Jarra
de faiança moldada, de forma ovóide, com decoração de figuras relevadas de
archeiros, em diferentes posições, caçando grandes aves. A monocroma cor mate
de um laranja forte foi aplicada a aerógrafo. Na base, carimbos a verde Gilman
& Ctª – Sacavém - Portugal e Made in
Portugal numa oval. Inscrito na pasta 52 BN Sacavém.
Data: c.1935Dimensões: Alt. c. 23,5 cm
Graças à pesquisa efectuada no acervo do MCS-CDMJA, cuja colaboração agradecemos, ficámos a saber que a jarra aparece referenciada sob o nº 29 nas tabelas de preços de faianças decorativas de 1941 e 1945, onde é designada como «Jarra caçadores em relevo nº 4» s/ouro, nas de 1951 e 1961«Jarra caçadores, em relevo» onde já nos aprece mencionada com ou sem ouro e na de1958 aparece apenas como «Jarra caçadores» c/pinturas especiais. O número 29 aparece igualmente associado ao formato representado no catálogo, de traço ingénuo desenhado à mão, de jarras da FLS, de c. 1930, que também ilustramos, que tem a particularidade das figuras aparecerem posicionadas no sentido contrário.
Foi este modelo e cor fonte de inspiração para a capa da tabela de preços de 1941. E, curiosamente, essa ilustração, recortada e colada, foi utilizada para compor a capa da nova tabela de preços de 1945.
As semelhanças com a célebre jarra de René Lalique são óbvias e têm sido várias vezes referidas. Encontramos, ainda, similitudes com alguns baixos-relevos ou pinturas egípcios. Embora as representações de archeiros egípcios que conhecemos nos apareçam de pé, como os caçadores representados na jarra de Lalique, a pose hierática, simplificada e sequencial das figuras da jarra de Sacavém, embora ajoelhadas em diferentes posições remetem para a arte egípcia. Note-se que cada uma das figuras, nuas ou quase, para além da diferenciação na pose, apresentam diversas características rácicas e diríamos também culturais, insinuando pertencerem a povos distintos. Também as aves são ligeiramente diferentes no desenho.
Das
várias versões cromáticas da jarra que possuímos esta é a mais elegante, e faz,
certamente, parte “da época boa” da
produção inicial Art Déco da fábrica
a que já aludimos, como nos indicia o nº 52 inscrito na pasta e o carimbo de
exportação. É ligeiramente mais pequena que as outras, sendo o relevo das
figuras mais evidente e pormenorizado, o que, associado à intensa cor quente e
mate contribui para lhe dar uma presença notável.
4 comentários:
Olá AM-JVM,
excelente artigo.
Esta versão monocromática laranja, é sem dúvida muito mais interessante do que a mais vulgar, branca com pintura a ouro.
Saudações,
CMP*
Cara CMP,
Muito obrigado pelo elogio. Curioso o seu comentário, já que, simultaneamente, estávamos a preparar os posts relativos às outras duas versões que possuímos de modo a fazer ressaltar, ainda mais, essa evidência.
Cumprimentos
Há ainda outra, branco marfim com as figuras de cores várias
Olá Paulo,
Para além das cores que referimos, conhecemos também essa e outra verde-água. Não o referimos porque MAFLS já o diz e em dado momento remetemos para o seu blogue. Estamos em crer que também existirá uma versão castanho-mel, a avaliar por outros modelos coetâneos que haveremos de postar. Se entretanto tiver conhecimento de mais alguma versão cromática, agradecemos que nos diga. É mais informação que se acumula. Muito obrigado.
Cumprimentos
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