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domingo, 12 de junho de 2016

Jarra canelada marmoreada – Lusitânia-Coimbra


Jarra de faiança moldada, em forma de granada ou de barrica canelada na horizontal, assente em pé saliente, com decoração marmoreada, a verde que alastra como óleo sobre creme-amarelado, com lustrina, que lhe dá um efeito suavemente irisado. No fundo da base, carimbo estampado verde, pouco legível, «Lusitânia – ELCL (?) – Coimbra – Portugal»
Data: c. 1930 - 40
Dimensões: Alt. 15,5 cm


 A forma será resultado da importação de modelo estrangeiro, dentro da gramática art déco modernista.


Um tipo de decoração marmoreada semelhante, com outra cor e expressão, foi mostrado
(1 de Dezembro de 2011) neste blogue a propósito de uma peça de Sacavém, que, então, incorrectamente datámos entre c. 1910-18. Hoje inclui-la-íamos na mesma cronologia desta jarra Lusitânia, tal como a jarra da francesa Onnaing que se ilustra, retirada da net (leilões eBay-Fr). Poderá ser esta produção francesa a estar na génese do exemplar de Sacavém, embora este tipo de efeitos tenha sido explorado em diversas fábricas de cerâmica de distintos países. O resultado “mancha de óleo” obtido pelo acaso da dissolução dos pigmentos sobre a cor base da peça é muito semelhante aos obtidos no papel marmoreado, de que se dá também exemplo infra. 


domingo, 22 de maio de 2016

Jarra de flores castanhas - Lusitânia - Coimbra


Jarra de faiança moldada, em forma de balaústre bojudo com gargalo curto evasé e pé em meia-cana. Bojo decorado com composição floral pintada à mão em tons de castanho. A parte superior do bojo, de fundo castanho no prolongamento do estrangulamento do gargalo, é cintada por grandes flores, de duas espécies, intercaladas, que pendem com demais folhagem sobre o branco marfim do fundo. Pé uniformemente a castanho, tal como o gargalo. Interior branco. No fundo da base, pintado à mão, a castanho, «Lusitânia Coimbra».
Data: c. 1930-40
Dimensões: Alt.34,5cm


Não se pode dizer que tenhamos adquirido esta peça porque gostámos dela. Pelo contrário, não gostamos. Todavia, achámos curioso o facto de ter a mesma decoração da jarra quadrilobada que postámos em 7 de Janeiro de 2013 e que muito apreciamos. Esta jarra de flores castanhas é estranhamente grosseira e pesada, por contraponto à elegância da azul. Talvez pela dimensão, pela forma, pelo horror ao vazio e mesmo pela cor, ou tudo junto. Se na outra versão a composição respira, nesta tudo abafa, mesmo que se esvaia em direção à base.

Mas colecionar de uma maneira que diríamos científica – porque busca congéneres, relações, modelos, referências… - requer alguns sacrifícios à bolsa e ao olhar. Está escondida, mas se, porventura, nos libertássemos do parti pris e experimentássemos expô-la, até poderia ser que resultasse bem sem outra ornamentação nas proximidades, recortando-se no branco de uma parede. Talvez um dia...


Inserimo-la, no entanto, num certo gosto art déco de cariz popular e, também por isso, faz sentido integrá-la na nossa pequena colecção de peças da Lusitânia-Coimbra dedicada a essa gramática.


quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Jarras da Fábrica do Outeiro - Águeda


Da cerâmica produzida na região de Aveiro, para além das sobejamente conhecidas Aleluia e Vista Alegre, temos duas jarras, que hoje postamos, da Fábrica do Outeiro, em Águeda, fábrica da qual nada sabemos.

Na verdade pouco nos diz o tipo de faiança que aí foi feito e, de uma maneira geral, nem temos particular interesse na sua produção. Não fora a forma destas peças nos ter chamado a atenção por outras razões.


A maior, adquirimo-la em Maio de 1999 na feira de velharias e antiguidades que, então, se realizava, no Forum Picoas. A mais pequena, comprada em 2005 num bazar de Natal. O modelo entrava dentro da gramática formal que nos ocupa.


Jarras de faiança moldada, trilobadas em forma de leque, com decoração, pintada à mão, de flores e folhas. No fundo da base, pintado à mão, a preto, na de maiores dimensões: «Outeiro» «Águeda» e «276»; na outra, «Outeiro» «Águeda» «Portugal» e «396»
Data: Entre 1940-60 (?)
Dimensões: Grande: Alt. 17 cm x comp. 28 cm x larg. 14,5 cm (máximos)
                    Pequena: Alt. 10,5 cm x comp. 17 cm x larg. 8 cm (máximos)


Esta forma art déco será cópia de um modelo da fábrica alemã Carstens-Uffrecht concebido por volta de 1930. Estamos em crer que os exemplares nacionais datarão da década de 40 ou mesmo de 50. Pode ser que entretanto encontremos novas datações. Imaginem a surpresa se fossem anteriores…


Partindo do princípio que estamos perante uma cópia, não deixa de ser interessante constatar que o espírito da peça alemã remete para uma produção de massa vanguardista dentro da estética art déco modernista, por oposição à produção portuguesa de gosto mais popular. Reflexo de duas realidades socias e culturais radicalmente opostas.


A decoração da jarra grande, com as suas flores e folhas muito nítidas, que ressaltam sobre fundo azul, remete para decorações idênticas que encontramos na produção de Sacavém dos anos 50. A da jarra pequena, muito mais conservadora, tem ainda um carácter vagamente arcaico, com as suas florinhas e folhagem, dada por pequenas pinceladas rápidas, que preenchem totalmente a superfície. Em ambos os casos a padronagem têxtil é muito evidente.


Dos exemplos que conhecemos do modelo da Carstens-Uffrecht, que aqui se ilustram, seleccionámos decorações que remetem também para outras produções portuguesas, como a da Fábrica Lusitânia, tanto das unidades de Lisboa como de Coimbra. Veja-se como também a forma, em versão alongada, é próxima das que já postámos em 7 de Janeiro de 2013, 7 e 8 de Fevereiro e 12 de Julho de 2015.


Não há dúvida que a influência da criação alemã pré-hitleriana é transversal à produção nacional dos anos 30 e mesmo sequentes. O que, num país como o nosso, com um fascismo de teor ruralizante, não deixa de ser curioso. A merecer melhor reflexão.

sábado, 12 de setembro de 2015

Prato de cozinha art déco cor-de-rosa com flores estilizadas – Lusitânia-Coimbra


Hoje trazemos um prato de cozinha, idêntico ao anterior e igualmente da «Lusitânia ELCA – Coimbra – Portugal», como indica o carimbo a verde, diferindo apenas na dimensão, na cor rosa, igualmente a esfumado ou a cheio mais intenso, e no acréscimo do motivo aerografado em zig-zag que circunda o bordo.
Data: c. 1930 - 40
Dimensões: Ø 34,3 cm x alt. 4,5 cm



domingo, 6 de setembro de 2015

Prato de cozinha art déco verde com flores estilizadas – Lusitânia-Coimbra


Prato de cozinha de faiança moldada, circular com aba larga e lisa. De cor branca com decoração, estampilhada e aerografada, a verde esfumado, no centro do covo, com motivo de flores estilizadas de gramática art déco. Bordo aerografado a verde esfumado. No fundo da base, carimbo verde «Lusitânia ELCA – Coimbra – Portugal».
Data: c. 1930-40
Dimensões: Ø 37 cm x alt. 6 cm


Este é mais um caso, como veremos no próximo post e como temos vindo a mostrar, que permite aferir que uma mesma estampilha e técnica foram coetaneamente utilizadas em peças produzidas nas unidades da fábrica Lusitânia de Coimbra e de Lisboa.

Fábricas nacionais como Sacavém, Massarelos e Lusitânia, tanto na unidade de Lisboa como de Coimbra, e, mais tardiamente, a Lufapo, herdeira das últimas, e a Cesol produziram pratos de cozinha e saladeiras, entre outras peças, com decorações recorrendo a estampilhas e a aerógrafo, onde predominam composições de gosto art déco.


Apesar de acrescida de pequenos apontamentos vegetalistas e ligeiras modificações reconhece-se que a mesma composição floral do exemplar de hoje foi utilizada, em finais da década de 40 e/ou já na seguinte, em peças fabricadas pela Cesol (ver MAFLS). Permanências de um estilo que em Portugal conquistou uma popularidade longeva como temos mostrado na cerâmica, mas igualmente noutros campos como foi o caso da arquitectura popular. 

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Boleira art déco com motivos vegetalistas monocromos - Lusitânia - Coimbra


Esta forma pela terceira vez marca presença aqui no blogue: a primeira, em 28 de Fevereiro de 2013, tinha outra decoração, e a segunda, em 27 Dezembro do ano seguinte, tinha a mesma decoração da que agora se mostra em versão monocromática a azul. O grafismo dos motivos vegetalistas estilizados apresenta, em nossa opinião, ressonâncias simplificadas do neo-rococó de Dagobert Peche, como então escrevemos.



A caixa (boleira) art déco de faiança moldada de hoje tem uma cor uniforme azul-pálido, mate, sobre a qual recebeu decoração estampilhagem aplicada a aerógrafo no mesmo tom de azul mais carregado, cor que realça igualmente, em esfumado, os pés e a pega. No fundo da base, carimbo azul Lusitânia – Coimbra.
Data: c. 1930-35
Dimensões: Comp. c. 22,2 cm x larg. c. 11,5 cm x alt. c. 16 cm


domingo, 8 de fevereiro de 2015

Jarra art déco quadrilobada com escorridos – Lusitânia - Coimbra



Mais uma jarra quadrilobada e lotiforme da Lusitânia, mas da unidade fabril de Coimbra. É idêntica à anterior embora de menores dimensões. Também a paleta cromática apresenta algumas diferenças, tais como a cor laranja de uralite ser mais clara, o amarelo subjacente estar mais presente e a cor manganês, para além de integrar os escorrimentos, pontilha parte da peça. No fundo da base, carimbo estampado, azul, Lusitânia-Coimbra.
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 15,5 cm



sábado, 27 de dezembro de 2014

Boleira art déco com motivos vegetalistas bicromos - Lusitânia - Coimbra


Em 28 de Fevereiro de 2013 postámos uma caixa (boleira) art déco da unidade fabril de Coimbra da Fábrica Lusitânia do mesmo modelo que hoje apresentamos com outra decoração.
Sobre a cor uniforme esverdeado-pálido, mate, esta versão recebeu nas duas faces principais uma composição vegetalista estilizada, estampilhada e aerografada, a castanho e verde. Nas faces laterais e tampa outra composição de menor escala, igualmente vegetalista e com as mesmas cores. O bordo inferior da tampa é realçado frontalmente por ondeado a castanho. Tanto a pega como os pés são aerografados a verde. No fundo da base, carimbo verde Lusitânia FLCL – Coimbra – Portugal
Data: c. 1930-35
Dimensões: Comp. c. 22,2 cm x larg. c. 11,5 cm x alt. c. 16 cm



O grafismo dos motivos vegetalistas estilizados remete-nos para o eixo Áustria-Alemanha, com ressonâncias simplificadas do neo-rococó de Dagobert Peche (1887 – 1923) artista que muito vai influenciar a art déco germânica


sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Placa decorativa com veado Lusitânia – Coimbra


Placa decorativa de suspensão rectangular, art déco, de faiança moldada e relevada, vidrada a mate cor de marfim, craquelé, com representação de veado numa floresta. A cena é enquadrada por barras laterais lisas formando moldura. Dois furos laterais, com fio, permitem a sua suspensão. No fundo da base, carimbo estampado verde, pouco legível, Lusitânia - ELCL – Coimbra – Portugal]
Data: c. 1930 - 35
Dimensões: Comp. c. 32,5 cm x Larg. 25 cm
 

A peça remete para a ideia de um baixo-relevo pétreo com o bujardado do fundo a fazer ressaltar os elementos escultóricos. Mais um exemplo nacional de um tema particularmente grato ao Art Déco.
 
A imagem do cervídeo tende para uma representação naturalista, e vimos nela um desejo de figuração ancestral próximo do que encontramos em pinturas rupestres, embora o elemento vegetalista, estilizado e que tudo envolve, seja estranho a essas obras. A posição inclinada do corpo, metáfora de movimento, cortando na diagonal a cena, é idêntica às encontradas em Valltorta (Castellón) - Espanha, por exemplo, sobretudo quando observado de tardoz. As cenas de caça em que os animais são perseguidos reduzem-se nesta placa à visualização de um único elemento retirando-lhe um contexto preciso.


quarta-feira, 6 de agosto de 2014

Caixa quadrangular Lusitânia - Coimbra

Depois de uma longa ausência, estamos de volta ao blogue. Esperamos voltar de forma mais assídua a estas andanças cerâmicas e manter o contacto com os nossos seguidores. Retomamos com uma peça portuguesa que, a princípio, parecendo estranha no panorama nacional, acabou por se revelar mais um elo no entretecer das influências da Europa Central na nossa cerâmica.
 

Caixa (boleira) art déco de faiança moldada e relevada, quadrangular, com decoração estampilhada e aerografada, a castanho-mel, de motivos geométricos e florais. A taça, mais larga no bocal e estreitando na base, apresenta quatro faces rectangulares cortadas na diagonal que, na parte superior são lisas e na inferior são caneladas. O triângulo inferior, canelado e de linhas paralelas transversais à diagonal, recebeu pintura a aerógrafo que, em esfumado, realça o relevo. O triângulo superior, liso, foi decorado com motivo vegetalista, igualmente estampilhado e aerografado, num intrincado de hastes, pequenas flores e folhas estilizadas. A tampa, quadrada e suavemente piramidal, tem, nas quatro faces, decoração semelhante à da parte inferior da taça, embora o canelado esteja alinhado da esquerda para a direita formando um efeito óptico diferente. No seu centro uma pega cúbica, rematada por pirâmide baixa, reproduz, de forma simplificada, a decoração da caixa propriamente dita. Assenta sobre pé saliente a castanho-mel. No fundo da base carimbo verde Lusitânia - FLCL – Coimbra – Portugal.
Data: c.1930-35
Dimensões: Alt. 12,5 cm x larg.17cm

 
Mais um exemplo de como a partir de modelos estrangeiros, germânico como é o caso, a produção nacional concebeu uma peça utilitária e decorativa com alguma originalidade para consumo popular. A modernidade bauhausiana do padrão óptico linear, quase um tecido pregueado, é contrariada pela presença da padronagem floral miúda que remete para um tecido estampado, numa composição que lembra o patchwork. A peça alemã, da Carstens Gräfenroda, que serviu de modelo a esta versão nacional será apresentada no próximo post.
 
 

sábado, 1 de junho de 2013

Gato art déco da Lusitânia - Coimbra


Peça de faiança moldada representando um gato sentado, de cor creme com apontamentos a preto. A expressão do focinho suspensa entre o surpreso assustado e triste, mas simultaneamente cómica. No fundo da base, carimbo azul Lusitania Coimbra e inscrito na pata nº 170 (?).
Data: c. 1930
Dimensões: alt. c. 10,2 cm x comp. 9 cm x larg. c. 4,5 cm


As vicissitudes do tempo não foram muito clementes para com esta pequena peça decorativa que chegou às nossas mãos colada no pescoço e na cauda. Cá está, por vezes compra-se (quando o preço o justifica, claro, e que neste caso foi irrisório) uma peça partida ou mais gasta, sempre na expectativa de um dia encontrar um exemplar em melhores condições, desde que ilustre a produção nacional do período e da sensibilidade estética que nos importa ilustrar.


Apesar do aspecto menos alegre, diríamos mesmo infeliz, deste gato produzido pela Lusitânia-Coimbra, encontramos nele algum eco do célebre Gato Felix (Felix the Cat), personagem do cinema de animação do tempo do cinema mudo e da BD norte-americana criada em 1919. Terá sido concebido pelo cartoonista norte-americano Otto Messmer (1892 - 1983) para o estúdio nova-iorquino de Pat Sullivan (1887 Austrália – 1933 EUA), embora este último, produtor cinematográfico e também cartoonista, desde logo tenha reivindicado a sua criação. O sucesso estrondoso do boneco no meio cinematográfico entrou em declínio com o sonoro, e a partir de 1930 acabou por praticamente desaparecer. Na década de 50 passou a ser redesenhado por Joseph "Joe" Oriolo (1913 – 1985), que lhe deu novo fôlego tanto na BD como na televisão. Este cartoonista foi o criador de outra personagem da BD de grande sucesso, Casper the Friendly Ghost (Gasparzinho).

sábado, 2 de março de 2013

Jarra de suspensão art déco - Lusitânia-Coimbra




Jarra de faiança moldada, de pendurar na parede, em forma de meia flor campanulada e polilobada, policroma, com decoração de escorridos e manchas aplicados a aerógrafo controlado por estampilha. Do bocal pendem escorridos cor-de-laranja sobre fundo azul pálido que dá lugar ao esverdeado e ao arroxeado na base da corola, manchada num granitado cinza-azulado, e se prolonga no cálice igualmente bordejado por escorridos laranja. Interior branco. No tardoz, carimbo preto «Lusitania Coimbra» e, inscrito na pasta, «T» (?).
Data: c. 1930-35
Dimensões: Alt. 26,5 cm x larg. 18 cm


A aparência aleatória dos escorridos engana o olhar dado os mesmos terem sido aplicados de formas distintas e perfeitamente controladas. Primeiro o laranja do bocal, de cima para baixo, registando-se depois uma inversão da aplicação das demais cores que escorrem da base para o bocal, tendo-se o azul pálido sobreposto ao laranja.


Mais uma vez um exemplo da profunda influência alemã, dos anos 20 e 30, quer na forma quer na decoração quer nas cores, com o laranja estridente (obtido com óxido de urânio?) tão utilizado nas cerâmicas art déco em vários países, especialmente da Europa Central, Reino Unido e Portugal. Decoração semelhante encontra-se aplicada no modelo de caixa que apresentámos anteriormente  ilustrado por MAFLS.