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domingo, 20 de agosto de 2017

Cinzeiro «Hipopótamo» creme - Sacavém


Cinzeiro de faiança moldada e relevada em forma de hipopótamo estilizado, de corpo arredondado, quase esférico, assente sobre quatro patas simétricas, e boca aberta, de cor creme subtilmente craquelé. O maxilar inferior, curvo, serve para apoiar o cigarro. No fundo da base carimbo azul «Gilman & Cta, Sacavém» sobrepujando «Made in Portugal».
Data: c. 1930-40
Dimensões: Alt. 6,5 cm x comp. 7,5 cm x larg. 5 cm (aproximadamente)


Trata-se de mais um objecto fantasista e divertido com que os criadores de cerâmica, e não só, amenizaram o quotidiano do período entre as duas Grandes Guerras. As suas obras ajudavam a esquecer o passado recente que profundas marcas havia deixado em todos assim como a Depressão que, iniciada em 1929, fazia surgir o especto de nova hecatombe, corporizada na subida ao poder de Hitler, em 1933. A potência alemã que havia causado a tragédia de 1914-18 voltava a mostrar as fauces.

Mas, por enquanto, a Europa fingia viver no melhor dos mundos possíveis. Brincar ajudava e os objectos funcionavam como escapismo na esquizofrenia ascendente. Não é à toa que este «Yawning Hippo Ashtray», reproduzido pela fábrica de loiça de Sacavém, seja uma concepção inglesa da Wilkinson Ltd, por volta de 1930. Arthur J Wilkinson (Ltd) operava na Royal Staffordshire Pottery, em Burslem, Stoke-on-Trent. O Reino Unido fazia parte do grupo dos vencedores mas as cicatrizes demoravam a fechar.

Encontrámos uma referência online como tendo sido este cinzeiro criado por Clarice Cliff, que nessa firma trabalhou, mas não o conseguimos apurar.


Como sabem, gostamos de imaginar possíveis cenários onde os objectos pudessem ter figurado no passado. Tratando-se de um cinzeiro individual, logo pouco propício à partilha (a não ser que houvesse vários exemplares estrategicamente espalhados pelo espaço colectivo de recepção de um qualquer interior doméstico), imaginamo-lo numa mesinha de apoio, junto a uma poltrona pronto a ser manuseado. Na pacata realidade portuguesa era mais uma blague num mundo ainda rural isolado sobre si próprio.

Esta forma simplificada e divertida de um cinzeiro em forma de hipopótamo, mais uma vez um brinquedo para o universo dos adultos, remete-nos ainda para a sexy bailarina hipopótamo que nos deliciou, e delicia ainda, na «Dança das Horas», de Ponchielli, no filme de Walt Disney, Fantasia (1940). Deixa-nos bem-dispostos e faz-nos sorrir.


Infelizmente, o nosso exemplar creme tem um defeito de fabrico no maxilar inferior. 

domingo, 14 de junho de 2015

Importações e desencontros: leiteira modelo «Estoril» versus Keith Murray - Sacavém


Ainda a propósito do modelo de serviço de café produzido por Sacavém concebido por Keith Murray postado ontem, cumpre-nos tecer algumas considerações sobre o mesmo, até para dar maior destaque a um caso que nos intriga e que parece ter sido recorrente na produção industrial portuguesa. Ao nível da cerâmica pelo menos.



É que a pequena leiteira do modelo «Estoril» da Fábrica de Loiça de Sacavém que hoje postamos, também de importação inglesa como já tivemos ocasião de escrever, acompanhava o serviço de Keith Murray como se fizesse parte do mesmo. Porque nos pareceu uma incongruência fizemos propositadamente a separação entre as peças postadas ontem e esta, com 7 cm de altura e datável de c. 1935.


Misturar cafeteira e chávenas concebidas por Keith Murray para Wedgwood, de c. 1934, com a leiteira (e sabe-se lá qual seria a forma do açucareiro) modelo Moderne, da firma inglesa Carlton Ware, de c. 1935, terá sido devido às leis do acaso que, por afinidades de cor e sentido de oportunidade de vendedores de velharias, acabassem por reunir peças de modelos diferentes formando conjunto? Ou terá sido uma opção deliberada, uma estratégia de mercado por parte de empresas nacionais, caso de Sacavém? Por questões de preço? Não seria caso único nem a única fábrica a fazê-lo. Também já aqui levantámos suspeitas sobre um serviço da Vista Alegre, por exemplo.


Acompanhar a evolução do design moderno internacional durante a década de 30 num país pouco culto e que não tinha designers próprios, poderá ter dado azo a equívocos de produção. Ou por economia de meios ou por desentendimento funcional e estético das formas. A satisfação de um mercado composto por uma clientela pouco esclarecida poderá ter levado à mistura, consciente ou não, de modelos de várias linguagens. Que era usual importar modelos estrangeiros de proveniências distintas para satisfazer fábricas nacionais é um facto. No clima de renovação formal do período Art Déco ocorrido no Portugal de finais dos anos 20 e, sobretudo, na década seguinte, assim se satisfazia as necessidades de um mercado pouco exigente e se acompanhava a evolução internacional do gosto e das mentalidades

sábado, 13 de junho de 2015

Keith Murray made in Sacavém


Serviço de café (parte) composto por cafeteira, duas chávenas e respectivos pires, de faiança moldada, monocroma cor-de-rosa. As formas lisas são cintadas a meio por um anel estriado. A tampa é escalonada com pega em botão. As asas são quebradas de gosto neoclassicizante. No fundo da base da cafeteira carimbos verde «Gilman & Ctª – Sacavém» e «Portugal». Em um dos pires, carimbos verde «Gilman & Ctª – Sacavém» e «Portugal». complementados pelos carimbos «T» e «E» também a verde «Sacavém» «52LO». e, inscrito na pasta. Em outro pires carimbos verde «Gilman & Ctª – Sacavém» e «Made in Portugal» complementados pelo carimbo «M» e, inscrito na pasta, «Sacavém» e «52KO». As chávenas não apresentam qualquer marca.
Data: c. 1935
Dimensões: Alt. 20,5cm (Cafeteira)


Trata-se de um modelo desenhado pelo célebre arquitecto e designer Keith Murray (1892-1981) para a firma inglesa Wedgwood cerca de 1934 e que a Fábrica de Loiça de Sacavém viria também a produzir pouco depois.


Keith Murray nasceu em Auckland, Nova Zelândia, e chegou à Grã-Bretanha em 1906 onde viveria grande parte da sua vida.

Após participar na I Grande Guerra, onde serviu na Royal Flying Corps, estudou arquitectura na Architectural Association School of Architecture, em Londres, onde se licenciou em 1921.

Não tendo encontrado grandes possibilidades de trabalho enquanto arquitecto na década de 20, durante um curto período trabalhou como ilustrador, e acabou por encontrar trabalho enquanto designer.

Em 1925 havia visitado a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas, de Paris, onde descobriu o design do vidro escandinavo e de outras vanguardas continentais europeias.

Influenciada pela Exposição de Artes Industriais Suecas (Exhibition of Swedish Industrial Art), em Londres, de 1931, a empresa Stevens & Williams, em Brierley Hill, produtores de vidros de qualidade, contratou Murray, a tempo parcial, em 1932, para conceber modelos para a sua firma, colecções que viriam a público nesse mesmo ano.

A partir de 1933, também a tempo parcial, passou a trabalhar na fábrica Josiah Wedgwood and Sons, Ltd., concebendo modelos para cerâmica - jarras e serviços de mesa. O desenho claro e a simplicidade funcional destas suas peças combinavam os objectivos do Movimento Moderno com o classicismo setecentista inglês. As formas geométricas, depuradas, maciças, monumentais sintetizam o modernismo e a art déco britânicos dos anos 30. Simultaneamente desenha peças de prata para a firma Mappin & Webb.


Em 1936 estabelece um atelier de arquitectura com C. S. White e faz os projectos da nova fábrica Wedgwood em Barlaston (1938-40).

Depois da II Guerra Mundial voltou à arquitectura enquanto sócio da empresa Murray, Ward & Partners, que funda, em 1945, com o seu colega neozelandês Basil Ward. Abandona o design industrial em 1948, mantendo-se ligado à arquitectura até se reformar em 1967.

Regressa à Nova Zelândia, em data que não conseguimos apurar, onde morre em Auckland.

sexta-feira, 1 de maio de 2015

Chávena de serviço de café art déco “marmoreada” – Formato Estoril - Sacavém


Em 10 de Outubro de 2014 debruçámo-nos sobre o modelo que a Fábrica de Loiça de Sacavém baptizou como «formato Estoril» decorado com o motivo nº 933, composição geométrica linear produzida em sete combinações cromáticas diferentes. Teremos oportunidade de mostrar mais algumas.

Todavia, hoje trazemos uma decoração menos comum em que a peça – dispomos apenas de uma chávena com respectivo pires – é marmoreada.


Sobre a cor rosada pálida de base foi aplicada a estampilha e aerógrafo uma decoração marmoreada a castanho-avermelhado. Esta preenche o bojo ovoide da chávena e covo e aba do pires. A asa lateral ondulada e pé da chávena são uniformemente preenchidos a castanho-avermelhado e o bordo da aba do pires recebeu, em espelho, como pegas onduladas, apontamento trilobado a cheio na mesma cor. No fundo da base do pires, carimbo verde «Gilman & Ctª / Sacavém / Portugal».. Inscrito na pasta, «52 B» «4-40» e algo mais, ilegível. No fundo da base da chávena apenas carimbo verde com «L».
Data: c. 1935
Dimensões: Pires: Ø 10,8 cm x alt. 1,5 cm;
Chávena: alt. 6 cm x larg. c/ asa 7,5 cm


Lembramos que na génese deste formato está um modelo de serviço de chá editado por Robj, em França, c. 1930, fabricado pela Villeroy & Boch – Luxemburgo, e reproduzido em Portugal pela Vista Alegre. Porém, é a versão deste modelo, em serviço de café, forma 1246, da inglesa Carlton Ware que Sacavém vai produzir. 

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

Serviço de café art déco – Formato Estoril - Sacavém

Na ausência de um design industrial nacional que satisfizesse as necessidades do mercado e que acompanhasse a evolução do gosto (e, de alguma maneira, das mentalidades) no clima de renovação formal do período Art Déco, a partir de finais dos anos 20, mas mais evidente na década seguinte, a importação de modelos estrangeiros foi a solução encontrada pelas fábricas portuguesas. Ao nível da loiça utilitária já apresentámos exemplos deste princípio utilizado em várias unidades fabris, caso da Porcelana de Coimbra, com modelos sobretudo alemães, e da Fábrica de Loiça de Sacavém com reprodução de modelos ingleses, caso que mais uma vez ilustramos. Todavia, neste formato concreto, a situação é um pouco mais complexa e curiosa.


Serviço de café art déco, da vertente modernista, de faiança moldada, composto por cafeteira, leiteira, açucareiro e chávenas com respectivos pires. A chávena de café apresenta bojo ovoide truncado com base e asa lateral ondulada, de perfil rectangular fechado. Corpo branco é decorado por três filetes horizontais a azul-escuro e laranja, desencontrados, e unidos por dois filetes oblíquos mais finos a azul-escuro. O bordo da asa e a base são destacados por filete duplo a azul-escuro e laranja. Pires circular, branco circundado por filete duplo azul-escuro e laranja. Cafeteira, leiteira e açucareiro apresentam forma e decoração idênticas, embora a primeira tenha tampa com pega tricolor, branco, laranja e remate a azul, e asa vazada, e o último apresente duas asas. Trata-se do modelo Estoril, com motivo decorativo nº 933. No fundo da base, excepto chávena, carimbo verde «Gilman & Ctª / Sacavém / Portugal». Pintado à mão, a azul, «Y ou T», excepto na leiteira, e que é a única marca presente nas chávenas. Na cafeteira, inscrito na pasta, «P». No pires, inscrito na pasta, «52LO» Sacavém e, a verde, «T». Açucareiro apresenta ainda «2» a verde.
Data: c. 1935
Dimensões: Várias



O conjunto não se encontra em condições perfeitas - algumas peças estão manchadas pelo uso por café, outras apresentam pequenas falhas na pintura aplicada sobre vidrado, etc. – mas colecionar tem também um pouco a ver com o acaso e compra-se o que se nos oferece no mercado numa dada ocasião, desde que a preços razoáveis e não especulativos.




Trata-se da decoração nº 933 «para serviços de café formato Estoril em barro marfim», de acordo com o catálogo de desenhos da Fábrica de Loiça de Sacavém, existente no Centro de Documentação do respectivo Museu (MCS-CDMJA), a quem mais uma vez agradecemos. A ficha respectiva informa-nos ainda que se aplica este motivo geométrico nas combinações de cores: azul e preto; verde e preto; amarelo e preto; ouro e preto; amarelo e castanho; ouro e azul e encarnado e preto.


O modelo que está na génese do formato Estoril foi editado por Robj, em França, c. 1930 (a produção Robj encerra em 1931), em versão serviço de chá, embora fabricado no Luxemburgo onde a Villeroy & Boch tinha uma fábrica que forneceu vários modelos a este editor. Não conseguimos apurar nome ou nacionalidade do designer que o concebeu, não tendo de ser forçosamente francês.

Possivelmente chega a Portugal, à Vista Alegre, enquanto serviço de chá, por via francesa, e a Sacavém apenas na forma de serviço de café, por via do modelo Moderne, dos anos 30 (c. 1935), da firma inglesa Carlton Ware, forma 1246, que reproduz o modelo de Robj, em versões de açucareiro com e sem tampa. A decoração do serviço de Sacavém provém também da Carlton Ware onde recebeu o nome Rayure. Trata-se de um bom exemplo da circulação internacional do design moderno de formas que se tornaram mais populares no período de Entre-Guerras.

sábado, 7 de junho de 2014

Taça (fruteira) modernista em forma de folha lanceolada – Carstens Uffrecht - Alemanha


Taça (fruteira) de cerâmica moldada, em forma de folha lanceolada simétrica e dobrada a eixo, vidrada a creme-mate com decoração de escorridos, aplicados a aerógrafo, cor-de-laranja forte, cujas duas metades apresentam recortes laterais triangulares delimitados externamente pelas pegas salientes, de secção redonda, a castanho. A taça repousa sobre base saliente, mais pequena, com a forma invertida da taça. No fundo da base carimbo preto triangular da Carstens Uffrecht, sobrepujando «dek. 6» e, por cima, «form 414».
Data: c. 1930
Dimensões: Comp. 26 cm x larg. 18,5 cm x alt. c. 8 cm
 


A aplicação controlada do esmalte a aerógrafo, formando escorridos aparentemente aleatórios, foi particularmente corrente na unidade fabril da Carstens Uffrecht na produção art déco de vertente modernista bauhausiana. As peças produzidas com este tipo de técnica decorativa acabam por se individualizar subtilmente entre si, embora quando vistas em conjunto assumam uma leitura de grande homogeneidade e se entenda a matriz da decoração. Daí este ser o decor nº 6 que foi aplicado a diferentes formas.
 

Não foi só Portugal que copiou modelos estrangeiros, com destaque para a influência alemã. O Reino Unido fez a mesma coisa, como se pode constatar na presente peça cujo modelo, a partir de finais do anos 30, vai ser produzido pela Crown Devon (o exemplar ilustrado apresenta a marca utilizada a partir de 1939). E não temos a menor dúvida que se trata de cópia de modelo alemão, não só pela datação tardia como a Alemanha foi, até à ascensão do nazismo, o grande centro produtor e, sobretudo, criador da Europa. Verdadeiro laboratório, onde a inventiva e o experimentalismo, tanto nas formas como nas decorações, levaram à efervescência criativa que nesse país se viveu durante a República de Weimar. Queimaram-se etapas como em mais nenhum outro parece ter acontecido, sempre em permanente pesquisa, numa incessante busca, quase esquizofrénica, na criação artística a todos os níveis, dos objectos utilitários às chamadas artes maiores.
 


A introdução do gosto art déco e do design modernista, apesar do espalhafato editorial inglês sobre a produção nacional no período, é tardia. Em Paris, em 1925, o Reino Unido apresentou um dos pavilhões mais conservadores, para não dizer reacionários, de toda a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas. De facto, só na década de 30 o novo gosto aí se implanta e adquire uma certa consistência.

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Tigre com presa art déco - Sacavém



Quando em 10 de Setembro de 2012 postámos uma série de esculturas animalistas demos nota também sobre este modelo concebido pelo escultor inglês John R. Skeaping (1901-1980) e dos diversos animais, desenhados em 1926, que propôs à fábrica de Wedgwood, cuja imagem do catálogo aqui apresentamos. A figura de cerâmica era originalmente complementada por soco de madeira, característica, aliás, comum a outras peças do período art déco, casos de jarras, caixas, etc, que assim ganhavam maior destaque ou outra dignidade. Tais bases suplementares tanto podiam ser de desenho contemporâneo, de linhas rectílineas, como é o caso, como ser peanhas chinesas.


Trata-se de um tigre com presa, escultura do bestiário de Skeaping, (intitulada «Tiger and buck») produzida pela Fábrica de Loiça de Sacavém. Peça de faiança moldada, ao gosto art déco, esmaltada a cor marfim amarelado, craquelé. O animal, em movimento sobre um soco paralelepipédico, arrasta com a boca a carcaça de um bode. No fundo da base, carimbo azul, «Gilman & Ctª – Sacavém» sobrepujando «Made in Portugal». Inscrito na pasta 52C.
Data: c. 1930-35
Dimensões: Comp. 34,3 cm x 9,4 cm


quarta-feira, 20 de março de 2013

Mais um tête-à-tête art déco Sacavém - Formato Coimbra





Hoje propomos mais serviço tête-à-tête da Fábrica de Loiça de Sacavém, do já descrito modelo Coimbra. Formado por 7 peças de faiança moldada (bule, leiteira, açucareiro, duas chávenas e respectivos pires), com composição vegetalista policroma (folhagem castanha e flores a laranja e verde-alface) pintada à mão sobre fundo marfim, complementada por filetes castanhos. No fundo das bases, carimbos a verde Gilman & Cta – Sacavém, Made in Portugal e 915 carimbado a preto. Nas chávenas aparece apenas o carimbo 915. A leiteira apresenta ainda 26 (?) inscrito na pasta, à mão. Ambos os pires são também marcados na pasta: um com 52B, 7-41 Sacavém (?), outro com 3-42 Sacavém.
Data: c. 1935
Dimensões: Diversas

 

E se o modelo Coimbra tem por base o modelo Zenith da fábrica inglesa Burgess and Leigh, criado, em 1931, como já referimos em post anterior, a decoração terá, sem dúvida, a mesma origem.



segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Gazela art déco (reedição) e a escultura animalista em Sacavém



Embora atribuamos esta figura de gazela a uma reedição, de cerca de 1980, de um modelo art déco da Fábrica de Loiça de Sacavém (FLS), dadas as características da pasta e do vidrado, não temos a certeza absoluta de que assim seja. Trata-se de uma peça de grés (?) moldada, em forma de gazela de pé sobre rochedo geometrizado e simétrico, escalonado em três degraus, com vidrado castanho de meio-brilho. No fundo da base, carimbo impresso 387 (?), e inscrito à mão, na pasta, NL/28 (?), NG/13 e 8/FT.
Data: 1930-35 (reedição de c. 1980)
Dimensões: Alt. 25cm x comp. c. 16cm x larg. 8,3 cm


Apesar de muita da produção escultórica, e não só, da FLS continuar sem autoria atribuída, nos últimos tempos tem-se avançado com algumas descobertas importantes.

No caso particular da escultura animalista produzida nessa unidade fabril, temos vindo a ver ao longo dos vários posts sobre a temática, que ela é influenciada, sobretudo, pela produção inglesa. Para além das produções próprias de Donald Gilbert, criadas, tanto quanto pudemos apurar até à data, em exclusivo para a FLS, também outros escultores trabalhando no Reino Unido viram as suas peças produzidas por esta fábrica. Já aqui mostrámos um urso polar, esculpido pelo norueguês Erling B. Olsen (1903-1992), para a fábrica inglesa Spode Copeland, e um bisonte criado pelo escultor inglês John R. Skeaping (1901-1980) para a Wedgwood. Referimos então as adaptações feitas pela FLS ao desenho original.

Ora, graças às imagens de arquivo disponibilizadas pelo Museu de Cerâmica de Sacavém - Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso (MCS-CDMJA), cuja colaboração mais uma vez agradecemos, que cruzámos com outras fontes, concluímos que as criações de Skeaping ganham alguma expressão no universo da estatuária decorativa animalista de Sacavém, que, não sendo pequeno, não deixa de ser limitado.
São também deste escultor um tigre com presa, cuja fotografia retirámos de MAFLS, ou um antílope que só conhecemos pela fotografia, ambos aqui reproduzidos. Todavia, como a última só é conhecida por imagem de arquivo, não podemos afirmar que tenha sido produzida.


Caso se confirme o fabrico do antílope, das dez figuras de animais criadas por Skeaping em 1926 e que a fábrica de Wedgwood produziu a partir do ano seguinte, ficamos agora a saber que pelo menos três terão sido reproduzidos pela FLS.

De duas outras peças já apresentadas, aventámos a possibilidade da grande corça saltando ser de um dito «Cerboni» que, a avaliar pelo nome, não será português. A excepção de origem nacional parece ser o peixe cubista, concebido pelo desconhecido “Pintor Reis”.
Mantém-se, porém, a incógnita quanto às autorias da extraordinária figura de peixe meia-lua, do grupo escultórico com dois peixes, do elefante e do pelicano caricaturais, do tinteiro com mocho, que não temos e cujas fotografias aqui exibimos, da corça pequena também já mostrada ou da gazela de hoje, e de outras que possuímos e que haveremos de postar. Em nossa opinião, serão, em princípio, importações estrangeiras.