segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012

Jarrão com rosas Arte Nova - Max Laeuger - Kandern



Jarrão bojudo de argila vidrada com esmaltes espessos que formam relevo, de base creme com decoração de espinhos a preto, formando uma quadrícula oblíqua que vai estreitando em direcção à base e ao gargalo, enquadrando rosas a preto e castanho alaranjado estilizadas ao gosto Arte Nova mackintoshiano. Na base, marcado na pasta, KTK inscritos num quadrado (de Kunsttöpferei Tonwerke Kandern) e 933 e 4.
Data: c. 1905-10
Dimensões: c. 25 cm x c. 25 cm

As peças produzidas em KTK, como é o caso do jarrão de hoje, embora não tenha a assinatura de Max Laeuger sobreposta à da própria manufactura, é, quanto a nós, sem dúvida da sua autoria. Veja-se o exemplar idêntico devidamente identificado exibido na Exposição de Bruxelas de 1910 (in catálogo: BREYER, Robert – German arts and crafts at the Brussels exhibition. Stuttgart: Julius Hoffmann, 1910, p. 118).
Neste modelo, tal como no nosso, regista-se a presença das características rosas estilizadas à maneira de Mackintosh revistas pela Secessão Vienense.



Max Läuger ou Laeuger, (1864 – 1952) foi um dos mais importantes designers alemães. Criador multifacetado, trabalhou tanto arquitetura de interiores e jardins como o desenho industrial, a pintura, a cerâmica e o vidro, por exemplo. Tendo estudado na Academia de Artes e Ofícios, em Karlsruhe, de 1881 a 1884, onde vai dar início a uma bem sucedida carreira de ceramista, passa a ensinar desenho e modelagem na mesma escola até 1898, tendo passado a professor em 1894. Em paralelo, em 1885, estuda arquitectura de interiores e jardins, na Universidade Técnica de Karlsruhe.
As fábricas de cerâmica de Kandern estavam em crise nos finais do século XIX. A produção tradicional de aquecedores cerâmicos a que, sobretudo, se dedicavam foi arruinada pela nova produção industrial de aquecedores de ferro fundido que então invadiam o mercado. Para tentar minorar a gravidade da situação, o Ministério do Comércio do Grão-Duque de Baden escolheu Max Laeuger para modernizar a produção cerâmica desta cidade do Grão-Ducado de modo a ensinar os ceramistas tradicionais a inovar as suas produções de acordo com as novas tendências decorativas da altura. Assim, quando em 1893 Laeuger começa a trabalhar na Tonwerke Kandern, de onde provêem as primeiras cerâmicas datadas, a sua primeira fase criativa segue as tendências formais da Arte Nova (Jugendstil) com predomínio para os motivos vegetalistas, com padronagens repetitivas e regulares. Laeuguer manteve as técnicas da cerâmica tradicional criando novos padrões decorativos. Alia, assim, a perfeição do artesanato de alta qualidade à produção industrial. Um dos princípios fundamentais da Deutscher Werkbund  (da qual foi co-fundador em 1907), e, posteriormente, da Bauhaus, como já tivemos oportunidade de dizer quando falámos de Paul Speck.
Suceder-se-ão, depois, as influências da Secessão alemã e do Wiener Werkstätte. Em ambas as fases a tendência é para o preenchimento total das superfícies cerâmicas. Só depois de 1920 aparecem animais e figuração humana nas suas criações, que vão ganhando um estilo cada vez mais expressionista. É neste período, de 1921 a 1929, que é director do departamento de design da "Staatliche Majolika Manufaktur" em Karlsruhe, de que haveremos de mostrar outra jarra.
Durante os anos 30 e até 1944, Max Laeuger trabalhou como artista independente até ao bombardeamento do seu estúdio, em Pinneberg,após o que regressou a Lörrach, sua terra natal.




As peças cerâmicas, sobretudo jarras, potes e afins, com desenhos e cores aplicados com esmaltes de tal modo espessos que adquirem um relevo pronunciado, pela sua qualidade estética tornaram-se clássicas.
A produção da cerâmica tradicional com desenhos de Max Laeuger foi considerada a mais elevada forma de expressão cerâmica na Alemanha da época e influenciou muitos criadores cerâmicos do século XX.
Parte do sucesso destas peças também se deve ao pintor Hermann Hakenjos que, chegado a Kandern em 1895 com Max Laeuger, transpunha os desenhos do mestre para os diferentes modelos de forma exemplar. Haveria de ser director da fábrica de 1920 a 1929.
Graças à sua expressividade e inovação, recebe medalhas de ouro nas exposições universais de Paris, em 1900, de St. Louis, em 1904, e de Bruxelas, em 1910. Já no final da sua vida, foi-lhe atribuído o Grande Prémio da Trienal de Milão em 1951, um ano antes da sua morte.
Independentemente de todos estes predicados que acabámos de expor, Max Laeuger é uma das nossas paixões enquanto coleccionadores. Só lamentamos ter tão poucas peças da sua autoria.


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