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sábado, 8 de agosto de 2015

Ainda a propósito do cinzeiro-cigarreira art déco «Gato» - Sacavém

Relativamente ao cinzeiro, formato «Gato», postado em 15 de Março passado, verificámos que, por distração (estávamos mesmo a precisar de férias), nos esquecemos de publicar a fotografia, de 1941, constante do acervo do Museu de Cerâmica de Sacavém -Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso (MCS-CDMJA), cujos créditos e colaboração agradecemos. É bem exemplificativa de como era utilizado este cinzeiro bem-humorado.


Como referimos então, a peça aparece referida com o nº 272 nas tabelas de preços de faianças decorativas de 1941 (10$00), de 1945 (15$50) e 1951 (20$00), e não, mais um lapso, 1950 ...

domingo, 15 de março de 2015

Cinzeiro-cigarreira art déco «Gato» - Sacavém


Cinzeiro-cigarreira de faiança moldada e policroma, suavemente craquelé, em forma de gato estilizado. O animal, de cor alaranjada e nacarada, com apontamentos a preto, é representado deitado de barriga para cima, formando uma concavidade que serve de receptáculo para as cinzas, com patas dianteiras também para cima e patas traseiras segurando o rabo. Na cabeça erguida, de grandes olhos azuis esbugalhados e expressão sorridente sob os bigodes, com uma abertura circular no canto esquerdo da boca para um cigarro, tem um chapéu, cor de laranja com pala preta, perfurado por cinco orifícios circulares para enfiar cigarros. No fundo da base, carimbo azul acinzentado «Gilman & Cta – Sacavém» e «Made in Portugal». São visíveis as marcas da trempe.
Data: c. 1935-45 (?)
Dimensões: Alt. 9,5 cm x larg. 9,5 cm x comp. 9,5 cm


A figura corresponderá à designação «Cinzeiro Formato Gato», com o nº 272, que aparece nas tabelas de preços de «Loiças decorativas em faiança» de 1945, a 10$00 (na de 1950 aparece a 20$00).

A gramática estilizada da peça em forma de gato remete-nos para a banda desenhada da época, e para o famoso Gato Felix (Felix the Cat), de quem já aqui escrevemos, no post de 1 de Junho de 2013, a propósito de gato da Lusitânia-Coimbra.

Peça irónica, o animal ostenta uma expressão sorridente, arriscamos mesmo a dizer viciosa, tal o deleite transmitido pelo prazer de fumar. É reflexo de uma época em que os pequenos bibelots preenchem o vazio do quotidiano com cor e humor.


O período entre as duas Grandes Guerras oferece-nos uma miríade de objectos fantasistas que povoam as decorações de interiores e quotidianos. Foram anos onde o bibelot e a ironia fizeram parte de um universo onde se simplificaram formas e decorações por oposição ao gosto mais rebuscado da Belle Époque. O Art Déco, nas suas mais variadas expressões estéticas, permitiu superar a angústia da carnificina da I Guerra e nos Anos Loucos as pessoas aprenderam a rir-se de si mesmas. Se por um lado, numa primeira fase, concebeu ambientes e objectos luxuosos, selectivos e requintados, por outro lado, depois de 1929, a Grande Depressão propiciou uma produção de massas mais em consonância com os tempos de crise que se viviam e onde opções estéticas mais populares do estilo contribuíram para a criação de ambientes descontraídos, coloridos e cheios de vida. Em todo o caso, a tendência foi ambos os tempos serem modernos e, dentro do possível, feéricos. 



sábado, 1 de junho de 2013

Gato art déco da Lusitânia - Coimbra


Peça de faiança moldada representando um gato sentado, de cor creme com apontamentos a preto. A expressão do focinho suspensa entre o surpreso assustado e triste, mas simultaneamente cómica. No fundo da base, carimbo azul Lusitania Coimbra e inscrito na pata nº 170 (?).
Data: c. 1930
Dimensões: alt. c. 10,2 cm x comp. 9 cm x larg. c. 4,5 cm


As vicissitudes do tempo não foram muito clementes para com esta pequena peça decorativa que chegou às nossas mãos colada no pescoço e na cauda. Cá está, por vezes compra-se (quando o preço o justifica, claro, e que neste caso foi irrisório) uma peça partida ou mais gasta, sempre na expectativa de um dia encontrar um exemplar em melhores condições, desde que ilustre a produção nacional do período e da sensibilidade estética que nos importa ilustrar.


Apesar do aspecto menos alegre, diríamos mesmo infeliz, deste gato produzido pela Lusitânia-Coimbra, encontramos nele algum eco do célebre Gato Felix (Felix the Cat), personagem do cinema de animação do tempo do cinema mudo e da BD norte-americana criada em 1919. Terá sido concebido pelo cartoonista norte-americano Otto Messmer (1892 - 1983) para o estúdio nova-iorquino de Pat Sullivan (1887 Austrália – 1933 EUA), embora este último, produtor cinematográfico e também cartoonista, desde logo tenha reivindicado a sua criação. O sucesso estrondoso do boneco no meio cinematográfico entrou em declínio com o sonoro, e a partir de 1930 acabou por praticamente desaparecer. Na década de 50 passou a ser redesenhado por Joseph "Joe" Oriolo (1913 – 1985), que lhe deu novo fôlego tanto na BD como na televisão. Este cartoonista foi o criador de outra personagem da BD de grande sucesso, Casper the Friendly Ghost (Gasparzinho).