Peça de faiança moldada representando um grupo
escultórico de três veados – macho, fêmea e cria – de pé sobre uma base plana
de recorte polifacetado irregular. As figuras apresentam uma estilização que
arriscamos dizer de raiz neo-cubista. De cor creme, as partes côncavas dos
corpos e orelhas, assim como olhos, focinhos e hastes, são realçadas a castanho
esponjado (?). No fundo da base, carimbo azul quadrangular, seccionado em
quatro partes com representação de jarra, sobrepujando «Aleluia Aveiro» e,
pintado à mão, «1004» «A».
Data: c.
1955-65
Dimensões: Comp. 21,2 cm x larg. 10,8 cm X
alt. 21 cm
Esta peça surge um pouco fora do contexto das nossas
colecções. Adquirimo-la por ostentar um carimbo distinto de todos os demais que
possuíamos. Naturalmente, também não fomos indiferentes à curiosidade da mesma.
A utilização de cervídeos para criar peças
decorativas escultóricas ou pictóricas tem uma longa tradição. No período Art Déco usou-se e abusou-se do tema, incluindo
aplicado à bidimendionalidade de objectos cerâmicos de vária ordem.
O apreço por estes simpáticos animais manteve-se no
tempo, reforçado que foi no imaginário popular graças a uma célebre figura do
cinema de animação, estreado em 1942, dos
estúdios Disney, a desprotegida figura
de Bambi que, em versão tridimensional de ferro - feito pelo serralheiro José Maria Tavares (1917-2010), encimou o alpendre da fachada da sapataria com o mesmo nome na Praça
Duque de Saldanha, 31, em Lisboa. Outros cervídeos também constam entre os
temas que configuram os célebres «entalados», apostos sobre entradas de
edifícios de c. 1940 a 60, (veja-se o exemplar da Rua Jacinto Marto, nº 2, no
gaveto com a Rua Passos Manuel).
Embora pudesse ainda estar presente a imagem do
filme referido, o conjunto aqui representado, foge, do ponto de vista
estilístico, às formas arredondadas das figuras do mesmo, apresentando estas uma
estilização angulosa, como que talhadas em facetas. Gosto que o próprio cinema
de animação da Disney vai reflectir nos finais da década de 50 (veja-se A Bela
Adormecida, de 1959).
Quanto a uma cronologia mais precisa da presente estatueta
decorativa da Aleluia-Aveiro, CMP, certamente, afinará melhor a sua datação, podendo
mesmo, eventualmente, conhecer algo sobre a sua autoria.
2 comentários:
Caros AM-JMV,
respondendo à vossa solicitação, acrescento que a datação da peça será entre 1965 e 1970. É de facto um tanto anacrónica, estilisticamente.
Saudações,
CMP*
(o makeover resultou lindamente. Estão fantásticos! :)
Cara CMP,
Sabíamos que podíamos contar consigo, por isso lançámos o repto.
(Quanto ao makeover ficou, efectivamente, perfeito!) ;)
Cumprimentos
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