quinta-feira, 12 de julho de 2012

Jarra art déco com mariposas da Aleluia-Aveiro


Jarra de faiança moldada com decoração policroma, estilizada e geometrizada ao gosto art déco, parcialmente estampilhada e com detalhes manuais, num motivo triplamente repetido de mariposa, de asas ligeiramente abertas, pousada sobre flor. De permeio, motivos vegetalistas, com destaque para uma jovem folha de feto cujo desenrolamento sobressai entre cada insecto. As cores frias do azul e verde, realçadas por contornos a preto e pelas reservas a branco remetem para a noite e definem o fundo vegetalista e as asas da borboleta nocturna. São quebradas pela presença solar de uma grande flor amarela, quase que um resplendor enquadrando a cabeça e antenas do insecto, e pelo seu abdómen acastanhado. Na base, pintado à mão a preto, F.ca Aleluia = Aveiro =. Inscrito na pasta 31.
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 27 cm



Infelizmente, esta jarra tem o bocal partido e foi alvo de uma tentativa de adaptação a candeeiro. Não deixa, no entanto, de constituir uma das nossas peças predilectas, dada a originalidade da sua decoração. Arriscamos mesmo dizer que estamos na presença de uma das mais originais composições cerâmicas art déco realizadas em Portugal. Pelo menos, até agora, não encontrámos qualquer paralelismo em criações estrangeiras, apesar de reconhecermos elementos recorrentes noutras composições art déco, caso da folha de feto que desabrocha, dos círculos ou dos zig-zagues. Uma vez mais, estamos perante uma criação original concebida pela Aleluia-Aveiro. Esta sabiamente soube copiar, digerir e reformular um vocabulário que, vindo de fora, ganha aqui contornos nacionais, até na própria técnica pictórica que, de certa maneira, se aproxima da pintura de azulejos. Mas sobretudo, e isso será, quanto a nós, o mais surpreendente, a pintura pretende imitar os efeitos dos esfumados que a utilização do aerógrafo produzia. Técnica esta muito usada pela concorrente Sacavém e sua sucursal nortenha do Carvalhinho que, por sua vez, seguiam os modelos alemães. Tanto quanto conhecemos, a Aleluia-Aveiro não parece ter associado tal técnica à estampilha.

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