Jarra de grés, moldada em forma de pote quase
cilíndrico estreitando no bocal, com decoração ao gosto art déco estampilhada e aerografada de leques, sobrepostos em
escama, em castanhos e cremes, com realces a ouro/latão no contorno do desenho,
dando à peça um aspecto metalizado como se fosse dinanderie. Na base, carimbo amarelo: FLAMBÉ Rörstrand – ALP – modell Nylund; Lidkoping SWEDEN DEKOR OLSON 4652. Inscritas na pasta três estrelas.
Data: c. 1932-35
Dimensões: alt. 19 cm
Face à concorrência da linha Argenta criada por Wilhelm Käge para a Gustavsberg (ver post
dedicado a este assunto), a fábrica sueca Rörstrand viu-se confrontada com a
necessidade de criar uma linha de luxo equivalente. Assim, surge a linha Flambé, criada por Gunnar Nylund (1904-1989), denominação
francesa para titular um tipo de chamota de grés flamejado, com aspecto de metal
martelado e colado pelo fogo, formalmente próximo do trabalho em dinanderie, com os diferentes “metais”
separados por uma linha a ouro. No caso da presente peça, a forma criada por Nylund, na sua excepcional qualidade técnica, recebeu a decoração nº 4652
de Olson. A decoração em escamas é muito característica da Art Déco, sendo recorrente nas produções
internacionais da época. A jarra é um exemplo perfeito da «Swedish Grace» no
seu design depurado e na sua
decoração neoclassicizante simplificada. Neste caso, com um toque de exotismo
japonizante.

Em
1926 a Fábrica Rörstrand saiu de Estocolmo, onde havia sido fundada em 1726,
para se instalar em Gotemburgo. Nos inícios dos anos 30, em 1932, a
produção da fábrica expandiu-se para Lidköping, para onde, cinco anos mais
tarde, a totalidade da unidade fabril se mudou. O logotipo ALP, que a jarra apresenta, aplicado
nas produções cerâmicas daquele período manteve-se até 1943.
Quando em 1931 Gunnar Nylund foi
nomeado director artístico da Fábrica Rörstrand,
era já um conhecido designer de cerâmica da fábrica dinamarquesa Bing &
Grøndahl, em Copenhaga, onde trabalhou de 1925 a 1928. A partir desta data
passou a trabalhar com a química Nathalie Krebs, criando um atelier cerâmico
que, em 1930, viria a tornar-se na célebre fábrica Saxbo, que continuou a
produzir os seus grés até 1932. Nylund trabalhou para Rörstrand de 1931 a 1955,
na maioria do tempo enquanto seu director artístico. Neste período, durante
cerca de um ano, em 1937-38, regressou à Bing & Grøndahl como director
artístico.
O designer nasceu em 1904, em Paris, onde
os pais estudavam, de mãe dinamarquesa, a artista Fernanda Jacobsen-Nylund e
pai fino-sueco, o escultor Felix Nylund. Em 1907 a família mudou-se para
Copenhaga e daí para Helsínquia. Quando a guerra civil eclodiu na Finlândia, em
1918, Gunnar fugiu com a mãe para a Dinamarca. De regresso a Helsínquia, em
1923 terminou o estágio em Arquitectura e Cerâmica, tendo continuado estudos de
arquitectura na Academia Real Dinamarquesa de Belas Artes, em Charlotteborg,
Copenhaga. Em simultâneo pratica escultura como assistente de seu pai, que o
encoraja na animalística.
Nylund faz alguns
trabalhos para a Bing & Grondahl expôr na exposição de Artes Decorativas de
1925, em Paris, cujo sucesso lhe grangeou um contrato permanente com a fábrica.
Aí, o seu mentor foi Jean Gauguin, filho do célebre pintor, cria um
sem-número de peças que o tornam conhecido. A actividade criativa posterior
evoluiu num crescendo, tornando-o num dos grandes mestres do design escandinavo.