domingo, 13 de outubro de 2013

Pinguim art déco - Sacavém

Hoje aproveitamos para dar notícia da constituição oficial da Associação dos Amigos da Loiça de Sacavém (AALS), registada, no dia 17 de Abril de 2013, na Conservatória do Registo Comercial de Lisboa, cuja formalização se arrastava desde 2007, por motivos burocráticos que não cumpre aqui esmiuçar. Foi também neste sentido divulgador que se reuniram ontem, pelas 15 horas, no auditório do Museu de Cerâmica de Sacavém, alguns dos elementos fundadores e outros apreciadores e curiosos da produção cerâmica da fábrica. Esperamos uma longa e frutuosa vida à novel associação que homenageamos hoje em fato de cerimónia.


Escultura art déco de faiança moldada em forma de pinguim estilizado, de cor branca com apontamentos a preto na cabeça, asas e patas aplicados sobre o vidrado. No fundo da base, carimbo verde Gilman & Ctª – Sacavém e Made in Portugal. Pintado à mão, a preto, 1 ou L.
Data: c. 1930-40
Dimensões: Alt. 18,3 cm


Mais ou menos estilizada, a escultura animalística integrou durante o período art déco o repertório de grande parte das fábricas de cerâmica tanto nacionais como estrangeiras. Sacavém e Vista Alegre talvez tenham sido das que maior variedade de modelos apresentaram entre nós, embora esse estudo esteja por fazer. Ambas as fábricas produziram modelos, se não na totalidade, pelo menos na sua grande maioria, importados, numa gramática liberta de cânones naturalistas. Uns mais cubizantes, outros mais caricaturais e humorísticos e próximos do universo da banda desenhada, dentro do espírito da época. 


No exemplo que ilustramos, a figura de pinguim apresenta uma interessante depuração da forma, moldada em arestas suavemente arredondadas, e na aplicação da cor preta, que nas representações deste tipo de ave normalmente cobre todo o dorso. Neste exemplar, dorso e asas são estilizados intencionalmente ao ponto de se assemelharem a uma capa sobre os ombros da figura, correspondendo o preto ao forro interior. Nas patas, a mesma cor sugere um pinguim calçado e de polainas. 


Veja-se o exemplar da mesma espécie editado pela Vista Alegre, marca nº 31 (1924-1947), que retirámos do sítio «Avaluart» com o qual apresenta algumas afinidades. Embora também estilizado, a aplicação do preto deu-lhe um toque mais naturalista.

Anos mais tarde, sobretudo na década de 1960, vai-se difundir uma variante de fraque e cartola que aterrou em quase todos os frigoríficos deste país.

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