quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Jarra art déco de asas em forma de animais fantásticos – S.P. Coimbra




Jarra art déco de porcelana moldada e relevada, de cor branca com apontamentos a ouro. A forma tendencialmente cilíndrica, arredondando em baixo, assente sobre pé saliente a ouro, é enquadrada por duas asas em forma de dragões ou serpentes marinhas ondulantes que ocupam cerca de dois terços da altura da peça. Asas e bocal são igualmente realçados a ouro. No fundo da base, carimbo verde Coimbra S.P. Portugal com numeração gravada na pasta J 82 A.
Data: c. 1940
Dimensões: alt. 11.6 cm x diâm. 4 cm (c/asas 8,5 cm)


Dada a pequena dimensão desta peça, é caso para dizer que a qualidade não se mede aos palmos, não só em termos plásticos como técnicos. O seu tamanho não diminui o ar de monumentalidade que lhe confere a forma e decoração.  

O tipo de solução de asas ondeantes é muito característico do Art Déco internacional em múltiplas variantes, quer seja em objectos de cerâmica, vidro ou mesmo outros materiais caso da madeira ou do metal. Contudo, a configuração zoomórfica destes elementos será menos corrente. Poder-se-á ver neles uma certa influência orientalizante, caso os interpretemos como dragões. No entanto, são comuns nas ancestrais culturas europeias - caso dos celtas ou dos viquingues - animais fantásticos e serpenteantes. 


domingo, 23 de dezembro de 2012

Caixa art déco RS-Tillowitz EPOS - Alemanha




Caixa de porcelana moldada e relevada, branca com decoração policroma estampada de flores e folhas estilizadas. Apresenta forma cónica escalonada, rematada por pega esférica, a ouro, na parte superior, inflectindo para dentro junto à base. No fundo da base, carimbo, a verde, RS entre coroa de louros e coroado por estrela de cinco pontas – Tillowitz e EPOS cingindo um globo quadriculado.
Data: c. 1926-30
Dimensões: Alt. 14 cm x 12 cm


A combinação dos dois carimbos RS Tillowitz e EPOS, a verde, que aparecem nesta caixa, encontra-se, sobretudo, em produtos destinados a serem comercializados no mercado europeu. O carimbo «EPOS» aparece aplicado entre 1926 (ou 1928, conforme as fontes) -1945 como símbolo de porcelana de qualidade da Alta Silésia.


A fábrica de porcelana terá sido fundada em 1869, em Suhl (Turíngia), por Reinhold Schlegelmilch. Seus dois filhos deram continuidade à tradição da família, permanecendo um, Erhard Schlegelmilch na empresa-mãe, e outro, Eckhard Schlegelmilch, abriu, em 1894, uma filial em Tillowitz (actual Tułowice), onde desde inícios do século XIX já existia uma fábrica de cerâmica. Construída com o apoio financeiro de seu pai, a nova fábrica ficou registada como um ramo da empresa familiar. Até 1916 ambas produziram peças com a mesma marca, não se diferenciando, portanto. Neste ano, a fábrica de Suhl foi encerrada, e a denominação «Reinhold Schlegelmilch Porzellanfabrik Tillowitz» manteve-se até ao final da II Guerra Mundial. Nacionalizada pelo estado polaco em 1946, acabaria por ser privatizada em 1995 sob a denominação de Fabryka Porcelitu Tułowice SA. A partir de 2011 especializa-se em louça sanitária e outras cerâmicas para a construção civil, incluindo azulejos.


Aproveitamos para desejar aos nossos leitores:

sábado, 22 de dezembro de 2012

De novo o peixe e a jarra com fetos, art déco, das fábricas Electro-Cerâmica e Aleluia-Aveiro



Quebrando mais uma vez a regra de apresentar apenas objectos das nossas colecções, mas no sentido de contribuirmos para a inventariação das produções nacionais e dado que se tratava de exemplares recentemente postados, e a pedido de várias famílias, perdão, de vários leitores, colocamos hoje peças de dois outros bloguers. Trata-se de peças que os mesmos haviam referido nos comentários que postaram às congéneres apresentadas.
Assim, a propósito do peixe art déco da Electro-Cerâmica, de 15 do presente mês, CMP partilhou connosco uma outra variante cromática, a verde e ouro, com as mesmas dimensões, que damos a conhecer. 


No mesmo sentido apresentamos a versão verde da jarra art déco com fetos em relevo da Aleluia-Aveiro, de 9 de Dezembro, partilhada por Maria Andrade. Trata-se do mesmo modelo e igual carimbo, acrescido de X334 M, que corresponde a um exemplar de menores dimensões (11,5cm x 8cm). Conforme esclareceu CMP trata-se da letra final M e não H dado essa corresponder à versão cor-de-rosa. 


A ambas o nosso agradecimento.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Ainda a propósito da jarra solitário Vista Alegre



Quando em 29 de Fevereiro passado apresentámos a jarra-solitário art déco da Vista Alegre que hoje retomamos, escrevemos que a sua decoração, por afinidade, poderia ser atribuída ao mestre Duarte Magalhães (1861-1944). Adiantávamos, porém, que, assim sendo, se tratava de uma peça de nítida influência francesa, de Sèvres ou Limoges. Vem isto a propósito de termos encontrado a reprodução de um catálogo de Sèvres, que, apesar de não estar datado, foi editado em 1928 de acordo com a catalogação da Bibliothéque Nationale de France, cuja folha de rosto aqui reproduzimos, conjuntamente com a prancha onde aparece o modelo que serviu de base à referida jarra. 


Assim, como aliás já suspeitávamos, não se trata de uma criação nacional, mas, mais uma vez, reprodução de um modelo importado de França, apesar de subtis diferenças, em particular no pé. E já agora, quanto à peça em que nos baseámos, publicada em obras de referência (VISTA ALEGRE: Porcelanas. Lisboa: Inapa, 1989; FRASCO, Alberto Faria – Mestres pintores da Vista Alegre. Porto: Figueirinhas, 2005), também nos inclinamos para que seja de autoria francesa e não de Duarte Magalhães. Aproveitamos para mostrar, a bem do conhecimento geral, o quão perigoso são para quem as utiliza de uma forma acrítica. Ilustramos com outros exemplos que aparecem representados no catálogo de Sèvres. Veja-se as peças atribuídas a Duarte Magalhães e a Ângelo Chuva. 


Na verdade, quando estas obras de referência nacionais confundem os pintores com os autores das decorações, estão a induzir os leitores em erro, pois aqueles não passam, muitas vezes, de meros executantes de modelos decorativos, pintados certamente também sobre formas igualmente importadas. Confunde-se o pintor enquanto executante, porque, por vezes, assina a peça, com o autor da decoração. Ou seja, confunde-se o artista criador com o artesão que lhe multiplica o modelo. Isto para não falarmos da confusão entre Arte Nova e Art Déco devido ao pouco conhecimento de quem escreve.


Infelizmente as imagens do catálogo francês não têm grande qualidade, pelo que não pudemos identificar de forma segura os autores respectivos.
As fotografias e respectivas legendas reproduzidas são da obra VISTA ALEGRE: Porcelanas, pp. 157 e173.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Jarra art déco com flores – Vista Alegre



Pequena jarra de porcelana moldada, pintada à mão, de bojo troncocónico invertido, a branco com apontamentos filiformes a ouro que a dividem em oito secções iguais, e parte superior estreitando, em curva, em direcção ao bocal, com decoração floral a azul e branco com complementos a ouro. Pé curvo ligeiramente saliente a ouro. A ouro também o bocal e a zona mais larga do bojo marcando a transição entre as partes. No fundo da base, carimbo verde V.A. Portugal - Marca nº 31 (1924-1947)
Data: c. 1930
Dimensões: alt. 9 cm x larg. 7,5 cm


A profusão de flores brancas e azuis remete, quanto a nós, para as cerejeiras (ou serão amendoeiras?) em flor. A disposição em camadas sobrepostas à maneira de escamas é muito ao gosto art déco francês.