Caixa de porcelana moldada e relevada, de cor branca
com decoração aerografada de faixas em três tons pastel (amarelo,
azul-esverdeado e castanho). O corpo da taça, circular, apresenta anel na parte
superior sobre forma troncocónica invertida e curva, assente sobre pé canelado.
A tampa, em forma de cone encurvado de base larga cujo vértice, cortado por
caneludas pronunciadas, inseridas num cilindro, que configuram a pega, é rematado
em talhe de bala. No fundo da base, carimbo verde «Kaestner Saxonia» «O/Z» [Friedrich
Kaestner, Oberhohndorf
bei Zwickau, Saxónia], sobrepujando
algo ilegível pintado a ouro; à mão (talvez «Spritzkunst»), e
inscrito na pasta «441».
Data:
c. 1930
Dimensões:
Alt.
c. 13,5 cm x Ø c.
10cm
A modelação torneada desta peça vanguardista, que
certamente será da autoria do professor
Artur Hennig (1880-1959) - activo na fábrica Kaestner de 1928 a
1933 -, remete, em nossa opinião,
para os figurinos do bauhausiano Ballet
Triádico (Triadische Ballet),
criado por Oskar Schlemmer, e estreado em 1922, a que já aludimos no
blogue, no post de 11 de Maio de
2013, a propósito de uma caixa de Eschenbach, e que se ilustra com mais algumas fotografias
(montagem da nossa autoria) de época recolhidas na net.
A linha produzida por Hennig vai constituir uma das
tendências mais radicais no modernismo da cerâmica alemã de então, juntando o
lúdico e o decorativismo da art déco
ao despojamento bauhausiano, como continuaremos a ilustrar com outras peças
Kaestner da nossa colecção. A produção de objectos aerografados na Kaestner (ou Kästner) vai de 1928 a
1935, coincidindo, com a diferença de um ano (1929), com o carimbo presente
nesta caixa.

A família Kaestner, antiga proprietária de terras
agrícolas, está documentada desde 1551 enquanto possuidora de uma mina de
carvão na localidade de Oberhohndorf,
desde 1935 integrada na cidade de Zwickau. Ao longo dos séculos, a família
tornou-se numa das mais importantes no tecido industrial da Saxónia.
Friedrich
Kaestner (1855-1924), filho do último proprietário da mina de carvão, decidiu
dedicar-se à produção de porcelana, no que foi totalmente apoiado pelo pai.
Criada em 1882, a fábrica abriu no ano seguinte com o nome da família. Com
carvão em abundância e bem servida de transporte ferroviário, a fábrica atingiu
a sua maior expansão na década de 1930, chegando a fornecer a força aérea alemã,
a Luftwaffe, criada em 1933 por Hitler. Assim obliterando a produção de
vanguarda, resultante da colaboração com o designer da fábrica de Bunzlau,
professor Artur Hennig, durante a República de
Weimar concebida para a burguesia mais esclarecida.
Em 1949, após a II Guerra
Mundial, foi nacionalizada passando a exportar, sobretudo, para a URSS. No
entanto, entrou em decadência nos anos 60 tendo encerrado em 1971. Foi a última
unidade produtora de porcelana a encerrar na região.

Sem comentários:
Enviar um comentário