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quarta-feira, 15 de agosto de 2018

Jarra cabaça azul com guarnição de metal Paul Milet - Sèvres


O modelo de jarra em forma de cabaça canelada que hoje postamos já aqui foi apresentado em 14 de janeiro de 2012. A diferença passa pela cor, neste exemplar simulando crisocola, a azul-ultramarino e a amarelo, como palhetas de ouro, dando cambiantes esverdeados, e pelos motivos decorativos da guarnição de metal (bronze?), igualmente art déco, formando anel cintando o bocal de onde pendem três conchas ou palmetas classicizantes que intercalam com igual número de cadeias geométricas formadas por trapézios escalonados. No fundo da base, carimbo circular pontilhado envolvendo «MP» «Sèvres» e, pintado à mão, «V».
Data: c. 1920-25
Dimensões: alt. 15 x larg. 11,5cm


Numa colecção, a constituição de séries permite compreender como um mesmo elemento decorativo (neste caso a cadeia geométrica formada por trapézios escalonados), repetido em contextos e associações diferentes, dá origem a novas composições decorativas.

A guarnição metálica, mais uma vez, contribui para enobrecer a cerâmica, numa continuação das tendências decorativas do Barroco, neste caso para enfatizar a estética art déco da época pouco evidente na forma desta jarra que remete para modelos orientais.



domingo, 8 de julho de 2018

Jarra art déco com guarnição metálica com rosas – Paul Milet - França


 Jarra de faiança moldada em forma de balaustre, de cor azul-turquesa exteriormente manchado, simulando crisocola, a azul-ultramarino e a amarelo, como palhetas de ouro, dando cambiantes esverdeados. A peça é envolvida por guarnição de metal martelado (bronze?), que cinta bocal, bojo e pé. Do anel do bojo pendem fitas, à maneira de festões, subdividindo a jarra em três faces, que se unem a “pilastras” saindo da base, encimadas por rosas e folhagem. No fundo da base, carimbo circular pontilhado, preto, envolvendo «MP» «Sèvres» e, à mão, também a preto, «V».
Data: c. 1920
Dimensões: Alt. 33 cm


Não é a primeira vez que postamos uma jarra Paul Milet aqui no blogue e, certamente, não será a última, pois a nossa pequena colecção de cerâmica francesa ainda inclui mais umas quantas que haveremos de aqui mostrar um dia. Porém, como já passou tanto tempo desde a última peça desta manufactura, recapitulamos um pouco da sua história com mais alguma informação.

Paul Milet começa a assinar as peças produzidas na sua manufactura com MP Sèvres dentro de círculo pontilhado a partir de 1911, depois da morte de seu pai Optat Milet. Com o decorrer dos anos a vizinha Manufactura Nacional de Sèvres, também conhecida por Manufactura de Porcelana de Sèvres (MPS), preocupada com as confusões possíveis por causa das semelhanças de nome que outras marcas cerâmicas locais propositadamente provocavam, devido ao seu prestígio histórico, ameaçou processá-las. Foi o caso de Paul Milet que, para evitar conflitos judiciais, a 4 de Outubro de 1930, deposita nova marca invertendo as iniciais para PM Sèvres dentro do mesmo círculo pontilhado.

A jarra de hoje estilisticamente integra-se numa vertente art déco inicial, conservadora, pelo que a datamos como sendo anterior a 1925, muito provavelmente entre 1915-20. 


domingo, 2 de outubro de 2016

Ampara-livros «Fauno e Ninfa» de Lejan – Vista Alegre


Par de ampara-livros art déco de porcelana moldada e relevada, craquelé, de cor marfim, composto por duas figuras sentadas, um fauno e uma ninfa, sobre soco sextavado que se prolonga em L na vertical formando o encosto. Em ambos os socos, sob os pés da ninfa e os cascos do fauno, inscrito na pasta «LEJAN». No interior oco das peças, carimbo verde «V.A.» «Portugal» (marca nº 31 - 1924-1947).
Data: c. 1930
Dimensões:
Fauno: Alt. 17,5 x comp. 16,2 cm x larg. 8 cm
Ninfa: alt: 16,5 cm x comp 17 cm x larg.


Este conjunto de ampara-livros foi-nos vendido como pertencente à mesma unidade (ou será que seriam pares de faunos e de ninfas?).

Mas não é essa questão que fundamentalmente nos interessa. A propósito deste ampara-livros e de outras peças assinadas «Lejan» produzidas em Portugal pela Fábrica da Vista Alegre, que temos vindo a apresentar, hoje voltamos à problemática identidade do seu autor.


De Lejan apresentámos, em 2011, peças da Vista Alegre, caso do «Pierrot», em 11 de Novembro (e um post sobre o seu émulo da fábrica francesa Orchies, assinado «Dax», em 13 de Novembro seguinte), do «Arlequim», em 14 de Novembro ou do «Urso polar» em 27 de Dezembro.


Apesar de enigmático é consensual que Lejan, Le Jan, Genvane, Dax, Jeanle, sejam a mesma e única pessoa.

No catálogo da Exposição realizada em 2007 no Musée des Années 30, Sèvres. Boulogne-Billancourt: La ceramique indépendante, p. 124, um apontamento biográfico refere que Lejan “é uma assinatura misteriosa e impenetrável. É nome de artista ou pseudónimo? Existiu realmente ou é um nome utilizado por uma manufactura para assinar as peças de diferentes artistas?”
No livro Les craquelés Art déco: histoire et collections, de Hardy e Giardi, de 2009, que já citámos noutro post, diz-se ser Lejan um prolífico escultor que continua a causar polémica em França, sendo considerada a mais enigmática das personalidades evocadas.
E nós, enquanto coleccionadores e amadores destas coisas, e baseados em documentação e aproximações formais, propomos uma atribuição que pensamos cada vez mais consistente.


A hipótese que levantámos no post dedicado a um peixe craquelé assinado Lejan, em 29 de Dezembro de 2011, no seguimento de uma base de candeeiro da Cerâmica S. Bernardo, de Alcobaça, postada em 21 de Novembro desse ano, que reproduzia nos anos 80 do século XX, uma das bailarinas de Jean-Baptiste Gauvenet (1885-1967) para Sèvres, chamávamos a atenção para as aproximações no maneirismo das torções dos corpos, nos perfis das cabeças e mesmo nas golas do vestuário encontradas nas bailarinas de Gauvenet e os ditos Pierrot e Arlequim de Lejan, da V.A.


Continuámos a fazer análises comparativas, de que aqui damos alguns exemplos, entre obras assinadas Gauvenet para Sèvres, em porcelana, e outras - faianças craquelé em França ou porcelanas em Portugal – com as diferentes assinaturas. Deparámo-nos de novo formalmente com linguagens muito similares.


Por isso, estamos cada vez mais convictos de que o segredo se encontra, de facto, revelado no verbete nº 1049 do Catálogo Geral da Fábrica de Porcelana da Vista Alegre (Portugal), relativo ao artigo escultura «Arlequim», de 1927, que dá como autor Gauvenet, cujo primeiro nome é, afinal, Jean-Baptiste. Assim, Lejan, Le Jan, Genvane, Dax, Jeanle, são vários pseudónimos que Gauvenet terá utilizado para obras não concebidas ou decoradas para Sèvres.



terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Jarra art déco «Quatro Asas» - Vista Alegre


Jarra art déco de porcelana moldada, em forma de balaústre, com 4 pequenas asas. Sobre a cor branca base a parte superior do bojo recebeu pintura, sobre esmalte, a preto e hastes florais policromas com folhas e caules a verde. No prolongamento das asas a cor preta, entremeada de flores e folhas, é prolongada até ao pé, seccionando o bojo em quatro partes, por sua vez seccionadas por quatro linhas a dourado. Bocal, pé e parte exterior das asas a dourado, Interior destas últimas a preto. No fundo da base, carimbo V.A. (marca nº 31 utilizada de 1924-1947). Inscrito na pasta «4»
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 25 cm


Sobre este formato nº 1169 (Quatro Asas) produzido pela Vista Alegre a partir de um modelo criado em 1893 para a Manufacture National de Sèvres – o designado «Vase de Bourges» - já escrevemos em 18 de Janeiro deste ano a propósito de outra jarra. E o quão é diferente desta que postamos hoje. Cá está, as decorações transformam as formas, ora secundarizando-as ora acentuando-as. À semelhança da jarra que então postámos, também esta poderá ter decoração importada e executada por Ângelo Chuva.


Adquirida na Feira de Antiguidades Forum Picoas, nos finais da década de 80 do século passado, esta jarra sempre nos agradou, pelo despojamento decorativo e forte contraste do preto e branco, complementados pelo dourado, assim como pela policromia acentuada, mas muito subtil, das flores que ressaltam sobre o primeiro.

domingo, 5 de julho de 2015

Jarra art déco com guarnição de metal - Paul Milet - Sèvres


Jarra de faiança moldada de forma esférica abatida, de cor azul-turquesa exteriormente manchado com escorridos, simulando crisocola, a azul-ultramarino e a amarelo, como palhetas de ouro, dando cambiantes esverdeados. Uma guarnição de metal dourado (bronze?) art déco encaixa, circundando o bocal, com elementos geometrizados a duas alturas que pendem, intercalados, sobre o bojo. No fundo da base, carimbo a preto, MP-Sèvres dentro de um círculo pontilhado. Selo de época, a encarnado e castanho, da «Flinois & Roussel Joailliers - Amiens».
Data: c. 1925

Dimensões: Alt. 9 cm x Ø 14 cm


A peça, adquirida em Amiens, foi vendida na «Flinois & Roussel Joailliers» dessa cidade nos anos 20, como nos indicia o selo e a marca de Paul Milet utilizada antes de 1930. Muitas peças de cerâmica e vidro podiam ser vendidas em joalharias desde que associadas a guarnições de metal, sobretudo precioso, como o ouro ou a prata, mas também o bronze. O tom dourado da guarnição metálica associado à cor mineral do objecto cerâmico dá, de facto, um toque de refinamento muito especial a estas peças.


A simulação cromática da crisocola, ou de outros minerais associados ao cobre, foi muito recorrente na produção de Paul Milet, provavelmente pelos óxidos de minério utilizados nos vidrados. Já aqui mostrámos outras peças, e iremos continuar a ilustrar, que apresentam esta característica.


domingo, 18 de janeiro de 2015

Jarra «Quatro Asas» com decoração de flores e frutos - Vista Alegre


Jarra de porcelana moldada, em forma de balaústre, com 4 pequenas asas a negro na parte superior do bojo. De cor branca, é decorada com flores e frutos policromos que pendem do bocal sobre fundo inicialmente a preto. No fundo da base, dado ter sido furada para adaptação a candeeiro, não tem marca, embora fosse a marca nº 31: carimbo V.A. (1924-1947). Inscrito na pasta «13» e pintado à mão «33» (?).
Data: 1929
Dimensões: Alt. 25 cm


Faz este mês 14 anos que adquirimos a presente jarra. Hesitámos comprá-la quando a vimos à venda num ajuntador (loja/armazém de velharias) ao Conde Barão. Tinha sido transformada em candeeiro com uma guarnição metálica de gosto duvidoso (temos consciência da subjectividade da afirmação, mas…) envolvendo base e bocal. Desmontada a estrutura metálica e lavada ficou com muito melhor aspecto, apesar do bárbaro buraco no fundo da base que mandámos restaurar. Valeu a pena. A peça recuperou a dignidade perdida.

Podemos ler em MAFLS que se trata do motivo decorativo P.799, aprovado em 22 de Janeiro de 1929 pelo director artístico da Vista Alegre, J. Cazaux, para este formato, o 1169 (jarra Quatro Asas), e que a pintura foi executada por Ângelo Chuva a partir de um modelo adquirido pela empresa.


De facto, o modelo foi desenhado por Joseph Chéret em 1893, para a Manufacture National de Sèvres, onde recebeu a designação «Vase de Bourges», que se ilustra com uma decoração Art Nouveau de1903 com penas de pavão.

No cômputo geral das importações de modelos estrangeiros, como já tivemos oportunidade de escrever e ilustrar, será a Manufacture National de Sèvres, sem dúvida, a grande fornecedora, tanto de formas como de decorações, para a fábrica Vista Alegre nas décadas de 20 e 30.


Sendo uma forma do período Arte Nova, em Portugal, pelo menos, foi mantida no período Art Déco com decorações várias reflexo do sucesso que terá tido. 


domingo, 5 de outubro de 2014

Jarra art déco azul mosqueada com montagem de bronze – Paul Milet-Sèvres



Jarra art déco de faiança moldada em forma de balaústre, com decoração azul mosqueada, de tom mais profundo na base aclarando em direcção ao bocal. Guarnição de bronze cinzelado e martelado, de motivos geométricos, envolve a base, formando pé, e o bocal, de onde pende, com vazados, até à parte mais larga do bojo. No fundo da base, pintado à mão a preto-esverdeado, duplo L entrelaçado em espelho, enquadrando flor-de-lis, e sobrepujando «Sèvres».
Data: c. 1920-25
Dimensões: Alt. 37 cm


O tipo de vidrado e a montagem de bronze indicam-nos que se tratará de uma peça da Manufacture MILET (1866-1971) que nos finais dos anos 10 e inícios da década de 20 terá utilizado para marcar parte da sua produção um símbolo que remete para a marca que a Manufactura Nacional de Sèvres utilizava no século XVIII.
 
Já aqui postámos peças com o carimbo circular pontilhado envolvendo MP Sèvres utilizado pela empresa antes de 1930, com as iniciais de Paul Milet (1870-1950), na ordem inversa.

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Taça art déco trilobada - Paul Milet-Sèvres


Taça art déco de faiança moldada trilobada. Cada lóbulo afunila formando um pequeno pé. O exterior azul-turquesa manchado com azul-ultramarino e amarelo, contrasta com o interior branco. No fundo da base, carimbo a preto, MP-Sèvres dentro de um círculo pontilhado.
Data: c. 1920-25
Dimensões: alt 7 cm x Ø c. 13 cm



A forma é muito curiosa. Todavia, embora se insira no contexto da produção art déco da Manufacture MILET (1866-1971), sobre a qual já tivemos oportunidade de escrever, o modelo viria do período anterior, agora adaptado aos novos tempos em termos de cromatismo. Em paralelo com a paleta de cores uniformes utilizada, sobretudo o azul-turquesa, o vermelho e o verde, este tipo de esmaltes manchados simulando minerais como a crisocola – caso da peça de hoje – a turquesa, o lápis-lazúli ou o jaspe vermelho são muito característicos das produções dessa empresa familiar da cidade de Sèvres, depois da Grande Guerra e até 1930. Neste período as peças aparecem identificadas com MP, as iniciais invertidas de Paul Milet (1870-1950). Outras produções de Sèvres copiam o seu estilo e paleta


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ainda a propósito da jarra solitário Vista Alegre



Quando em 29 de Fevereiro passado apresentámos a jarra-solitário art déco da Vista Alegre que hoje retomamos, escrevemos que a sua decoração, por afinidade, poderia ser atribuída ao mestre Duarte Magalhães (1861-1944). Adiantávamos, porém, que, assim sendo, se tratava de uma peça de nítida influência francesa, de Sèvres ou Limoges. Vem isto a propósito de termos encontrado a reprodução de um catálogo de Sèvres, que, apesar de não estar datado, foi editado em 1928 de acordo com a catalogação da Bibliothéque Nationale de France, cuja folha de rosto aqui reproduzimos, conjuntamente com a prancha onde aparece o modelo que serviu de base à referida jarra. 


Assim, como aliás já suspeitávamos, não se trata de uma criação nacional, mas, mais uma vez, reprodução de um modelo importado de França, apesar de subtis diferenças, em particular no pé. E já agora, quanto à peça em que nos baseámos, publicada em obras de referência (VISTA ALEGRE: Porcelanas. Lisboa: Inapa, 1989; FRASCO, Alberto Faria – Mestres pintores da Vista Alegre. Porto: Figueirinhas, 2005), também nos inclinamos para que seja de autoria francesa e não de Duarte Magalhães. Aproveitamos para mostrar, a bem do conhecimento geral, o quão perigoso são para quem as utiliza de uma forma acrítica. Ilustramos com outros exemplos que aparecem representados no catálogo de Sèvres. Veja-se as peças atribuídas a Duarte Magalhães e a Ângelo Chuva. 


Na verdade, quando estas obras de referência nacionais confundem os pintores com os autores das decorações, estão a induzir os leitores em erro, pois aqueles não passam, muitas vezes, de meros executantes de modelos decorativos, pintados certamente também sobre formas igualmente importadas. Confunde-se o pintor enquanto executante, porque, por vezes, assina a peça, com o autor da decoração. Ou seja, confunde-se o artista criador com o artesão que lhe multiplica o modelo. Isto para não falarmos da confusão entre Arte Nova e Art Déco devido ao pouco conhecimento de quem escreve.


Infelizmente as imagens do catálogo francês não têm grande qualidade, pelo que não pudemos identificar de forma segura os autores respectivos.
As fotografias e respectivas legendas reproduzidas são da obra VISTA ALEGRE: Porcelanas, pp. 157 e173.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Jarra com guarnição de metal Paul Milet - Sèvres






Jarra de faiança moldada e relevada em forma de cabaça canelada, de cor verde com escorridos azuis e com guarnição de metal martelado (bronze?) art déco formando três asas que, partindo do bojo, compõem um anel com enrolamentos e faixas que pendem do bocal. Na base, carimbo circular pontilhado envolvendo MP Sèvres e, pintado à mão, M.
Data: c. 1925
Dimensões: alt. 15 x larg. 11,5cm


Já aqui tivemos oportunidade de falar da Manufacture MILET (1866-1971), em Sèvres, e de Paul Milet (1870-1950) a propósito de uma outra jarra também art déco coetânea deste outro modelo que terá sido comercializado simples ou montado com metal, dentro de uma velha tradição que os franceses desenvolveram a partir do século XVIII e que haveria de ser explorada, segundo outros cânones estéticos, por Edgar Brandt e seus seguidores nos anos 20 e 30 do século passado.