Mostrar mensagens com a etiqueta Karl Tutter. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Karl Tutter. Mostrar todas as mensagens

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Escultura art déco com putto montando carneiro – Hutschenreuther - Alemanha



Escultura art déco de porcelana moldada e relevada, branca com apontamentos a ouro, representando um carneiro empinado montado por um putto. As figuras assentam numa base onde ervas encurvadas, estilizadas e agressivas como garras, despontam ameaçadoras. No fundo da base, carimbo verde oval com leão e L. H. S. envolvida por Hutschenreuther, Selb Bavaria, Abteilung für Kunst, e, pintado à mão, um «S»?, a ouro. Inscrito na pasta, Karl Tutter.
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. c. 19 cm x comp. c.15 cm x larg. c. 9 cm


Trata-se do modelo nº 1174, criado por Karl Tutter, artista de quem já apresentámos algumas peças para a fábrica de porcelana alemã Hutschenreuther. Mais uma vez o neo-barroco e o neo-rococó como fonte de inspiração e reinterpretados dentro de uma estética art déco, recorrente na obra de Tutter.
 

O interesse maior desta estatueta, que apesar de pequena assume uma inesperada monumentalidade, é o seu carácter pouco apaziguador. Não se trata apenas de domar um animal bravio, tarefa que a figura de putto, qual cowboy num rodeo, parece executar com perícia, antes uma força maléfica, quase diabólica, a que as garras da erva dão maior ênfase, que a criança tenta dominar.

Diríamos estar perante uma variante da velha ideia clássica do Homem como ordenador do Caos – a Razão que submete a Natureza, os instintos selvagens. A agressividade dominada pela inocência ou a eterna luta entre o Bem e o Mal.

Uma outra peça de Tutter anteriormente apresentada, com a mesma temática de putto dominando carneiro, não anda longe desta ideia, embora não tenha o dramatismo e a agressividade da escultura de hoje.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Castiçal Art Déco com Putto - Hutschenreuther, Alemanha




Castiçal de porcelana moldada, branca com apontamento a ouro, composta por uma esfera dourada central, sobre base, de onde partem, simetricamente, duas folhas de agave estilizadas, ao gosto art déco, de cada lado, uma maior sobre uma mais pequena, as maiores suportam os lumes. Sobre a bola, uma estrela e, em equilíbrio instável, um putto. Na base, carimbo verde Hutschenreuther, Selb Bavaria, Abteilung für Künst, e, inscrito na pasta, K Tutter.
Data: c. 1930
Dimensões: larg. c. 23 cm





Mais uma peça neo-barroca de Karl Tutter. Trata-se do modelo nº 1075. Desta vez uma peça icónica da Art Déco alemã que mereceu destaque na obra de Catharina Berents - Art Déco in Deutschland: das modern Ornament. Frankfurt a. M.: Anabas, 1988, que lhe dedica a capa aqui reproduzida. Segundo a autora, esta peça é bem representativa do confronto, à época, na Alemanha, entre naturalismo e artificialidade, já que ao estaticismo estilizado do castiçal propriamente dito ficou associada uma figura naturalista, artificialmente congelada, cujo movimento demonstra um esforço excessivo para se equilibrar face à rigorosa simetria do suporte.


sábado, 24 de março de 2012

Caixa art déco de Karl Tutter - Alemanha




Caixa de porcelana moldada e relevada, talvez um guarda-jóias, cor-de-rosa pastel com filetes a ouro contornando as saliências horizontais da taça e tampa assim como os rebordos das mesmas. A caixa foi concebida numa reinterpretação neo-rococó de concheados geometrizados dentro de uma estética art déco. Pega vegetalista (?) estilizada a ouro e taça assente sobre quatro pés ondulados igualmente realçados a ouro. Na base, carimbo verde da fábrica com leão sobre L.H.S. inscritos numa oval, rodeados por Hutschenreuther' e 'Selb Bavaria'. Por baixo,‘Abteilung für Kunst’ e, por cima, inscrito na pasta K. TUTTER.
Data: c. 1927 (carimbo 1920-1938)
Dimensões: 12 cm x 9 cm

 Segunda peça de Karl Tutter, sobre quem já aqui falámos, a 15 de Novembro do ano passado, será das mais eloquentes relativamente à sua vertente neo-rococó.



A voga neo-rococó na Art Déco alemã filia-se directamente nas gravuras de Jean-Baptiste Pillement (1728 - 1808), pintor e decorador francês, muito em popular na Europa do seu tempo, chegando mesmo a residir em Portugal onde deixou obra feita. Nela difundiu o gosto pela chinoiserie segundo a interpretação francesa rococó, termo que permanece nas línguas europeias. As suas ilustrações, desenhos e pinturas, fantasiosas combinações orientalistas de pássaros, flores e outros elementos da fauna e da flora onde evoluíam figuras humanas, amplamente divulgados em gravuras, inspiraram artistas, sobretudo nas artes decorativas. O período do primeiro Pós-Guerra vai recuperá-las, principalmente na Alemanha, agora revistas por uma sensibilidade moderna. Tal estética vai ter repercussões na arquitectura, decoração de interiores, cerâmica, tecidos, papéis de parede, etc..

Na caixa de Tutter, que aparece na página 30 do catálogo da fábrica, de 1927,  referenciada sob o número 0829/2, a porcelana foi trabalhada como talha, embora a geometrização das suas componentes tenha criado uma sucessão de dezasseis panos quebrados, regulares e simétricos, que convergem ora em direcção da pega, único elemento assimétrico do conjunto, ora em direcção à base suportada por quatro pés recortados. A tampa em si mesma, remete para um chapéu de chinês, revisto por Pillement, ao qual não falta sequer o penacho.
Apesar da sua pequena dimensão, é um objecto que, para além de refinado, alia a graça à monumentalidade, características, aliás, que são atributos do Rococó.

Mais uma vez focamos o aspecto, tão interessante nos objectos colecionáveis, que é a sua circulação. Esta caixinha criada na Alemanha e intacta na sua fragilidade foi parar a Tel Aviv. Por ironia? Por destino trágico? Neste momento mora em Lisboa. Definitivamente?


terça-feira, 15 de novembro de 2011

Grupo escultórico da Hutschenreuther – Putto e Carneiro




Ao contrário do que é norma fazermos, enquanto coleccionadores preferenciais de cerâmica portuguesa, o exemplar de hoje é o modelo alemão, em porcelana, e não a sua interpretação nacional. Perceberão porquê …

Trata-se de um grupo escultórico de porcelana moldada da autoria de Karl Tutter (1883 – 1969), da manufactura de porcelanas Hutschenreuther, modelo nº 904 do catálogo de 1927 (pág. 34), de cor branca com realces a ouro, representando putto dominando carneiro. Em oposição a estas duas figuras, barroquizantes, contrapõe-se a vegetação estilizada ao gosto art déco. Assinado no plinto K. TUTTER. Carimbo a verde estampado na base:'Hutschenreuther', 'Selb Bavaria'; ‘Kunstabteilung’,  e a  ouro, pintado à mão,  o nº 18.
Data: 1927
Dimensões: alt 25 cm x larg. 27,5 cm,

Em 1922, o autor começa a trabalhar como escultor, ao lado de Carl Werner, na fábrica Lorenz Hutschenreuther, onde ficou quase 40 anos, e para a qual contribuiu com grande quantidade de modelos, tendo adquirido reconhecimento mundial.
A variedade das suas criações vai desde os modelos mais clássicos, com particular ênfase no neo-barroco e neo-rococó, sendo dele algumas das criações programáticas desta vertente alemã da art déco, até à mais rigorosa estilização dentro deste mesmo estilo. Teremos oportunidade de voltar a falar das suas criações dado possuirmos um pequeno conjunto de peças da sua autoria.

Ora este exemplar vai conhecer uma réplica nacional feita pela Estatuária Coimbra, em data incerta, mas seguramente tardia, no âmbito de uma importação e banalização de modelos decorativos estrangeiros, com destaque para a produção alemã. Agradecemos ao antiquário Arca d’Arte (Mercado Sta Clara – Feira da Ladra) o ter-nos permitido fotografar a peça que aqui apresentamos.




A Estatuária Coimbra (ou talvez com a designação Estatuária Artística de Coimbra) também reproduziu obras escultóricas, de originais de bronze, caso de uma Diana, de c. 1925, do célebre escultor norte-americano Paul Manship (1885-1966), de que conhecemos um exemplar mas do qual, infelizmente, não possuímos imagem, pelo que reproduzimos apenas uma imagem do original.