quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Base de candeeiro art déco Aleluia - Aveiro


Peça de cerâmica moldada, de forma globular, de cor de fundo creme na parte superior e castanho claro manchado na parte inferior, com decoração estampilhada de triângulos, a preto, encimados por “flores” estilizadas, em tons de castanho, ao gosto art déco. Filete preto realçando bocal e base. No fundo da base, carimbo preto Aleluia – Aveiro; Made in Portugal. Inscrito na massa 101 e B pintado à mão a preto.
Data: c. 1935-45
Dimensões: alt. 9 cm (parte cerâmica)


A decoração deste candeeiro, por um lado remete para uma decoração floral, que apesar de estilizada, não deixa de ser um tema convencional. Por outro lado, a imagem evoca uma ideia de progresso, velocidade e modernidade que as ondas hertzianas simbolizavam. Assim, não estaríamos perante uma decoração floral, antes uma sucessão de antenas de radiodifusão que, tal como o candeeiro eléctrico, são alimentadas pela electricidade.

Estamos em crer que este motivo decorativo se inspira numa imagem que se tornou universal a partir de finais dos anos 20: o logotipo da empresa cinematográfica RKO (Radio-Keith-Orpheum) Pictures (1929), a célebre companhia norte-americana de produção e distribuição de filmes, uma dasBig Five studios of Hollywood's Golden Age”.
 
 
Antecedendo a projecção do sonho, anunciava ao mundo, de uma forma gráfica e sonora, o início de uma nova época de desenvolvimento e prosperidade globais. Imagem, ainda ressoando a Futurismo, da energia em movimento.

Para quem conhece os filmes da companhia referida, a torre colocada no topo da esfera do mundo, emitia sinais sonoros em código morse. A modernidade do século XX ilustrava, assim, um avanço tecnológico – a comunicação à distância - do século anterior inventado por Morse.
 
 
Ao invés, este candeeiro da Aleluia-Aveiro, não se liberta da imagem de Oitocentos do velho candeeiro a petróleo. Como se o corpo do candeeiro ainda fosse um contentor e não um simples suporte de uma lâmpada eléctrica que se protegia por detrás de uma chaminé de vidro. A decoração “à moderna” não passa, assim, de um tique de contemporaneidade para uma mentalidade ainda profundamente oitocentista.

Este modelo e decoração foram igualmente comercializados em versão jarra, como se pode ver no Catálogo de loiças decorativas das Fábricas Aleluia. Aveiro, de inícios dos anos 40, onde surge sob o nº 37 A, aparecendo a versão para candeeiro sob o nº 101 – B.
 
 

2 comentários:

CMP* disse...

Caros AM-JMV,
como sempre uma comparação muito interessante e rica de possibilidades de desenvolvimento.
Obrigada.
Saudações,
CMP*

AM-JMV disse...

Cara CMP,
Seja bem aparecida. Nós é que agradecemos a sua vista e comentário. Esperemos que esta sua prolongada ausência na blogosfera tenha sido por uma boa causa, como férias por exemplo, ou algum projecto interessante. :)
Cumprimentos