Conjunto
para chá composto por três peças – chávena, pires e prato para bolo – de
porcelana branca com decoração policroma estampada, dentro da gramática art déco.
As abas e o seu correspondente interior na chávena são decorados por um friso onde
composições florais, a azul, de estilização geométrica, alternam com meias-flores,
a ouro, também estilizadas, (em número de quatro na chávena e pires, e de cinco
no prato) que como sóis nascentes despontam por detrás de faixa que circunda o
covo. Esta é cor-de-rosa delimitada por filetes a vermelho e exteriormente
circundada por filete a ouro. Filete também a ouro circunda o bordo das peças. Um
círculo, a ouro, marca, ainda, o fundo da chávena. Esta, de bojo contracurvado
que ostenta zig-zag relevado na parte inferior, assenta sobre pé saliente
delimitado por filetes a ouro. A asa, também contracurvada, em três segmentos,
é realçada a ouro pelo exterior, apresentando a parte interior do segmento
intermédio a vermelho. No
fundo da base e comum às três peças, carimbo verde Edelstein-Bavaria, acrescido, na chávena, de 4194 e 39, pintados à
mão a ouro, no pires, de “THEA”, certamente o nome do modelo, carimbado a verde
e 4194 e 39, carimbados a ouro, no prato para bolo 4194 e 0 igualmente
carimbados a ouro.
Data: c. 1925-30Dimensões: prato de bolo Ø 19,5 cm, pires Ø 15,5 cm, chávena: alt. 5,5 cm
Este conjunto para chá que hoje apresentamos será o primeiro de uma série de diferentes modelos e fábricas, de porcelana, que tencionamos mostrar. Na sua incrível variedade, imaginação e, por vezes exacerbamento das formas e decorações, representam bem o espírito dos “loucos anos 20” da burguesia alemã. Um contraponto à produção da faiança para consumo de massas socialmente implicado e, de alguma maneira, uma afirmação de classe. No entanto, ambas comungando de um desejo de modernidade e alegria e pressentindo-se efémeras.
O desejo de esquecer a Guerra e o receio de um
futuro que se mostrava incerto, partilhado por toda uma geração que nela
participou, levou a uma explosão de criatividade sem precedentes, dando um novo
sentido ao conceito clássico do carpe
diem. Se esta explosão criativa foi mundial, na Alemanha atingiu uma
intensidade que, por vezes, raiou o irracional. Esta é uma das razões de ser da
nossa atracção e fascínio pela criação artística da República de Weimar. Aqui
restringida, evidentemente, à cerâmica. Desde a racionalidade mais fria da
Bauhaus ao Art Déco mais excêntrico.
Sobre a fábrica Edelstein já aqui expusemos o pouco
que sabemos em post anterior.
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