Prato de cozinha de faiança moldada, formato
circular com aba larga e lisa. Decoração central estampilhada e arerografada,
aplicada sobre o vidrado, com duas folhas de videira estilizadas e de cores
lisas, uma a roxo parcialmente sobreposta a outra azul acinzentado, cercadas
por pontilhado disperso e gavinhas da cor da última, sobre fundo branco, Aba
com barra aerografada a roxo que se esfuma em direcção ao centro. Na base,
carimbo verde Gilman & Ctª – Sacavém – Portugal, X e, inscrito na pasta,
4FN Sacavém.
Data: c.
1930
Dimensões: Diâm. 39 cm x alt. 5,4 cm
As
nossas colecções de cerâmica apostam, sobretudo, na produção e criação
industrial da primeira metade do século XX. De uma forma mais sistemática (não
tanto quanto gostaríamos, porque nem sempre é possível, por diversos factores que,
por vezes, nos ultrapassam) de fábricas nacionais, com destaque para Sacavém,
Vista Alegre e Aleluia-Aveiro, mas também para alguma produção de diversas
fábricas europeias, sobretudo alemãs e francesas. E se umas peças foram
concebidas por designers então já
reconhecidos, ou que hoje são valorizados, outras são produções anónimas que
divulgaram junto do grande público as tendências, mais ou menos modernas, mais
ou menos vanguardistas, que os tempos iam introduzindo e de que a Art Déco congregou e sintetizou de
maneira mais facilmente apelativa.
Hoje
apresentamos mais um desses objectos banais de uso quotidiano, cuja qualidade
está para lá do mero valor artístico ou económico. Um vulgar prato de cozinha
constituía-se como veículo introdutor de uma modernidade que assim entrava pela
cozinha e era servida à mesa mais popular. Este prato de cozinha apresenta o maior tamanho produzido pela FLS (ver MAFLS).
Trata-se da decoração nº 602 do catálogo
de desenhos da Fábrica de Loiça de Sacavém, que aqui reproduzimos, embora em
outra variante cromática, existente no Centro de Documentação do respectivo
Museu (MCS-CDMJA), cujos créditos e colaboração agradecemos.
Já
aqui dissemos que a técnica da estampilha aliada ao aerógrafo veio facilitar, a
baixo custo, a produção de objectos esteticamente apelativos, seguindo as tendências
do momento. E se foi a Alemanha que melhor soube explorar essa modernidade da
forma mais arrojada que estas técnicas permitiam, vão ser técnicos alemães que
nos finais dos anos 20 e inícios da década seguinte rumam a Portugal e se
instalam na Fábrica de Loiça de Sacavém onde as vão aplicar. Temos vindo a
mostrar alguns exemplos, até mais vanguardistas que o modelo de hoje, mas todos
reveladores de uma mudança que paulatinamente ia alterando o olhar, pouco
cultivado, da grande maioria da população portuguesa.
Sem comentários:
Enviar um comentário