Açucareiro, de faiança moldada, de forma esférica
com decoração geométrica estampilhada em tons de azul-escuro, sobre fundo azul-claro
esponjado, apresenta linhas art déco modernistas
filiadas na Bauhaus. A tampa, composta por dois semi-círculos desnivelados é
atravessada por pega semi-circular composta por três semi-círculos relevados e
concêntricos. Bordos da taça e da tampa esponjados a azul-escuro. Na base, carimbo preto com SMF inscrito
em escudo sobrepujando Schramberg, e Dec: 548. Inscrito na pasta 3844
Data: c.
1930Dimensões: Alt. 12 cm x diâm. 11 cm
A compra deste açucareiro, atribuído a Eva Stricker Zeisel, deveu-se apenas a possuirmos as chávenas de Sacavém anteriormente postadas e atraiu-nos mais que os pires aí ilustrados. E se a sua forma mais vanguardista pouco tem a ver com a do formato Aldeia, é interessante possuir a decoração original e a sua versão portuguesa. Se ao nível da forma a peça alemã é mais harmoniosa, pelo rigor geométrico, ao nível da decoração a versão aerografada da FLS agrada-nos mais que a estampilhada manualmente.
Com
origens que remontam a 1820, a fábrica de Schramberg teve vários nomes e
proprietários, chegando, em 1883, a integrar, como subsidiária, a Villeroy e
Boch em Mettlach. Em 1912 foi vendida aos irmãos Moritz e Leopold Meyer, de
origem judaica, passando a marca a ostentar a sigla SMF (Schramberger Majolika-Fabrik), passando a
companhia limitada em 1918.
Nos anos 20 a empresa vai apostar
na inovação artística contratando artistas de renome. Esta renovação ganha mais
fôlego no final da década com participantes da Bauhaus e também acentuando uma vertente mais Art Déco.
Por
força das perseguições nazis a família Meyer, em 1938, emigrou para o Reino
Unido. Em 1949, Peter Meyer, filho de Moritz, nascido em 1922, voltou com sua
família para Schramberg retomando a propriedade e direcção da fábrica com
sucesso.
Tendo
estudado pintura em Budapeste acabou por ser atraída pela cerâmica tradicional
húngara, tornando-se ceramista. A sua visita, em 1925, à Exposição
Internacional das Artes Decorativas e Industriais Modernas, em Paris, pô-la em
contacto com os trabalhos de Le Corbusier e os movimentos modernos, caso da Bauhaus.
A entrada
em Schramberg transformou-a de ceramista de estúdio em designer industrial.
Em
1935 encontra-se a trabalhar em Moscovo como directora artística da indústria
de porcelana e vidro da República Russa. Presa em 1936 por acusação de conspiração
contra Estaline, passou 16 meses na prisão, sendo libertada em 1937 sem
qualquer explicação. Parte para Viena de onde foge em 1938 aquando da entrada
dos nazis na Áustria. Refugiada na Inglaterra, haveria de casar com Hans Zeisel, que conhecia de Berlim, com quem
emigrará para os Estados Unidos nesse mesmo ano, país onde terá uma longa e
profícua carreira de sucesso que lhe granjeou fama internacional. Morreu em Nova
Iorque a 30 de Dezembro de 2011.
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