domingo, 6 de outubro de 2013

Figura feminina - tipos populares portugueses - Secla


Na sequência da série de «tipos populares portugueses» criados por Fernando da Ponte e Sousa (1902-1990) para a SECLA durante a década de 50, publicados pelo blogue Cerâmica Modernista em Portugal (CMP), sobretudo a expressiva figura feminina «talvez uma vendedeira ou lavadeira» ou uma simples dona de casa, que ilustrou em 11 de Fevereiro de 2013, apresentamos uma versão desta com outras roupagens. Felizmente para nós a descrição formal da peça encontra-se aí feita, pelo que tivemos a vida facilitada.


A pequena escultura de faiança moldada, com decoração policroma pintada à mão, representa uma figura estilizada de mulher popular, gorda e maternal, em «pose empertigada, de mãos na cintura e barriga empinada», de regateira, cabelo preto com «carrapito no alto da cabeça, os seios fartos e pesados» que a blusa verde-alface cobre, a ampla saia comprida, com motivo floral, «coberta pelo avental» branco debruado a castanho-mel, sob a qual sobressaem os sapatos castanhos, reforçando a «expressividade satírica garantida pela habilidade do modelador [que compôs um] verdadeiro cartoon em três dimensões». No fundo da base, pintado à mão, a preto, PS 09, Secla Portugal, R.P.. Mantém, ainda, resto de uma etiqueta de papel.
Data: c. 1955
Dimensões: Alt. c. 11,5 cm


Do conjunto de tipos populares portugueses será, todavia, a que nos revela uma certa transversalidade do estereótipo de um determinado tipo de imagem feminina no imaginário ocidental. 


A peça, como diz CMP e nós concordamos plenamente, é claramente decalcada do «universo da banda desenhada, tanto nacional como internacional» embora em nossa opinião com particular ênfase na personagem maternal de «Os Sobrinhos do Capitão» cuja lembrança perpassa também nas nossas memórias de infância (o pai de um de nós possuía tudo quanto era Cavaleiro Andante, Mundo de Aventuras, O Falcão, etc.), enquanto apreciadores, que ainda somos, de banda desenhada. Havia mesmo quem sonhasse com as empadas cobiçadas arrefecendo, fumegantes, à porta ou à janela… De tal modo familiar às nossas lembranças de meninos, que tantas mulheres vimos que se lhe assemelhavam, que foi logo por nós baptizada de “Narcisa”.


Para mais informações sobre Fernando da Ponte e Sousa e sua obra consultar, então, o referido blogue. Apenas acrescentamos que esta peça regressou a “casa” depois de, sabe-se lá quantos anos, viver nos Estados Unidos da América onde foi comprada por nós via net.

2 comentários:

CMP* disse...

Hummm... Estou a reconhecer esta moça de algum lado.

;-)

CMP*

AM-JMV disse...

Talvez do Bolhão, da Ribeira ou de Mishawaka - Indiana!
;-)