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domingo, 12 de abril de 2015

Jarra art déco gomada helicoidal - Rambervillers Cythère – França


Jarra de grés flammé, de forma tendencialmente esférica, relevada em 16 “gomos” dispostos helicoidalmente. Sobre a cor azul escorridos esverdeados e acastanhados, irisada e com lustre. No fundo da base, inscritos na pasta, carimbos «Cythère» e, em cartela lanceolada, «Unis France», assim como «5»(?) e «U»(?) (marcas do artista?).
Data: c. 1930 (marca 1920 a 1931)
Dimensões: Alt. 19 cm x Ø c. 21 cm


No inventário de 1931, posto em catálogo no mesmo ano, informa-nos que se trata do modelo 660, referenciado na página 3, com uma altura de 215 mm.

Esta jarra integra-se dentro da mesma linha da peça que postámos em 13 de novembro de 2013, igualmente de esmalte azul de reflexos metálicos à base de óxido de cobalto, dentro da linha renovada art déco da Société de Rambervillers.

São peças curiosas estas da Cythère. As suas superfícies têm o aspecto de desperdícios industriais derramados sobre água. Como quando entramos numa oficina de carros e à tona dos líquidos que alastram pelo chão só vemos os reflexos de brilhos oleosos e irisações várias do derrame de gasolina ou gasóleo. São a cristalização poética e bela da poluição industrial, de uma ideia de progresso que se veio a revelar catastrófica para o ambiente. Felizmente aqui inócua e reduzida a um mero objecto estético.


quarta-feira, 13 de novembro de 2013

Jarra art déco poligonal - Rambervillers Cythère - França


Jarra de grés tendencialmente esférica, cuja superfície é multifacetada por uma quadrícula de linhas verticais e longitudinais, rematada por bocal estreito saliente em anel. O esmalte azul brilhante apresenta escorrências amareladas e irisadas de aspecto metalizado (que as fotos não mostram). No fundo da base, inscritos na pasta, carimbos Cythère - Rambervillers e, em cartela oval, Unis France.
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 18 cm x Ø 21 cm
No inventário de 1931, posto em catálogo no mesmo ano, mostra-nos que se trata do modelo 649, referenciado na página 3, com uma altura de 215 mm.


Em 1885 Édouard Jacquot funda a Société Anonyme des Produits Céramiques de Jeanménil Rambervillers que entra em laboração dois anos depois. A fábrica produz então canalizações em grés e outros produtos de saneamento e higiene públicos. Em 1891 a empresa, sob outra direcção, passa a denominar-se Société Anonyme des Produits Céramiques de Rambervillers (SAPCR). Os fornos são modernizados e ampliados e, no ano seguinte, Alphonse Cythère (1861-1941) é nomeado director. Este tenta diversificar a produção dentro da mesma linha de especialização da fábrica.


Ao visitar a Exposição Universal de Paris de 1900 vai descobrir os greses artísticos e decorativos produzidos pela concorrência. O reencontro com o seu amigo Joseph Mougin dá-lhe novas ideias e, de regresso a Rambervillers, faz experiências com esmaltes a partir da matéria-prima utilizada na empresa. As tentativas só são coroadas de êxito em 1903 e, nesse mesmo ano, a SAPCR apresenta com grande sucesso as suas peças numa exposição artística em Nancy. A produção vai ser vendida em Paris através da casa Majorelle que também fornece alguns modelos. A partir de 1909 as vendas registam um grande aumento. Os seus modelos são caracterizados durante todo este período pela sinuosa gramática Art Nouveau franco-belga.

Entre 1914-18 a empresa limita-se ao fabrico de tubos de grés para canalização dadas as necessidades sentidas durante o período e a maioria dos operários ter sido mobilizada para a frente de combate. 


Só em 1920 recomeça a produção de greses artísticos devido à falta de pessoal qualificado. Entre 1925-31 Cythère aperfeiçoa o esmalte azul de reflexos metálicos à base de óxido de cobalto, que vai levar a um aumento das vendas. As exportações para os EUA, Japão e outros países são um sucesso, com peças de linhas renovadas onde se destacam as de estilo Art Déco como a jarra ilustrada. Neste período entre 1920 e 1931 a Société de Rambervillers integra a Unis France. Trata-se de uma marca de protecção que significa Union Nationale Inter-Syndicale (UNIS) instaurada em 1916 pelos industriais franceses durante a guerra. Tinha como fim reagrupar os meios de produção franceses e, sobretudo, de protecção face a contrafações incentivando o cliente a comprar francês.

A crise de 1929 tem efeitos devastadores em França a partir de 1932, e a fábrica entra em decadência. A situação agrava-se em 1939 com a mobilização dos quadros da sociedade e de grande parte do pessoal. O bombardeamento das instalações em 1940 precede a morte de Alphonse no ano seguinte, em Junho. A fábrica retoma lentamente a produção a partir de 1946 dirigida pelo filho André. Este demite-se em 1949. A SAPCR acaba por encerrar em 1972.