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domingo, 24 de junho de 2012

Figura de peixe art déco - Sacavém


Figura de peixe de faiança moldada e relevada, estilizada dentro da gramática art déco, assente sobre soco saliente, escalonado e ondulado. A peça, pintada a aerógrafo num monocromo verde-claro seco, apresenta escorrências que lhe conferem apontamentos mais escuros. Na base, carimbo verde Made in Portugal e, inscrito na pasta, LM 52 Sacavém
Data: c. 1935-40
Dimensões: Comp. c. 29 cm x alt. 22 cm x larg. c. 8 cm


Da relativa variedade de escultura decorativa animalista produzida pela Fábrica de Loiça de Sacavém (FLS), esta figura de peixe, sempre nos agradou de uma forma muito particular. Talvez pela estilização angulosa da peça, que diríamos “cubista”, e que lhe confere um aspecto quase caricatural, ou simplesmente, de uma maneira egoísta, porque não conhecemos outro exemplar para além do nosso.


A ficha, que acompanha a fotografia depositada nos arquivos do Centro de Documentação Manuel Joaquim Afonso do Museu de Cerâmica de Sacavém, cuja cedência de imagem agradecemos, indica ser um modelo criado por «Pintor Reis». Ficamos sem saber se «Pintor» é profissão ou apelido, pois não figura na listagem dos colaboradores da FLS, e dele nada conseguimos apurar.

Aparece mencionado nas tabelas de preços de faianças decorativas de 1945 e 1951 sob o nº 198, o que nos leva a crer que a sua produção se iniciou ainda na década de 30, dadas as características vincadamente art déco, e se extinguiu na década de 50. O que nos espanta é o preço deste tipo de peças à época da sua produção. Eram objectos decorativos caros e, por isso mesmo, destinados a um mercado muito circunscrito e daí, talvez, a sua raridade. Só a título de exemplo, na tabela de preços de Novembro de 1945, um exemplar colorido sem ouro custava 141$00, um preço exorbitante para a época, face aos salários médios praticados.


Aliás, a maioria dos exemplares que conseguimos reunir da lavra de escultura decorativa animalista da FLS, e não só, felizmente para nós, pertence ao grupo que denominámos na nossa gíria pessoal “da época boa” da produção inicial Art Déco da fábrica. Passamos a explicar uma lógica de raciocínio que ainda não está comprovada, e que, enquanto tese, carece de uma investigação mais aprofundada. A quase totalidade das esculturas de animais apresentadas, e outras que haveremos de mostrar, têm na base o carimbo oval «Made in Portugal». Portanto, exemplares que se destinavam também à exportação. Outra característica comum a quase todos eles: inscrito na pasta, o nº 52. Quando se reúnem estes dois elementos na mesma peça estaremos perante exemplares de excepção dentro da primeira linha produtiva Art Déco da FLS.