Jarra art déco de grés
porcelânico, modelada em forma de balaústre, de cor verde-bronze antigo mate, com
decoração de flores estilizadas, a branco-mosqueado igualmente mate, de corolas
poligonais irregulares, raiadas a partir de centro circular. As flores, de diferentes
tamanhos, serpenteiam de um só lado subindo pelo bojo, num esmalte espesso
delineado a corda seca. Bocal saliente em forma de anel liso. No fundo da base,
pintado à mão, a castanho, «Raoul Lachenal».
Data: c. 1920
Dimensões: Alt. 18 cm
Trata-se de
uma peça bem exemplificativa do abandono da estética Art Nouveau por Raoul Lachenal que, mantendo o japonismo, aligeira
e geometriza a decoração de acordo com os novos cânones que a exposição de
Paris de 1925 haveria de sintetizar. Uma estética que, na sua simplificação de
formas e decorações, oscilou entre o culto do objecto único e irrepetível e a
produção seriada para consumo mais alargado.
Claramente
influenciada pelas formas e decorações do Extremo Oriente, esta jarra remete
igualmente para os trabalhos de bronze dessa região e para a dinanderie tão em voga na França à
época.
A técnica do petit feu utilizada por este ceramista,
que integra um grupo menos preocupado com a tradição, procura a renovação da
arte milenar da cerâmica graças a novas experimentações mais abertas ao tempo
que passa, às modas ou à própria personalidade dos criadores. (Edgar Pelichet –
La Cèramique Art Déco, 1988).
Dado o esmalte
verde-bronze não recobrir uniformemente a superfície da jarra, transmite a
ilusão de uma pátina antiga, de matéria envelhecida e suja pelo tempo, ideia
retomada no branco-mosqueado das flores, o que confere à peça um requinte e uma
sumptuosidade de grande expressividade.
Raoul
Lachenal, percebendo o seu tempo, foi dos poucos grandes ceramistas mundiais, a
par de Bonifas, que, sem abdicar da peça artística e única, procurou produzir
seriados.
Um aparte: quando,
na nossa colecção, integramos peças Arte Nova japonizantes, pretendemos
ilustrar, para nosso gozo pessoal, a evolução de um gosto que marcou
indelevelmente a estética ocidental e a Art
Déco em particular, de que esta
jarra é um modelo exemplar.