotidiano na República de Weimar.

Podem ver uma chocolateira idêntica no V&A (Victoria and Albert Museum) cuja ficha de inventário informa que, provavelmente, terá sido desenhado por Rausch, um aluno de Artur Hennig, e fabricado pela Christian Carstens, Kommandit-Gesellschaft Feinsteingutfabrik, Gräfenroda, em c. de 1930. Esta forma, com esta decoração em particular, parece ter feito sucesso no Reino Unido. A nossa peça foi comprada em Edimburgo, na Escócia, por exemplo, e o carimbo «Foreign» indica que se tratou de uma produção para exportação.


Porém, o mais interessante foi o que tivemos possibilidade de constatar nesta passada terça-feira, de manhã, 7 de Julho, na Feira da Ladra. Há muito tempo que não fazíamos em dia de semana esta voltinha simpática no meio do caos à procura das tão nossas apreciadas velharias.

Não foi um dia particularmente encorajador dado pouco termos visto que nos entusiasmasse verdadeiramente. Mais, constatámos que os preços continuam especulativos em excesso face aos tempos de crise em que vivemos.

Todavia, uma surpresa aguardava-nos. Não que nos interessasse adquiri-la, mas antes pelas questões que levantava. No meio do “lixo” surgiu-nos um jarro igual a este à venda e, por curiosidade, quisemos confirmar a germanidade da marca. A curiosidade instalou-se, pois a peça tinha apenas um único carimbo que informava «Made in England». Ora este modelo e decoração são indubitavelmente alemães, por isso das duas uma, ou a Carstens produzia uma parte da sua produção, sem marca, para ser vendida «in England» ou alguma fábrica inglesa a copiava. Mas não será certamente esta última versão porque pasta, cores, decoração e vidrados são inequivocamente iguais às de origem.

Não é a primeira vez que apresentamos exemplos ingleses que são cópias de formas alemãs. Veja-se post de 7 de Junho de 2014. De uma maneira geral, os ingleses copiam intensamente modelos e decorações continentais, sobretudo alemães, checos e franceses, antes de evoluírem, tardiamente nos anos 30, por caminhos que lhes são mais próprios.

domingo, 14 de dezembro de 2014

Caixa art déco aerografada modelo «Drossel» - Carstens Gräfenroda - Alemanha


Caixa de faiança moldada, de cor branca com decoração aerografada a castanho. Taça em forma de pirâmide invertida, de três lados ligeiramente convexos, cujo vértice assenta sobre pé circular saliente. Tampa triangular com pega de igual forma. No fundo da base, carimbo preto, em forma de escudo, com a inscrição «Carstens» e «C G» sobrepujado por «Gräfenroda». Carimbos igualmente a preto «Dec 24», «0» «6» e «34»
Data: 1931
Dimensões: Alt. 9 cm x larg 9,5 cm


Trata-se de uma caixa decorativa (zierdose), que tanto poderia ter a função de bomboneira como de açucareiro. Forma moderna bauhasiana em que a decoração estampilhada aerografada, muito linear, dá ritmo e profundidade às superfícies lisas.


No catálogo da firma Carstens Gräfenroda de Junho de 1931 aparece identificada como sendo o modelo «Drossel» e a decoração nº 24. Haveremos de postar mais algumas peças aí apresentadas.


quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Caixa art déco aerografada – Carstens-Gräfenroda - Alemanha


 
Caixa (boleira) art déco de faiança moldada e relevada, quadrangular, de cor creme com decoração policroma estampilhada e aerografada simulando “costuras”. A taça, mais larga no bocal e estreitando na base, apresenta quatro faces rectangulares cortadas na diagonal que, na parte superior são lisas e areografadas a laranja, e na inferior são caneladas. O triângulo inferior, canelado e de linhas paralelas transversais à diagonal, recebeu parcialmente pintura a aerógrafo, num tom carmim, que extravasa para o triângulo superior num castanho-esverdeado, remetendo para uma ilusão óptica de grandes costuras. A tampa, quadrada e plana, é cortada nas diagonais por estampilha aerografada a laranja sobre as quais recebeu “costuras” idênticas às da taça. Ao centro, pega esférica a laranja. Assenta sobre pé saliente num tom carmim mais escuro. No fundo da base carimbo preto, em forma de escudo, com a inscrição «Carstens» e «C G» sobrepujado por «Gräfenroda». Carimbos igualmente a preto com «D. 1700», «22», «C» e «.U (?) 5»
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. c. 11 cm x larg. 13,3 cm
 

A grande diferença entre a presente caixa e a sua congénere portuguesa, que ontem postámos, é a forma da tampa que neste caso é plana e com pega esférica. Todavia, as diagonais da decoração da tampa deste exemplar germânico remetem para a forma piramidal da solução portuguesa.

Embora o efeito plástico final seja distinto em ambas as peças não deixa de ser interessante notar que, em nossa opinião, nas duas o efeito óptico obtido remete sempre para o têxtil. No caso da caixa alemã é como se a pintura a aerógrafo simulasse grandes costuras num tecido grosso como lona.
 

Dada a ausência de criativos na área do design nas indústrias cerâmicas em Portugal antes da década de 50 do século XX dificilmente seria a Alemanha a copiar um modelo português pelo que foi a forma desta caixa que levou à concepção da peça da Lusitânia-Coimbra que, por sua vez, também será mais tardia.

A cor laranja que tão frequentemente vemos em peças até à década de 1960, e que já referimos como sendo a cor art déco por excelência, provém de um esmalte cerâmico de urânico. Este minério e seus compostos “coloridos” foi muito utilizado em esmaltes cerâmicos para a mencionada cor laranja, mas também para certos tipos de amarelo e preto, por exemplo, e para obter vidros de cor verde-maçã.
 

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Caixa quadrangular Lusitânia - Coimbra

Depois de uma longa ausência, estamos de volta ao blogue. Esperamos voltar de forma mais assídua a estas andanças cerâmicas e manter o contacto com os nossos seguidores. Retomamos com uma peça portuguesa que, a princípio, parecendo estranha no panorama nacional, acabou por se revelar mais um elo no entretecer das influências da Europa Central na nossa cerâmica.
 

Caixa (boleira) art déco de faiança moldada e relevada, quadrangular, com decoração estampilhada e aerografada, a castanho-mel, de motivos geométricos e florais. A taça, mais larga no bocal e estreitando na base, apresenta quatro faces rectangulares cortadas na diagonal que, na parte superior são lisas e na inferior são caneladas. O triângulo inferior, canelado e de linhas paralelas transversais à diagonal, recebeu pintura a aerógrafo que, em esfumado, realça o relevo. O triângulo superior, liso, foi decorado com motivo vegetalista, igualmente estampilhado e aerografado, num intrincado de hastes, pequenas flores e folhas estilizadas. A tampa, quadrada e suavemente piramidal, tem, nas quatro faces, decoração semelhante à da parte inferior da taça, embora o canelado esteja alinhado da esquerda para a direita formando um efeito óptico diferente. No seu centro uma pega cúbica, rematada por pirâmide baixa, reproduz, de forma simplificada, a decoração da caixa propriamente dita. Assenta sobre pé saliente a castanho-mel. No fundo da base carimbo verde Lusitânia - FLCL – Coimbra – Portugal.
Data: c.1930-35
Dimensões: Alt. 12,5 cm x larg.17cm

 
Mais um exemplo de como a partir de modelos estrangeiros, germânico como é o caso, a produção nacional concebeu uma peça utilitária e decorativa com alguma originalidade para consumo popular. A modernidade bauhausiana do padrão óptico linear, quase um tecido pregueado, é contrariada pela presença da padronagem floral miúda que remete para um tecido estampado, numa composição que lembra o patchwork. A peça alemã, da Carstens Gräfenroda, que serviu de modelo a esta versão nacional será apresentada no próximo post.
 
 

segunda-feira, 7 de outubro de 2013

Caixa art déco - GAL


Como por vezes acontece, os outros blogues à cerâmica dedicados inspiram-nos a seleccionar a peça a apresentar. Assim, a propósito do jarro postado por MAFLS, escolhemos uma peça desta fábrica marginal da produção portuguesa que foi a GAL.

 
Trata-se de uma caixa, provavelmente uma biscoiteira, de faiança moldada, de forma abaulada, ovoide e subtilmente quadrilobada, assente sobre dois pés corridos lateralmente. A tampa acompanha o desenho da taça e tem pega trapezoidal. É de cor beije com decoração geométrica aerografada sobre o vidrado, idêntica à do referido jarro. Uma composição linear, em que duas faixas paralelas, desencontradas, são interligadas por faixa vertical a eixo. As faixas, bicromas, a verde e castanho avinhado, repetem-se junto aos bordos da taça e da tampa. Pés e pega são realçados a castanho. No fundo da base, escrito à mão a castanho, Gal 230/39.
Data: 1935-37
Dimensões: Comp. c. 20 cm x larg. c. 14 cm


Por paralelismo com o referido jarro estaremos perante a forma nº 230 correspondendo o nº 39 à decoração.

Como nos informa MAFLS a fábrica apenas subsistiu cerca de dois anos. Fundada a 27 de Junho de 1935, a empresa foi dissolvida a 20 de Dezembro de 1937, e localizava-se na Rua Alves Torgo, 279, em Lisboa.

Tal como temos vindo a ilustrar, a produção alemã da República de Weimar, de finais dos anos 20 e inícios da década seguinte, foi o motor impulsionador de uma nova estética que revolucionou formas e decorações. A sua influência teve larga divulgação internacional, vindo a ser copiadas ou adaptadas em vários países, de que os EUA e Portugal são exemplos.

Para além de outras fábricas nacionais sobre as quais já tivemos oportunidade de escrever, a GAL encontra-se entre as que mais sofreram essa influência, caso da peça mostrada por MAFLS, que poderá ser uma cópia de um modelo que ainda não detectámos, mas que será, pelo menos, baseada em um jarro concebido pela Carstens-Georgenthal, de c. 1931, que ilustramos, embora o bico remeta para uma peça da Carstens-Gräfenroda, da mesma datação, que haveremos de mostrar, e a tampa com pega de outra. O mesmo se passa com a caixa de hoje e de outras peças que haveremos de postar desta tão pouco conhecida fábrica. 


Daí a importância e o interesse de existirem blogues sobre cerâmica que contextualizem, na sua troca de informação, dados que possibilitem uma leitura outra da produção cerâmica da época, sobretudo nacional. É por isso que estamos cada vez mais convictos que sem conhecermos a produção cerâmica estrangeira, sobretudo alemã, francesa e inglesa, e mesmo a italiana para outro período, não poderemos entender a produção portuguesa.

domingo, 25 de agosto de 2013

Jarra art déco aerografada – Carstens-Gräfenroda - Alemanha


Jarra de faiança moldada de bojo esférico assente sobre anel saliente com colo alto evasée. Decoração geométrica art déco aerografada, onde predominam linhas quebradas de tons castanho-mel, em esfumado, sobre branco. No fundo da base carimbo a preto em forma de escudo com a inscrição «Carstens» e «C G» sobrepujado por «Gräfenroda». Carimbos igualmente a preto com «D.851» (decor) e «8». Inscrito na pasta «1».
Data: c. 1930
Dimensões: alt. 23 cm



Dos diferentes núcleos da companhia alemã Carstens, fundada pelos irmãos Christian e Ernst Carstens volta de 1900, em Reichenbach, de que já falámos, apresentámos algumas peças da unidade fabril de Uffrecht. Hoje apresentamos a primeira peça da unidade de Gräfenroda, fundada em 1918 e a laborar no ano seguinte. Para o período que nos interessa tem como director artístico Gustav Matz e como artista Erich Krause (entre 1928 e 1932), principal criador de padronagens. 


Este ramo da empresa encontrou uma linguagem particular que permite facilmente identificar a origem das peças por ele produzidas. De baixo custo, as suas formas modernas bauhasianas e o recurso a eficazes e, por vezes, inusitadas decorações aerografadas, que produziu de c. 1927 a 1937, e técnicas de pintura diferentes, tornaram-na famosa, tanto na loiça utilitária como na decorativa. O aerógrafo permite conceber planos sobrepostos enganadores, criar falsas ilusões perspécticas, fingir rasgos e quebras em estruturas lisas, um sem número de possibilidades decorativas simples e infalíveis que outras fábricas também exploraram. Continuaremos a mostrar alguma dessa interessante produção aerografada, tanto em faiança como em porcelana.