Mostrar mensagens com a etiqueta Gunnar Nylund. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Gunnar Nylund. Mostrar todas as mensagens

domingo, 8 de março de 2015

Jarra art déco da linha Flambé “Lamas” da Rörstrand – Suécia


Faz algum tempo que não apresentamos nenhuma peça da linha «Flambé» da fábrica sueca Rörstrand, sobre cuja génese e técnica já nos debruçámos. Mais uma forma criada por Gunnar Nylund (1904-1997), desta vez com a decoração nº 2001 de O. Dahl (datas desconhecidas).

Jarra de grés moldado, de forma tendencialmente esférica achatada lateralmente, com pé e bocal salientes. Bojo com decoração aerografada em cremes e castanhos flamejados (flambé), com realces a ouro no contorno do desenho e circundando pé e bocal. Esta técnica dá à peça um aspecto metalizado como se fosse dinanderie. Tendo como pano de fundo montanhas, numa das faces, um par de camelídeos (lamas?) em pose estática (um pasta outro de pescoço erguido), na face oposta dois animais da mesma espécie em corrida. No fundo da base carimbo a ouro: FLAMBÉ RÖRSTAND, com ALP inscrito num quadrado e ladeado por MODELL NYLUND e sobrepujando LIDKÖPING SWEDEN DEKOR: O. DAHL; UNIK: 2001. Inscrio na pasta 3 estrelas, ALP e HANDDREJAD
Data: c. 1935-40
Dimensões: Alt. 15.5 cm x Ø 15 cm


Tema recorrente do Art Déco, o exotismo está mais uma vez presente nesta peça, quer na paisagem andina, quer nos motivos animalistas representados, uma espécie de camelídeo da América do Sul, muito provavelmente lamas (Lama glama), embora também possam ser outras espécies suas semelhantes caso das alpacas (Lama pacos), vicunhas (Vicugna vicugna) ou guanacos (Lama guanicoe).

A estilização de todos os elementos representados, reduzidos a uma expressão gráfica, que quase diríamos minimalista, dada a grande economia no traço, impossibilita uma identificação exacta da espécie.

Numa das faces, um par de animais pasta numa paisagem árida e montanhosa, apesar da expressão observante e alerta de um deles perante a eminência de um possível perigo que espreita. Na face oposta, talvez sequência da primeira, um par de animais em fuga, com um deles atento a uma ameaça não visível que os persegue. 


domingo, 27 de maio de 2012

Jarra art déco da linha Flambé “Gazelas” da Rörstrand – Suécia


Jarra de grés moldado, de forma esférica com pé e gargalo saliente. Bojo com decoração aerografada, alternando dois pares distintos de gazelas a correr com palmeiras inclinadas, na parte superior, e parte inferior listada, em castanhos com realces a ouro no contorno do desenho, pé e bocal, dando à peça um aspecto metalizado como se fosse dinanderie. Na base, carimbo a ouro: FLAMBÉ ALP LIDKÖPING SWEDEN DEKOR W BORG; UNIK: 1227. M. Três estrelas relevadas na pasta.
Data: c. 1932-35

Dimensões: alt. 19 cm x larg. 20 cm



Mais uma peça exemplar da swedish graceda linha Flambé criada para a Rörstrand por Gunnar Nylund (1904-1997), de que aqui já tivemos oportunidade de falar, a propósito de uma outra jarra da mesma linha. Também esta forma é da sua autoria, e recebeu decoração, muito ao gosto francês, de W. Borg, com temas recorrentes na Art Déco: o exotismo e os antílopes ou gazelas saltando. Esta peça inserir-se-á em toda uma produção internacional influenciada pela Exposição Colonial de Paris de 1931.


Mostramos o mesmo modelo com outra decoração, em que ao flambé de pé e gargalo,
se junta um bojo craquelé, que, para grande desgosto nosso, não conseguimos adquirir.

domingo, 15 de abril de 2012

Jarra art déco da linha Flambé “Leques” da Rörstrand - Suécia



Jarra de grés, moldada em forma de pote quase cilíndrico estreitando no bocal, com decoração ao gosto art déco estampilhada e aerografada de leques, sobrepostos em escama, em castanhos e cremes, com realces a ouro/latão no contorno do desenho, dando à peça um aspecto metalizado como se fosse dinanderie. Na base, carimbo amarelo: FLAMBÉ Rörstrand – ALP – modell Nylund; Lidkoping SWEDEN DEKOR OLSON 4652. Inscritas na pasta três estrelas. 
Data: c. 1932-35
Dimensões: alt. 19 cm

Face à concorrência da linha Argenta criada por Wilhelm Käge para a Gustavsberg (ver post dedicado a este assunto), a fábrica sueca Rörstrand viu-se confrontada com a necessidade de criar uma linha de luxo equivalente. Assim, surge a linha Flambé, criada por Gunnar Nylund (1904-1989), denominação francesa para titular um tipo de chamota de grés flamejado, com aspecto de metal martelado e colado pelo fogo, formalmente próximo do trabalho em dinanderie, com os diferentes “metais” separados por uma linha a ouro. No caso da presente peça, a forma criada por Nylund, na sua excepcional qualidade técnica, recebeu a decoração nº 4652 de Olson. A decoração em escamas é muito característica da Art Déco, sendo recorrente nas produções internacionais da época. A jarra é um exemplo perfeito da «Swedish Grace» no seu design depurado e na sua decoração neoclassicizante simplificada. Neste caso, com um toque de exotismo japonizante.


Em 1926 a Fábrica Rörstrand saiu de Estocolmo, onde havia sido fundada em 1726, para se instalar em Gotemburgo. Nos inícios dos anos 30, em 1932, a produção da fábrica expandiu-se para Lidköping, para onde, cinco anos mais tarde, a totalidade da unidade fabril se mudou. O logotipo ALP, que a jarra apresenta, aplicado nas produções cerâmicas daquele período manteve-se até 1943.

Quando em 1931 Gunnar Nylund foi nomeado director artístico da Fábrica Rörstrand, era já um conhecido designer de cerâmica da fábrica dinamarquesa Bing & Grøndahl, em Copenhaga, onde trabalhou de 1925 a 1928. A partir desta data passou a trabalhar com a química Nathalie Krebs, criando um atelier cerâmico que, em 1930, viria a tornar-se na célebre fábrica Saxbo, que continuou a produzir os seus grés até 1932. Nylund trabalhou para Rörstrand de 1931 a 1955, na maioria do tempo enquanto seu director artístico. Neste período, durante cerca de um ano, em 1937-38, regressou à Bing & Grøndahl como director artístico.

O designer nasceu em 1904, em Paris, onde os pais estudavam, de mãe dinamarquesa, a artista Fernanda Jacobsen-Nylund e pai fino-sueco, o escultor Felix Nylund. Em 1907 a família mudou-se para Copenhaga e daí para Helsínquia. Quando a guerra civil eclodiu na Finlândia, em 1918, Gunnar fugiu com a mãe para a Dinamarca. De regresso a Helsínquia, em 1923 terminou o estágio em Arquitectura e Cerâmica, tendo continuado estudos de arquitectura na Academia Real Dinamarquesa de Belas Artes, em Charlotteborg, Copenhaga. Em simultâneo pratica escultura como assistente de seu pai, que o encoraja na animalística.

Nylund faz alguns trabalhos para a Bing & Grondahl expôr na exposição de Artes Decorativas de 1925, em Paris, cujo sucesso lhe grangeou um contrato permanente com a fábrica. Aí, o seu mentor foi Jean Gauguin, filho do célebre pintor, cria um sem-número de peças que o tornam conhecido. A actividade criativa posterior evoluiu num crescendo, tornando-o num dos grandes mestres do design escandinavo.