quinta-feira, 19 de abril de 2012

Jarra Art Déco de Géo Condé - K & G – Luneville - França



Jarra de meia-porcelana moldada, produção da antiga fábrica Keller & Guerin em Lunéville, de c. 1925 – 30, de forma japonisante de base quadrangular abrindo em panos curvos, évasés, em direcção ao bocal. Decoração intercalada de pássaros (um deles é um psitacídeo) e plantas exóticas, no estilo art déco de Géo Condé autor de numerosas peças desta fábrica. Na base, carimbo preto, com coroa enquadrada por K G sobrepujando círculo onde se inscreve «demi-porcelaine - Lunéville», por baixo, «France». Inscrito na pasta, 7126.
Data: c. 1925 -1930
Dimensões: alt : 18 cm

Artista multifacetado, o francês Georges Jean Nicolas Condé (1891-1980), mais conhecido por Géo Condé, foi pintor, decorador, escultor, modelador, marionetista, músico e escritor. Trata-se de um dos nossos criadores de eleição, um dos importantes divulgadores da Art Déco junto do grande público, que soube aliar uma produção mais refinada para os Frères Mougin à produção de massas em fábricas que serão os equivalentes em França, quanto a nós, à Fábrica de Loiça de Sacavém.




Nascido em Frouard, na Lorena, a 25 de Junho de 1891, Georges Condé entrou contra vontade na Escola de Arquitectura de Bruxelas, mas nunca exerceu a profissão de arquitecto. Mobilizado em 1914 foi piloto aviador até ao fim da guerra. Dedicava-se, então, à pintura assinando Géo Condé.
Casado, em 1917, com uma prima, Marguerite Baudot, é pai de um rapaz em 1920. Este facto será marcante na sua vida de artista pois ambiciona encantar o seu público, tanto adulto como infantil.
Entretanto, acabada a guerra, a partir de 1919, frequenta os cursos nocturnos da Escola de Belas-Artes de Nancy.
Contratado, em 1922, com 31 anos, por Èdouard Fenal, proprietário das três fábricas de Lunéville, vai trabalhar para a Manufactura de Lunéville - (antiga) Keller et Guérin. No ano seguinte, trabalha sob a direcção dos irmãos Mougin (Frères Mougin) que aqui instalam o seu atelier de grés nesse ano. Graças aos seus talentos como decorador e modelista, acaba por trabalhar para três fábricas: Lunéville (K & G), Saint-Clément e Badonviller, até 1939, data em que é novamente mobilizado. Teremos oportunidade de mostrar alguns trabalhos seus para estas fábricas.
No atelier Frères Mougin começa a trabalhar o grés, para quem assinará 28 modelos de jarras, fazendo, simultaneamente, trabalhos para as outras fábricas. Aliás, peças de grés editadas pelos Frères Mougin são igualmente produzidas em faiança pelas fábricas Lunéville e Saint-Clément de que foi, a partir de 1936, conselheiro artístico.
Moldou figuras humanas e animais, jarras e outros objectos, para além de decorações, dentro do estilo Art Déco. Os seus temas figurativos são muito estilizados, preferindo criações de inspiração exótica, caso da jarra que hoje mostramos (ver foto de jarra da mesma série orientalizante, com um chinês, na obra En pays lunévillois: l'histoire de la faience au XX éme siècle), ou popular, passadas pelo filtro de um cubismo despretensioso, mas muito decorativo.



A partir de 1939 abandona definitivamente o campo da cerâmica e, no Pós-Guerra vai desenvolver as suas actividades de criador marionetista, já começadas em 1934, quando fundou o Teatro de Marionetas do Grupo de Estudantes Católicos de Nancy.
Em 1947 cria a sua própria companhia: Le Théâtre de la Maison de Lorraine que dura até 1967. A par destas actividades, continua a pintar e a escrever.

3 comentários:

Sandra Pena disse...

Meia porcelana é o mesmo que porcelana de pasta tenra? Não conheço o termo semi porcelain mas foi esta a relação que encontrei.
Muito boa informação como sempre!

AM-JMV disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
AM-JMV disse...

Boa noite Sandra,
Obrigado pelo seu comentário.
Se calhar não seremos as pessoas indicadas para a esclarecer, visto que dominamos muito pouco as questões técnicas relacionads com as diferentes pastas cerâmicas. Todavia, a meia-porcelana, "também conhecida por loiça feldspática ou louça dura, é um aglomerado de argila plástica enriquecida com quartzo mas pobre em ferro e caulino". Mais, a meia-porcelana é também conhecida por porcelana opaca ou faiança fina. Tudo isto segundo o Dicionário de Cerâmica de Celestino M. Domingues. No entanto, as tentativas de imitação da porcelana chinesa feitas na Europa no séc. XVI levaram à criação de produtos de substituição, como a porcelana tenra. Só a descoberta, no séc. XVIII, do caulino levou à criação da porcelana dura, hoje a mais comum e prestigiada. Esperamos ter esclarecido alguma coisa.

Cumprimentos