Escultura art
déco de porcelana moldada, de cor branca com apontamentos a ouro na base.
Representa um homem, sentado sobre um cepo de árvore, que toca violino e uma
mulher igualmente sentada, a um nível inferior, no solo. O conjunto assenta
sobre uma base oval escalonada em três níveis com realces a ouro. Atrás da
figura masculina, inscrito na pasta, C. Werner. No fundo da base, carimbo verde
com leão «Hutschenreuther,
Selb Bavaria, Abteilung für Kunst»
Data: c. 1927 (carimbo 1920-1938)
Dimensões:
Alt. 21 x comp. 23 x larg. 14,5 cm
Trata-se do modelo nº 0906/1 do catálogo de 1927,
pág. 33, da fábrica alemã
Hutschenreuther, da autoria de Carl
Werner, intitulada «Adagio».
Versão art
déco de uma cena galante setecentista, com ecos das porcelanas de Meissen
de então, a peça escultórica é de uma fragilidade extrema. Elegantes e mundanas,
as personagens parecem envergar trajes de cena. A teatralidade da representação
é realçada pela depuração e pelo amaneiramento das formas, estilizadas e
tendencialmente geometrizadas, a que as mãos, de enfática modelação, acrescem ainda
maior intensidade ao movimento barroco de toda a composição. Diríamos estar
perante uma peça que é um meio-termo entre duas expressões escultóricas e
estéticas do Art Déco germânico dos
anos 20: o neo-barroco extremado de Paul Scheurich (1883–1945), para
Meissen e KPM, e a estilização moderna de Gerhard Schliepstein (1886-1963),
para Rosenthal.
O ritmo lento da música, já que se trata de um adágio,
acentua a delicadeza desta cena intimista, em que à concentração do músico
correspondem os gestos graciosos da mulher que provavelmente canta.
Carl Werner
(1895-?) nasceu em Rudolstadt, na Turíngia. Trabalhou sob a orientação de seu
pai, entre 1910-1914, na fábrica de porcelana de Aeltesten Volkstedter. Depois
da Primeira Guerra Mundial estudou na Kunst-Hochschule de Weimar. De 1922 a 1960
trabalhou como escultor e director técnico do departamento de arte da fábrica
de porcelana Lorenz Hutschenreuther.
Especialista no movimento e na expressividade do
corpo humano, o seu talento, enquanto escultor, muito contribuiu para o
reconhecimento internacional da produção artística da fábrica.
Comprámo-la há alguns anos em Berlim, na
Suarezstrasse, artéria onde se concentram antiquários de vários géneros. E não
hesitámos entre uma versão monocroma branca, que encontrámos numa das lojas, e
esta, com subtis apontamentos a ouro, que descobrimos noutro estabelecimento
próximo.
Transportá-la para Portugal é que se revelou
complicado dada a fragilidade da peça. Mas são estes pequenos episódios que
tornam as férias ainda mais interessantes.