segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

Jarra art déco quadrilobada com flores - Lusitânia - Coimbra



Esta semana estamos de parabéns! O Moderna Uma Outra Nem Tanto foi escolhido como o «blogue da semana» pelo Delito de Opinião. Responsabilidades acrescidas …


Jarra de faiança moldada, quadrilobada e lotiforme assente sobre pé saliente em calote oval, finamente craquelé, de cor creme com decoração vegetalista pintada à mão até dois terços do bojo. Sob o fundo creme, surgindo do bocal azul-escuro, em pinceladas rápidas, pendem folhas e flores de diversas plantas em dois tons de azul. Interior a branco. No fundo da base, pintado à mão a azul-escuro, Lusitânia Coimbra.
Data: c. 1930
Dimensões: Alt. 24 cm


A composição decorativa, pouco naturalista e algo ingénua, dinamiza a superfície de uma maneira que nos parece interessante e genuína. Cria cheios e vazios em contraponto com o despojamento da parte inferior deixada em reserva.

A vegetação como que transborda em desordem de uma jarra demasiado cheia. Parte da folhagem, lembrando fetos, na mesma cor do bocal, sugere zonas de sombra, servindo de repoussoir e dando assim maior profundidade à composição. Ambas as faces apresentam composições semelhantes, fugindo a uma expectável simetria, em que as duas flores, próximas de antúrios, repetidas nos lóbulos centrais e as duas flores dos lóbulos laterais, mais pronunciados, fariam prever. 



A pincelada rápida, espontânea, e as cores empregues remetem-nos para um gosto tradicional da azulejaria portuguesa em que o conjunto harmoniza e esconde muitas vezes a fragilidade do desenho. No entanto, nesta jarra a aparente espontaneidade da pintura é profundamente controlada, tornando a peça um bem conseguido exemplar do que, em nossa opinião, se poderia definir como uma estética art déco de raiz nacional.

Quanto ao formato, é seguramente importado, quase de certeza da Alemanha, como haveremos de ilustrar a propósito de uma outra jarra. É, sobretudo, pela forma que nos atrevemos a datá-la dos anos 30, dada a cronologia das suas congéneres estrangeiras. Sem certezas absolutas, evidentemente. E sem arquivos de fábrica para explorar …

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