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quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Prato de cozinha art déco - Lufapo – Massarelos


Prato de cozinha, de faiança moldada de formato circular com aba larga e lisa. Decoração central, no covo, policroma, a azul, verde e ocre, estampilhada e aerografada em esfumado, estilizada dentro da gramática art déco, com motivo de galo cantando à alvorada. Bordo aerografado a verde esfumado. No fundo da base, carimbo preto Lufapo – Massarelos - Portugal.
Data: c. 1955
Dimensões: Ø 40 cm


A mesma temática com galo e técnicas de decoração do prato Lunéville apresentado anteriormente, embora neste, de grandes dimensões, as cores nos apareçam em esfumado, mais na tradição alemã, que com cores planas bem definidas como na produção francesa.


Prato tardio dentro da produção art déco nacional, embora utilizando uma estampilha que será, muito provavelmente, dos anos 30, aqui aplicada fora do contexto estético que lhe deu origem.
Integrada na Lufapo em 1952, a Massarelos encerrou em 1980 como já escrevemos.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Parte de serviço de café ou tête-à-tête (?) art déco - Massarelos - Porto


Duas peças de faiança moldada, açucareiro e leiteira, de um serviço de café ou tête-à-tête – assim interpretamos dadas as dimensões mais reduzidas das peças que o serviço de chá do exemplar anteriormente postado - com idêntica decoração estampilhada e aerografada. O modelo é ligeiramente diferente do de chá, pelo menos no que nos é dado a conhecer pelas únicas duas peças em presença, ao nível do desenho da tampa do açucareiro. No fundo das bases carimbos pretos compostos por dois círculos concêntricos sobrepujados por coroa e lateralmente envolvidos por coroa de louros. No círculo interior uma Cruz de Cristo enquadrada pelas iniciais C F C L [Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia], envolvido no círculo exterior por «Massarellos – Roriz – Porto». Por baixo de todo o conjunto «Portugal».
Data: c. 1936-40
Dimensões: Leiteira – alt. 8,5 cm; açucareiro c/ tampa – alt. 11cm


O modelo é mais uma vez alemão, claramente inspirado no serviço Donatello, cuja forma Arte Nova (Jugendstil), de 1904, foi criada para a Rosenthal. Já dele falámos, em 15 de Janeiro de 2012, a propósito de um outro serviço da Electro-Cerâmica (EC) muito semelhante a este. Todavia, a esse o diríamos também próximo de um outro modelo germânico, também Jugendstil, da Fábrica de Porcelana de Moschendorf ao nível das asas e pegas, pelo que aproveitamos para agora o ilustrar.

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Serviço de chá art déco - Massarelos - Porto


Parte de serviço de chá art déco, de faiança moldada, composto por bule, açucareiro, leiteira e manteigueira, de cor branca com decoração geométrica, de rectângulos e triângulos, estampilhados e aerografados a azul e cor-de-vinho, em esfumado, com apontamentos à mão, a castanho, nas asas, pegas e bicos. No fundo da base, carimbo preto (marca utilizada entre, pelo menos 1936-50) composto por dois círculos concêntricos sobrepujado por coroa e lateralmente envolvido por coroa de louros. No círculo interior uma Cruz de Cristo enquadrada pelas iniciais C F C L [Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia], envolvido no círculo exterior por «Massarellos – Roriz – Porto». Por baixo de todo o conjunto «Portugal». Leiteira e açucareiro apresentam ainda, inscrito na pasta, «R». O bule não tem qualquer marca para além das da trempe presentes em todas as peças
Data: c. 1936-40
Dimensões: Várias


Segundo José Queirós (Cerâmica portuguesa e outros estudos, da Editorial Presença, Lisboa, 2002, p.380) a fábrica foi fundada em 1738 por Manuel Duarte Silva, no lugar de Massarelos, na Rua da Restauração, perto do Cais das Pedras. Será a mais antiga fábrica de faianças do Norte de Portugal. Arrendada entre 1819 e 1845 a Rocha Soares, familiar do fundador, produziu louça utilitária, peças artísticas e azulejos lisos e relevados – que se tornaram uma das marcas identitárias da fisionomia urbana do Porto, e que são raros em Lisboa onde aparecem num edifício unifamiliar da Rua do Quelhas. 


De uma gestão familiar até ao início do século XX, a fábrica foi comprada a 2 de Maio de 1904 por uma sociedade, a Empresa Cerâmica Portuense, Lda, administrada por Archibald James Wall, que havia adquirido sede e novas instalações fabris na Quinta do Roriz, em Quebrantões do Norte, na freguesia do Bonfim, junto ao rio Douro, tendo como propósito a produção de tubos de grés e louça sanitária. O seu funcionamento só ficaria regularizado em 1906 com a atribuição da respectiva licença que permitia estabelecer no local uma fábrica de cerâmica, tendo a partir daí laborado em simultâneo com a filial da fábrica de louça em Massarelos.


Em 1912 C. J. Chambers, que havia entrado dois anos antes para a Empresa Cerâmica Portuense como empregado, adquiriu uma cota, ficando a firma a denominar-se Chambers & Wall.
 
Consumida por um incêndio na madrugada de 11 de Março de 1920, a unidade original de Massarelos passa para a Quinta do Roriz onde a firma Chambers & Wall assegurou a produção da louça da marca “Massarelos-Porto”. A louça da marca “Massarelos” continuou a ser produzida na unidade industrial de Quebrantões do Norte até 1980. Depois do encerramento da fábrica foram demolidos, para que se pudesse construir a ponte de São João, os edifícios de que restam apenas dois fornos “garrafa” e uma chaminé. 

 
A sociedade Chambers & Wall, por escritura lavrada no dia 3 de Junho de 1933, passou a designar-se Chambers & Wall, Lda., sociedade por quotas constituída pelos sócios Charles Archibald Wall, Richard Allan Wall e Leslie Dow Smart. Em 29 de Fevereiro de 1936 a fábrica de Roriz foi vendida à Companhia das Fábricas Lusitânia, SARL, com sede em Lisboa, constituída por escritura de 3 de Setembro de 1929, que por mais alguns anos daria continuidade à marca Massarelos. Entretanto a unidade industrial da Quinta de Roriz muda novamente de mãos pelo que de 1 de Julho de 1944 a 1952 se encontra arrendada à Companhia das Fábricas de Cerâmica Lusitânia (CFCL) e por escritura de 25 de Julho de 1944 passou a denominar-se Fábrica de Loiças «Massarelos», Lda.

A fábrica é vendida, em 29 de Dezembro de 1952, à firma Fábricas «Lufapo» de Faianças e Porcelanas, (S.A.R.L.) embora a laboração da Fábrica de Louças «Massarelos», Lda., continuasse a ser anunciada ao ano seguinte. Embora a «Massarelos» revelasse uma situação económica difícil a partir de meados da década de 50, realizaram-se avultados investimentos nos anos 70, e a «Lufapo» manteve esta sua filial no Porto até 16 de Abril de 1980, ano em que encerraria definitivamente por declarado estado de falência. 

A marcação das peças com o carimbo “MASSARELLOS / RORIZ – PORTO / CFCL / PORTUGAL” corresponde, sem sombra de dúvida, ao fabrico posterior a 1936 em que a fábrica apresenta cariz mais industrializado.


Na posse da CFCL a fábrica produzia para o mercado interno e para o estrangeiro, neste caso sobretudo os produtos em pasta de faiança, apresentando uma produção bastante variada onde, para além da louça de uso doméstico e decorativo, fabricava uma vasta gama de louça sanitária, pias para água benta, tinteiros para carteira, etc., com três séries (A, B e C) de qualidade de decoração e de preço, bem como com várias cores e dimensões, conforme as tabelas de preços para os anos de 1940 e 1943, editadas pela CFCL, referentes à produção da Fábrica “Massarelos”.


A decoração deste serviço de chá insere-se na Série B, «constituídas por desenhos cheios ou pulverizados, a mais de uma cor, por crómos pequenos e médios, e por bandas simples», conforme explica a tabela de preços de 1943. Trata-se de uma decoração geométrica, aplicada a estampilha e aerógrafo, perfeitamente germânica, dentro de espírito da República de Weimar, e na Alemanha, à data em que por cá foi feita, abolida como "arte degenerada". Também ao nível das formas poderemos encontrar a mesma filiação. Ambas muito próximas, aliás, do que se produzia em Sacavém. Embora a qualidade plástica seja muito apelativa, o mesmo não se poderá dizer da qualidade técnica que deixa muito a desejar.

Para saber mais sobre a fábrica de Louça de Massarelos consultar a dissertação de mestrado online de Armando O. P. Araújo.