terça-feira, 24 de junho de 2014

Mais uma vez «À conversa com ...» no Museu de Cerâmica de Sacavém

No próximo dia 28 de Junho de 2014, às 15 horas, realiza-se mais uma sessão de «À conversa com …» no Museu de Cerâmica de Sacavém, subordinado ao tema «E do que falamos quando falamos de cerâmica?».

Desta vez tem como oradores os autores de três dos blogues que versam sobre cerâmica. Para além do nosso, e apesar das gralhas nos currículos dos autores (um deles aposentado, pelo que já não é director), estarão também presentes os autores dos blogues Cerâmica Modernista em Portugal e Memórias e Arquivos da Fábrica de Loiça de Sacavém.

Fica o convite.

 

sábado, 7 de junho de 2014

Taça (fruteira) modernista em forma de folha lanceolada – Carstens Uffrecht - Alemanha


Taça (fruteira) de cerâmica moldada, em forma de folha lanceolada simétrica e dobrada a eixo, vidrada a creme-mate com decoração de escorridos, aplicados a aerógrafo, cor-de-laranja forte, cujas duas metades apresentam recortes laterais triangulares delimitados externamente pelas pegas salientes, de secção redonda, a castanho. A taça repousa sobre base saliente, mais pequena, com a forma invertida da taça. No fundo da base carimbo preto triangular da Carstens Uffrecht, sobrepujando «dek. 6» e, por cima, «form 414».
Data: c. 1930
Dimensões: Comp. 26 cm x larg. 18,5 cm x alt. c. 8 cm
 


A aplicação controlada do esmalte a aerógrafo, formando escorridos aparentemente aleatórios, foi particularmente corrente na unidade fabril da Carstens Uffrecht na produção art déco de vertente modernista bauhausiana. As peças produzidas com este tipo de técnica decorativa acabam por se individualizar subtilmente entre si, embora quando vistas em conjunto assumam uma leitura de grande homogeneidade e se entenda a matriz da decoração. Daí este ser o decor nº 6 que foi aplicado a diferentes formas.
 

Não foi só Portugal que copiou modelos estrangeiros, com destaque para a influência alemã. O Reino Unido fez a mesma coisa, como se pode constatar na presente peça cujo modelo, a partir de finais do anos 30, vai ser produzido pela Crown Devon (o exemplar ilustrado apresenta a marca utilizada a partir de 1939). E não temos a menor dúvida que se trata de cópia de modelo alemão, não só pela datação tardia como a Alemanha foi, até à ascensão do nazismo, o grande centro produtor e, sobretudo, criador da Europa. Verdadeiro laboratório, onde a inventiva e o experimentalismo, tanto nas formas como nas decorações, levaram à efervescência criativa que nesse país se viveu durante a República de Weimar. Queimaram-se etapas como em mais nenhum outro parece ter acontecido, sempre em permanente pesquisa, numa incessante busca, quase esquizofrénica, na criação artística a todos os níveis, dos objectos utilitários às chamadas artes maiores.
 


A introdução do gosto art déco e do design modernista, apesar do espalhafato editorial inglês sobre a produção nacional no período, é tardia. Em Paris, em 1925, o Reino Unido apresentou um dos pavilhões mais conservadores, para não dizer reacionários, de toda a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas. De facto, só na década de 30 o novo gosto aí se implanta e adquire uma certa consistência.