Data: c.
1930
Dimensões: Alt. 22,5 cm
As potencialidades do aerógrafo aplicado com
estampilha são, como sabem, uma das nossas preferências no que à cerâmica diz
respeito. Temos outras, mas não há dúvida que a modernidade e aparente
facilidade deste método de decorar superfícies dá origem a uma paixão muito
especial.
Já muito temos escrito por aqui sobre a maneira como
as fábricas alemãs utilizaram e potenciaram as possibilidades deste método, mas
ainda não tínhamos apresentado nenhuma peça cuja pintura final remetesse para um
objecto pseudo-usado, uma superfície gasta por um tempo que não houve.
A composição sugere uma paisagem vertical em três
planos, três vezes repetida. Por detrás de duas cadeias de montanhas, formadas pelos
recortes das estampilhas, angulosos uma e curvos outra, desponta um sol acastanhado
que se ergue num céu do mesmo tom delimitado pela linha recta de outra estampilha.
Esta separa as três composições.
Remetendo para o abstracionismo pictórico, enquanto
arte maior, os tons verdes não respeitam com rigor a estampilha do desenho de
base, nem cumprem simplesmente o esfumado que é característico de grande parte das
produções germânicas. Aqui a pintura a aerógrafo surge enevoada, esborratada e
aparentemente gasta. A peça é, assim, simultaneamente rude e refinada. O Art Déco neste tipo de
produção assume uma dimensão de vanguarda artística nitidamente bauhausiana.
Apesar de não ter qualquer marca, o estilo, as cores empregues e
o próprio material, remetem para uma produção de Bunzlau, muito provavelmente
da Feinsteinzeugfabrik Julius Paul & Sohn (fábrica de grés) activa entre
1893 e 1945. Porém, todo o experimentalismo vanguardista da composição parece
ter tido origem na Staatliche Keramische Fachschule Bunzlau (Escola Profissional
de Cerâmica do Estado em Bunzlau) cujas criações vão revolucionar a produção
cerâmica local a partir do fim dos anos 20. Várias foram as fábricas da zona
que aderiram a esta revolução estilística então iniciada pelo designer Artur
Hennig (1880-1959).
O seu trabalho pioneiro na
referida escola, iniciado em 1925, vai contaminar, através dos seus alunos, a produção
cerâmica industrial de Bunzlau no final da década, assim como de outras
fábricas alemãs.
Estética de curta duração, por volta de 1933 as fábricas de
Bunzlau regressam a um gosto mais tradicionalista onde vão predominar os
castanhos característicos da produção local oitocentista.
1 comentário:
Segundo informação do nosso seguidor holandês JH, a quem agradecemos, enviada por e-mail, confirma-se que é Bunzlau-Julius Paul & Sohn. Forma nº 611, sem número de decor. É um exemplar da fase inicial deste tipo de peças a aerógrafo, produzida entre 1928 e 1930. Será uma peça muito rara.
Obrigado Jan
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