Jarra de faiança moldada, de forma ovóide e bocal
saliente, de esmalte craquelé branco com
decoração policroma de motivos geométricos que se estilhaçam sobre a superfície
numa composição art déco de grande
dinamismo, segundo a técnica da corda seca.
Trata-se da forma nº 975 e da decoração
nº 1210. Na base, sem marca, D. 1210 a preto e 15 a cinza, escritos à mão.
Data: 1928
Dimensões: alt. 30 cm
Em 2001, Bruxelas, apesar de ser Outono, estava
cheia de sol. Junto ao Sablon, encontrámos uma loja especializada em cerâmicas
Boch Frères Keramis, mas que também vendia outras marcas belgas e europeias.
Uma tentação para os sentidos, e nós perdidos naquele fio de tempo pleno de
memórias lamentando não ser ricos como o americano que levava um caixote
repleto das mais espectaculares obras saídas do Atelier de Fantaisie de Charles Catteau.
Saímos com duas peças. Já não foi mau.
A produção da Manufactura
Boch Fréres Keramis produziu das mais deslumbrantes e originais peças do
período art déco, em faiança e
grés, tendo também produzido vidros decorativos.
As suas peças craquelés esmaltadas em cloisonné,
influenciadas pela produção de Longwy, são de uma enorme riqueza formal, sendo
mais criativas, inovadoras e diversificadas, sem, todavia, atingirem a
perfeição técnica desta. Já no grés a conversa será outra.
Charles Crépin Nicolas Catteau (1880- 1966),
nasceu em Douai, em França, de pai belga. Faz a sua formação na Manufactura
Nacional de Porcelana de Sèvres, onde se tornará decorador a partir de 1902. Dois
anos depois é contratado pela Manufactura de Porcelanas de Nymphenburg, perto
de Munique, que abandona em 1906 dado ter sido convidado para trabalhar na
Manufactura Boch Fréres Keramis, em La Louvière, Bélgica, como criador de
formas e decorações. Contudo, rapidamente se desdobra em professor, químico,
engenheiro, director artístico e coordenador de boa parte da produção da Boch
Frères.
Entre 1920, quando cria ou reformula o
atelier artístico da fábrica, o Atelier
de Fantaisie, e inícios de 1940, concebe ou está intimamente associado à
criação de mais de 2300 decorações e de cerca de 550 formas, não só produções
próprias do seu atelier de arte cerâmica mas também outras produções da
manufactura.
Em 1954 abandona a empresa onde era director
artístico. A sua carreira acaba nas fábricas cerâmicas de Orchies e
Fives-Lille, em França.