Mais uma das placas que compõem a série “Os 12 Trabalhos de Héracles”, no caso “Héracles e o Leão de Némea”. Placa quadrada, de cerâmica moldada, simulando bronze, de verdete manchado, tendo os contornos angulosos das figuras a bronze dourado como se houvesse desgaste no metal. Representa um nu masculino lutando com um leão apostos sobre três quadrados concêntricos em degraus, dentro de uma gramática art déco. Junto à pata inferior do leão, inscrito na pasta, G. No tardoz, inscrito na pasta, à mão, APAR e Nº 3.
Data: c.
1935-45
Dimensões: Alt. 28,5 cm x larg. 28,5 cm x
espessura 0,9 cm
Ao contrário da placa anteriormente apresentada, não
só o trabalho dos esmaltes é nesta peça muito superior, sendo perfeita a ilusão
que se trata de uma placa de bronze, como a forma representa um quadrado regular,
ligeiramente menos espesso. Estamos em crer que será de uma fornada mais antiga
que a primeira, dada a qualidade geral da mesma: nitidez de composição, tipo de
esmaltes, para além de se encontrar marcada no tardoz e, à frente, portar a
inicial do seu autor, o G indiciando
Donald Gilbert como seu presumível escultor. A opção pela simples inicial do
nome, por oposição ao «Gilbert Sc» com que costumava assinar as suas criações,
foi certamente deliberada face a uma excessiva presença numa superfície quase plana.
Filho do mortal Anfitrião e de Alcmena, Héracles é, na
verdade, filho de Zeus, e daí a ira da mulher deste, Hera, contra o herói, pelo
que terá engendrado os Doze trabalhos. Mais uma vez sem entrar em grandes
detalhes sobre o mito, que também tem diversas variantes, o leão de Némea é um
monstro irmão de outra conhecida monstruosidade, a célebre Esfinge de Tebas. Filho
de Ortro e Equidna, terá sido uma criação de Hera que o colocou na região de
Némea onde devorava habitantes e gado. Héracles ficou hospedado em casa de um
humilde agricultor, Molorco, a quem o leão tinha devorado o filho. Em jeito de
homenagem ao ilustre hóspede, Molorco quis matar o único carneiro que lhe
restava. Contudo, Héracles pediu-lhe que o mantivesse durante 30 dias, findos
os quais, se não regressasse da caçada ao leão, o deveria sacrificar em
sua memória.
O leão era invulnerável e vivia numa caverna com
duas aberturas. Fracassada que foi a tentativa de matar o leão com arco e
flechas, pois nem o ferro nem o fogo afectavam a sua pele, Héracles com o
auxílio de uma clava obrigou-o a entrar na gruta. Encerrou uma das aberturas e
com os braços estrangulou-o. Só com o auxílio das próprias garras do leão, conseguiu
esfolá-lo devidamente passando o herói a utilizar a pele como manto.
Como no trigésimo dia Héracles não regressasse, Molorco
tomou-o como morto e preparava-se para honrar o seu compromisso quando lhe
surge o herói vestido com a pele da besta. O carneiro foi, então, sacrificado a
Zeus Salvador, e no local do sacrifício Héracles decretou a criação dos Jogos
Nemeus em honra de seu pai. Depois levou os despojos do leão até Micenas e seu
primo Euristeu, espantado e assustado com tal proeza, proibiu-o de entrar na
cidade, ordenando-lhe que, a partir daí, deixasse os seus futuros despojos às
portas da cidade. Zeus incluiu o leão entre as constelações a fim de perpetuar
o feito do filho.
Embora não completando a totalidade dos
Doze Trabalhos, apresentamos as imagens das placas que integram as colecções do
Museu Nacional do Azulejo (MNAz), disponíveis no MatrizNet, onde se incluem os
dois trabalhos que possuímos, acrescidos de mais quatro, respectivamente: As Maçãs de Ouro
das Hespérides; Os Bois de Gérion; O cinto da Rainha Hipólita; O Touro de Creta.
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