segunda-feira, 19 de março de 2012

Conjunto de base para bolos e caixa boleira art déco modernista com motivo de folhas, Wächtersbach - Alemanha


Caixa (boleira) e base para bolos de faiança moldada e relevada, com decoração estampilhada e aerografada, dentro de uma gramática art déco alemã e do funcionalismo da Bauhaus.
Ambas as peças apresentam composição central de folhas estilizadas, círculos e segmentos de recta sobre dois traços paralelos esfumados, a amarelo e verde, decor nº 3621. Enquanto na superfície restante da base de bolos é toda num sfumato verde pastel, tendo as asas um toque de amarelo, na caixa, embora o tratamento seja idêntico, as faces laterais apresentam dois traços iguais ao da composição principal, e na tampa esses mesmos traços formam dois ângulos salpicados por círculos laranja.
Na base do prato para bolos, inscrito na pasta, o escudo listrado da manufactura de Wächtersbach e DRK8 seguido de 2, mais ténue, depois 9 (?) mais vincado e 3 novamente mais ténue. Carimbo azul com Dec.3621 e 23.
Na base da boleira, inscrito na pasta, o mesmo escudo e 8218 (forma) Carimbo azul com Dec.3621 e 20.
Data: c. 1932
Dimensões da base de bolos: diâm. c/pegas 41,5 cm
Dimensões da caixa: comp 25 cm x larg 11,5 cm x alt 12 cm




Fundada em 1832 pelo príncipe de Isenburg-Wächtersbach, a Wächtersbacher Steingutfabrik G.m.b.H. - fábrica de cerâmica em Schlierbach perto de Wächtersbach, ainda hoje está em funcionamento, tendo sido adquirida pelo grupo Könitz, em 2006. Turpin Rosenthal é o novo dono e continuador do sucesso da empresa.
Foram várias as vicissitudes por que passou ao longo destes quase 200 anos de produção. No período que nos interessa e como consequência da I Guerra Mundial o departamento de arte da Wächtersbach encerrou até 1923.
Embora a utilização da decoração a aerógrafo já fosse utilizada na fábrica desde os inícios do século XX, só a partir de 1927, e sobretudo no ano seguinte, a fábrica começou a explorar comercialmente os efeitos decorativos do esfumado da pintura aerografada, na gradação de cores e novos efeitos estéticos, como elementos em degraus e/ou lineares, destacando-se as composições decorativas geometrizadas. A fábrica seguia, assim, as formas recentes e padrões da tendência geral do design Art Déco aliada à tendência do funcionalismo-construtivista ligado à Bauhaus.
Por um lado é surpreendente a abundância das composições decorativas a aerógrafo aplicadas em formas de uso quotidiano mais decorativo, como jarras, boleiras, pratos para bolos, etc.. Isto porque serviam sobretudo para estarem expostas na sala de estar, enquanto arte moderna. Pelo contrário, os projectos mais vanguardistas, de teor construtivista, aplicados nos serviços de mesa, por exemplo, terão tido menor sucesso comercial junto das massas consumidoras, pelo que, na fábrica, receberam decorações mais simplificadas e lineares.



No início da década seguinte, em 1931, a célebre designer alemã Ursula Fesca (1900-1975), renova e dirige a produção da fábrica, explorando novos caminhos. É desta fase que datam as peças que hoje apresentamos, mantendo as cores pastel e a linearidade anteriores na decoração base, mas com composições vegetalistas estilizadas bem definidas pelo recorte da estampilha, muito ao estilo das criações da nova directora. Estas tendências vão sendo abandonadas ou domesticadas depois de 1933, mas sobretudo a partir de 1935, com o aumento da produção da pintura de flores mais convencional e de padrões considerados mais “dignos” pelos nacionais-socialistas.
Tendo sofrido com a II Guerra Mundial, a fábrica encerra em 1944 para reabrir, dois anos depois, continuando em funcionamento até hoje como já referido.


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